64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
PERFIL SOCIOECONÔMICO DE MULHERES QUILOMBOLAS DO SÍTIO JUSSARA EM SANTANA DO MUNDAÚ-ALAGOAS.
Daniele Costa de Oliveira 1
Támires Maria Cavalcante da Silva 1
Tais Almeida Santos 1
Kleyton Danilo da Silva Costa 1
Samara dos Santos 1
Jakes Halan de Queiros Costa 2
1. Centro de Ciências Agrárias – UFAL
2. Prof. Me./ Orientador – Centro de Ciências Agrárias - UFAL
INTRODUÇÃO:
O aumento da inclusão da mulher no ambiente socioeconômico é bastante importante. Várias contribuições se encontram no meio rural, onde historicamente a presença feminina se faz preponderante no sistema produtivo, contudo, uma das alternativas de viabilização e complementação do sistema, visando à melhoria da qualidade da produção, é a implantação de grupos com intuitos agroecológicos. A presença de grupos relacionados à melhoria do carater produtivo de uma região torna-se relevante, uma vez que estes garantem a integração de mulheres antes inativas no mercado. Com esse intuito o sítio Jussara, localizado na zona rural de Santana do Mundaú, no estado de Alagoas, reune uma comunidade de descendentes de quilombolas, onde em 2007, foi fundando o Grupo de Mulheres Estrela da Vida – GMEV. As mulheres da comunidade contribuem nas atividades agropecuárias e de artesanatos, possuindo como principais atividades econômicas o cultivo de laranja lima, além de outras culturas anuais. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar o perfil socioeconomico do grupo de mulheres quilombolas do sítio Jussara em Santana do Mundaú-AL.
METODOLOGIA:
O método utilizado para a construção deste trabalho consistiu em um estudo de caso. Segundo Becker (1994), este método refere-se a uma análise detalhada de um caso que permita a compreensão abrangente de um fenômeno. O presente estudo foi desenvolvido de forma exploratória em uma população de famílias das integrandes do GMEV, no sítio Jussara, localizado na zona rural de Santana do Mundaú-AL. Adotou-se como amostra aproximadamente 80% das componentes do GMEV. Os dados foram coletados entre maio de 2011 e março de 2012, através de visitas in loco por uma equipe de estudantes universitários da Universidade Federal de Alagoas, através de registros fotográficos e levantamentos de dados qualitativos e quantitativos, pela realização de entrevistas semiestrururadas e aplicação de questionário misto. As mulheres entrevistadas são pequenas agricultoras de baixa renda, faixas etárias bastante distintas. Após a coleta, os dados foram analisados no programa Excel 2010, e consequentemente foram expostos em figuras para a constatação da frequência de ocorrência de cada fato.
RESULTADOS:
As mulheres que participam do GMEV encontram-se na faixa etária de 18 e 46 anos, a maioria das adultas são casadas e as jovens moram com os pais, deve-se ressaltar que todas desenvolvem atividades domésticas. Cerca de 55 % das mulheres são semianalfabetas, 33% concluiram o ensino básico e 12% o ensino médio. Além de agricultoras, 67% delas também são artesãs e produzem coletivamente peças a base de fibra da bananeira e da palha do pipiri. Desde que entraram para o grupo, estas mulheres encontram-se em constante aprendizado por intermédio de palestras, oficinas e cursos promovidos pelo MMTRP-AL, que possibilitou-as conhecer outras pessoas e lugares, atualmente estão cientes de seus direitos e passaram a ser mais valorizadas pelos maridos. O GMEV produz: artesanatos, aves, batata doce, ovinos, suinos, abacate, macaxeira e laranja. Estes produtos são comercializados na própria comunidade, na feira municipal e em feiras regionais, nacionais e internacionais. Apesar de contribuirem nos cuidados da lavoura, todas as mulheres afirmaram que grande parte de suas rendas são provenientes dos programas promovidos pelo governo. Porém, via GMEV houve ganho adicional de até R$ 620,00 e um aumento médio de 96,43% na renda das mulheres desde a criação do GMEV.
CONCLUSÃO:
1. O fato de terem renda própria contribui de maneira significativa para a autonomia das mulheres quilombolas;
2. A parceria entre o GMEV e o MMTRP-AL fornece o subsídio necessário para a sobrevivência do grupo por sempre estimular a organização das mulheres, promover cursos, oficinas e palestras e viabiliza a participação do grupo em feiras regionais, nacionais e internacionais, contribuindo para a melhor comercialização de seus produtos.
Palavras-chave: organização feminina, autonomia, geração de renda.