64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
VIVEIRO AGROFLORESTAL: UMA ALTERNATIVA À SEGURANÇA ALIMENTAR EM COMUNIDADE RIBEIRINHA AMAZÔNICA
Suiane Claro Saraiva 1
Jozane Lima Santiago 2
Albejamere Pereira de Castro 3
Therezinha de Jesus Pinto Fraxe 4
1. Faculdade de Ciências Agrárias – UFAM
2. Profª.MSc./Orientadora- Faculdade de Ciências Agrárias –UFAM
3. Faculdade de Ciências Agrárias –UFAM
4. Faculdade de Ciências Agrárias –UFAM
INTRODUÇÃO:
Embora a agricultura familiar seja uma atividade característica da região amazônica e embora se constitua como a base da cadeia de fornecimento de produtos alimentícios para a região metropolitana da Manaus, as famílias amazônicas possuem uma dieta alimentar carente em nutrientes. Alguns fatores socioeconômicos tornam a agricultura baseada na produção assentada na de mão-de-obra familiar, ineficaz no combate a fome e desnutrição, comum em famílias pobres de regiões de várzea a terra-firme no Amazonas. Citam-se entre estes: baixa diversidade de cultivos, dificuldades de escoamento de sua produção, problemas fitossanitários nos solos cultivados, ineficácia ou inexistência de assistência em extensão rural. Mediante este panorama, o presente trabalho propôs a implantação de um viveiro agroflorestal comunitário em região de várzea, visando suprir as carências nutricionais sofridas por estas populações rurais. O trabalho propôs diversificar a produção agrícola tradicional com o cultivo de espécimes não convencionais comuns na região, entretanto não inseridas na base alimentar amazônica. O cultivo de espécies frutíferas e medicinais foi incentivado visando o aumento da oferta de alimentos e manutenção do saber tradicional sob o uso de plantas para o tratamento e prevenção de doenças.
METODOLOGIA:
O projeto desenvolveu-se na comunidade São Francisco, localizada no município do Careiro da Várzea (AM) no período de agosto a dezembro de 2011. Regiões de várzea apresentam dois períodos distintos: um período de cheia onde suas terras são cobertas pelas águas do rio Amazonas e um período de recuo do rio e seca das mesmas. A diminuição das águas resulta na fertilização dos solos devido à deposição de matéria orgânica o que favorece o cultivo agrícola nessas regiões.
A comunidade possui como base alimentar o consumo de hortaliças, legumes, verduras, tubérculos e frutas além da pesca e criação de galinhas caipiras. Realizou-se um diagnóstico para levantamento dos alimentos produzidos nas hortas e quais espécies a comunidade havia interesse em produzir. Ministraram-se oficinas para produção de adubos orgânicos e biofertilizantes a fim de melhorar o sistema produtivo local.
A mobilização de comunitários se deu por meio da escola local, utilizada como base para apresentação do projeto, realização de oficinas e reuniões. Procurou-se integrar alunos, professores e comunitários para construção do viveiro, produção das mudas e manutenção do mesmo. Além das atividades relativas ao viveiro, a produção na horta comunitária também foi possível por meio do envolvimento dos comunitários.
RESULTADOS:
Foi possível inserir na dieta alimentar da escola local e nos cultivos alimentos não-convencionais tais como: malvarisco, hortelãzinho, confrei, maxixe-melão, couve-manteiga, cariru, jambu, quiabo-de-metro entre outros. A produção de mudas no viveiro apresentou- se bastante diversificada, devido à colaboração dos comunitários nas coletas se frutos e semeadura das sementes. Foram produzidas mudas espécies frutíferas, medicinais e ornamentais, além das hortaliças folhosas e hortaliças frutos. Citam-se algumas espécies frutíferas, medicinais e ornamentais produzidas: açaí, murici, araçá, cubiu, babosa, cupuaçu, ingá, cumaruzinho, marupá, taperebá, noni, feijão-de-porco, óleo elétrico, coirama, pitomba-de-macaco, equissória. Foi possível também aumentar a variedade de espécies frutíferas na região, auxiliando na complementação da dieta alimentar, o que possibilitará futuramente aumento da renda por meio de produtos derivados destas espécies. A produção de espécies medicinais permitiu a conservação e transmissão dos conhecimentos tradicionais aperfeiçoados a cada geração, bem como manter a tradição de utilizar plantas ornamentais com o intuito de tornar o ambiente mais agradável e familiar.
CONCLUSÃO:
Esta pesquisa demonstra a possibilidade de implantação desta iniciativa nos demais municípios de áreas de terra-firme na Amazônia, pela facilidade de construção do viveiro e manutenção do mesmo, devido ao aproveitamento de recursos locais em sua construção. A implantação de viveiros agroflorestais apresenta-se como uma alternativa ao fortalecimento da dieta alimentar de produtores rurais de áreas de várzea, além da valorização dos conhecimentos tradicionais.
Palavras-chave: Viveiro agroflorestal, Várzea, Amazônia.