64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
PREVALÊNCIA DE ANTICORPOS CONTRA Toxoplasma gondii EM OVINOS NO SUL DA BAHIA E IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO
Daniele de Santana Rocha 1
Luciana Afonso Guimarães 2
Rodrigo Alves Bezerra 2
George Rego Albuquerque 3
1. Depto Ciências Agrárias e Ambientais - UESC
2. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UESC
3. Prof. Dr./Orientador - Depto de Ciências Agrárias e Ambientais - UESC
INTRODUÇÃO:
A toxoplasmose é uma zoonose parasitária de comum ocorrência na população animal e humana, cujo agente etiológico é Toxoplasma gondii, protozoário coccídio que infecta animais homeotérmicos. Os felídeos exercem papel fundamental na disseminação deste agente por serem os hospedeiros definitivos. As vias de transmissão mais comuns são: a transplacentária, principalmente quando ocorre uma primeira infecção durante a gestação, a ingestão de cistos teciduais pelo carnivorismo, e a ingestão de oocistos esporulados em alimentos ou água contaminados. Nos animais de produção, tais como ovinos, a infecção pelo T. gondii pode levar a graves problemas reprodutivos, com significativas perdas econômicas, e também em implicações para a saúde pública. Considerando a importância da toxoplasmose e a escassez de informação epidemiológica no estado da Bahia, objetivou-se com o presente estudo verificar a prevalência de anticorpos anti–T. gondii em rebanhos ovinos da região sul do estado da Bahia e identificar os principais fatores de risco relacionados à infecção.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas em 31 propriedades rurais da região sul do estado da Bahia e para possibilitar a determinação do perfil dos criadores, sistemas de criação de ovinos do município e fatores ligados a toxoplasmose foi efetuado o cadastramento do proprietário e aplicada uma entrevista estruturada abordando dados do criador e da propriedade, manejo sanitário, alimentar e reprodutivo dos animais. As amostras de sangue, dos animais selecionados foram coletadas mediante punção da veia jugular externa, utilizando-se agulhas descartáveis acopladas em tubos a vácuo sem anticoagulante. Para obtenção dos soros, os tubos foram centrifugados a 1600g por 10 minutos, e em seguida foram acondicionados em microtubos e congelados a -20ºC. Para realização da sorologia para pesquisa de anticorpos contra T. gondii foi utilizada Reação de Imunofluorescência Indireta, considerando o ponte de corte de 1:64. Os dados obtidos da entrevista estruturada foram tabulados no pacote estatístico EPI INFO 3.5.1 e realizada a análise bivariada pelo teste do Qui-Quadrado e a análise multivariada de regressão logística não-condicional.
RESULTADOS:
Anticorpos contra T. gondii foram encontrados em 240 (30,2%) ovinos. Com títulos variando de 64 (38,3%), 256 (34,2%), 1024 (18,3%) e 4096 (9,2%). Dentre os municípios analisados, Camacan foi o que apresentou uma maior freqüência de animais positivos (64,7%) e Itaju do Colônia (9,8%) o de menor positividade. Essas diferenças provavelmente estejam relacionadas a variações bioclimatológicas dos municípios que apesar de pertencerem a mesma microrregião possuem características próprias. Pela análise multivariada foram identificados como fatores de risco o sistema de produção, a idade dos animais e trânsito de gatos. O sistema de produção empresarial apresentou maior soropositividade quando comparado ao familiar. Os sistemas empresariais apresentavam uma densidade maior de animais, o que facilita o contágio pelo parasito. A respeito da idade dos animais, aqueles com idade superior a três anos apresentaram maior positividade. Os resultados sugerem que os animais acima de três anos tem um maior tempo de exposição aos oocistos esporulados. Esse estudo demonstrou que propriedades que apresentavam trânsito de gatos tiveram maior prevalência de animais positivos, podendo ser explicado pelo fato destes serem a fonte de eliminação de oocistos e responsáveis pela sua permanência nas pastagens.
CONCLUSÃO:
Os resultados mostraram a presença da infecção pelo T. gondii em rebanhos ovinos estudados na região sul do estado da Bahia numa proporção de 30,2%. Os principais fatores de riscos associados à infecção toxoplásmica foram trânsito de gatos, idade dos animais superior a três anos e sistema de produção empresarial. A carne de carneiro está cada vez mais popular como fonte de proteína animal, o que a torna uma fonte potencial de toxoplasmose humana aumentando assim a importância na saúde pública. O controle e medidas profiláticas tais como evitar a presença de gatos no local onde são criados os ovinos, evitar gatos nos locais de armazenamento dos produtos usados na alimentação dos ovinos e, diminuir a taxa de lotação das pastagens devem ser adotadas a fim de melhorar o sistema de produção e a implantação de programas de sanidade junto aos fazendeiros com informações sobre os meios de transmissão deste parasita.
Palavras-chave: Toxoplasmose, Zoonose, Epidemiologia.