64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
O USO NÃO-TERAPÊUTICO DE ESTEROIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS POR FREQUENTADORES DE ACADEMIAS EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS (PR)
Camila Regina Trindade Mattano 1
Gizelle Cristina Galan 1
Irene Domareski 1
Larissa Comarella 2
1. Curso de Farmácia – Centro Universitário Campos de Andrade, UNIANDRADE - PR
2. Profa. MSc./Orientadora - Curso de Farmácia – UNIANDRADE - PR
INTRODUÇÃO:
Os esteroides anabólicos androgênicos (EAAs) são drogas derivadas do hormônio masculino testosterona. São substâncias utilizadas há muitos anos, com finalidades terapêuticas, sendo indicados no tratamento de algumas patologias, como deficiência natural de andrógenos, alguns casos de câncer de mama, entre outros. Porém o uso não-terapêutico tem se disseminado entre jovens em busca do corpo perfeito, força, virilidade e entre atletas, com a finalidade de aumento do desempenho em competições. Mesmo com inúmeras informações sobre os riscos associados à utilização não médica de EAA, o controle ainda é um desafio, tratando-se de um problema de saúde pública no Brasil. Este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento sobre os índices de utilização de esteroides anabolizantes em academias do município de São José dos Pinhais (PR), descrever os principais EAAs utilizados e verificar o conhecimento dos usuários sobre estas substâncias, a motivação de uso e os principais efeitos colaterais apresentados.
METODOLOGIA:
Este trabalho tratou-se de um estudo quantitativo, de natureza descritiva e exploratória. A referida pesquisa foi realizada em duas grandes academias do município de São José dos Pinhais (PR), por meio de entrevistas estruturadas sobre o assunto e aplicação de questionários contendo questões abertas e fechadas. Foram abordados 233 indivíduos, aparentemente saudáveis e o tamanho da amostra foi estabelecido a partir da presença dos indivíduos na academia, selecionando os sujeitos dispostos a colaborar com a pesquisa. Antes de responderem o questionário, os entrevistados foram orientados sobre a causa de sua participação e sobre os objetivos do estudo e foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido. Os questionários abordaram 17 perguntas, sendo dividido em duas partes. Na primeira parte, objetivou-se obter dados genéricos (sexo, idade, grau de profissionalização) e investigar o conhecimento dos indivíduos entrevistados sobre anabolizantes em geral e na segunda parte, destinada aos indivíduos positivos (usuários ou ex-usuários de anabolizantes), procurou-se conhecer e aprofundar o histórico de uso pelo sujeito. Os dados foram agrupados, ordenados, tabulados e analisados para a caracterização de cada variável investigada.
RESULTADOS:
Participaram desta pesquisa 233 indivíduos, sendo que destes, 14% (n=33) confirmaram serem usuários ou ex-usuários de EAAs, predominando como positivos os indivíduos do sexo masculino (81%). O perfil dos usuários é variável, diferentes profissões e idades entre 18 a 45 anos (81% com idade entre 18 a 35 anos). Cerca de 30% dos usuários utilizam mais de um EAA simultaneamente e os mais populares são o estanozolol (27%) e o decanoato de nandrolona (21%), também foi relatado a associação de anabolizantes com outros medicamentos (efedrina, clembuterol, sibutramina e furosemida). Observou-se que a grande maioria (95%) dos usuários compra ilegalmente, sem orientação médica e a principal motivação ao uso é buscar rápida hipertrofia e definição muscular, além de curiosidade (por pessoas mais jovens). Em geral, os indivíduos usuários têm noção dos riscos e, mais da metade (55%) dos sujeitos positivos, relataram efeitos colaterais (disfunções hormonais, efeitos virilizantes e variações de humor com episódios de agressividade) devido ao uso. Dos sujeitos positivos, 58% indicariam o uso de anabolizantes para outras pessoas e o restante (42%) não indicaria, seja pela presença dos efeitos colaterais, ou por não terem obtido os resultados desejados, como aumento de massa muscular.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste trabalho mostraram que os usuários e ex-usuários possuem fácil acesso aos EAAs, geralmente com colegas da própria academia e que já fizeram uso das substâncias. Os indivíduos têm conhecimento sobre os efeitos colaterais produzidos pelo uso contínuo da droga e, mesmo assim, acreditam que reações adversas como febre, acne, aumento de pêlos e outras alterações hormonais, sejam respostas comuns do corpo, sem nenhuma consequência negativa maior, mesmo se o indivíduo continuar utilizando a droga. Embora saibam dos riscos e vivenciem alguns efeitos colaterais, a grande maioria dos sujeitos positivos desta pesquisa, acredita ter chegado aos resultados esperados: aumento da massa muscular e definição corporal e, não obstante, indicariam a utilização de anabolizantes, esquecendo-se que cada indivíduo é dono de uma natureza genética e bioquímica particular. Com base nestes resultados, sugere-se adoção de medidas preventivas, como campanhas publicitárias que alertem para este problema, pois intervenções educacionais se mostram instrumentos efetivos no combate à utilização de anabolizantes. Somente assim, os indivíduos envolvidos poderão avaliar se realmente os benefícios alcançados são maiores ou mais importantes que os riscos que estas drogas oferecem.
Palavras-chave: Esteróides anabólicos androgênicos, Uso não-terapêutico, Academias.