64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural

A INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DA GERAÇÃO DE TRABALHO, RENDA E ALIMENTO EM COMUNIDADES RURAIS QUILOMBOLAS

Kênia Samara Mourão Santos 1 Denison Lima Miranda 2 Natália do Amaral Mafra 1 Antonio Afonso Granhen Tavares 3 Luiz Gonzaga da Silva Costa 4

1. Bolsista PET-Florestal; Universidade Federal Rural da Amazônia -UFRA 2. Acadêmico de Eng. Florestal- Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA 3. Eng. Agrônomo, Universidade Federal Rural da Amazônia -UFRA 4. Prof. Dr. Eng. Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia -UFRA

INTRODUÇÃO:

Estudos desenvolvidos nas pequenas propriedades da Região Norte, mais especificamente no nordeste paraense mostraram que as famílias dos pequenos produtores obtêm uma baixa remuneração pelas atividades desenvolvidas nas propriedades, além de se submeterem a um processo de muito desgaste físico. É de se ressaltar a importância das tecnologias geradas através de conhecimentos acumulados pelos produtores, em especial por aqueles situados na Amazônia, onde o processo de modernização da agropecuária ainda não penetrou de forma intensa. É necessário se preservar o conhecimento acumulado e transformado em tecnologias pelos produtores, como forma de preservar o meio ambiente. A assistência técnica deve se ajustar ao processo de tecnologias e de produtos não tradicionais, buscando novas alternativas para viabilizar sistemas que melhorem o uso dos recursos e ao mesmo tempo provoque o incremento da renda. O objetivo do trabalho foi gerar inclusão social dos moradores das comunidades ribeirinhas do município de Mocajuba, principalmente comunidades quilombolas através da capacitação desses produtores rurais em sistema de produção alternativos, através de cursos, com finalidade de proporcionar melhoria do sistema de produção, renda e geração de empregos nas comunidades.

METODOLOGIA:

O Município de Mocajuba localizado no Nordeste Paraense, na zona fisiográfica do Baixo Tocantins, possui uma área de 967 Km². Atualmente existem 11 comunidades quilombolas: Uxizal, Itabatinga, Porto Grande, São Benedito do Vezeu, Santo Antônio do Vizeu, São José do Icatu, Santa Luzia, Santa Maria, Nazaré, Vizania e Tambai Açu. A fim de conhecer a realidade dos produtores foi realizado reuniões, nas quais fez-se a identificação dos entraves, pelas comunidades, para o desenvolvimento agrícola da região. Ao final das reuniões, os produtores foram motivados a participar dos cursos de capacitação. A capacitação teve como metodologia aulas teóricas, visitas e pratica nas áreas dos produtores, com objetivo de aplicar os conhecimentos adquiridos, estimular o uso de técnicas adequadas em seus respectivos sistemas de produção, refletindo assim, no uso racional e adequado dos recursos naturais e promovendo o aproveitamento de matérias primas presente na comunidade, antes desperdiçado e proporcionando menores gastos aos agricultores, gerando assim relativo retorno econômico em curto e/ou longo prazo.

RESULTADOS:

Foram capacitados145 produtores nos sistemas de produção alternativos, utilizando os recursos disponíveis nas propriedades. A frequência dos cursos foi em função do interesse dos produtores, sendo que, a distribuição dos produtores por curso foi: Avicultura Familiar 72 pessoas; Sistemas Agroflorestais 21; Hortaliças e Plantas Medicinais 21; Culturas Alimentares, 17; Fruticultura Tropical 05 e Meliponicultura 09 pessoas. Nota-se que há um maior interesse da parte dos produtores na Avicultura Familiar. Esse fato deve-se ao rápido retorno do investimento dos produtores: os custos de produção do frango utilizado é cerca de R$ 8,00, apenas, enquanto que sua venda pode variar de R$ 15,00 a R$ 20,00, tendo o produtor, um lucro de cerca 50% e, além disso, o frango pode servir de alimento para a própria família. Observa-se que, nos custos não estar incluído a mão de obra, que foi a família. O curso de SAFs também foi bem aceito pelos produtores, isto porque a base da produção para comercialização de muitas comunidades desse município é a extração da amêndoa do cacau, sendo este plantado nos quintais e nas proximidades das casas dos produtores, muitas vezes em consórcio com demais espécies florestais, como a andiroba, virola, etc. espécies típicas desse ecossistema e de uso medicinal

CONCLUSÃO:

A capacitação de produtores rurais de comunidades ribeirinhas é de grande importância no âmbito do desenvolvimento local e inclusão social, haja vista que, essas comunidades adquiriram vasto conhecimento através de gerações a beira dos rios da Amazônia, e essa tecnologia não pode ser perdida, mas renovada e auxiliada por meio de visitas técnicas de profissionais de diferentes áreas. É de se ressaltar a importância da transferência de conhecimento entre as comunidades, lembrando que neste trabalho os ministrantes dos cursos adquiriram as informações através de diversas visitas a diferentes comunidades da Amazônia. Promover a inclusão social está muito alem de educar. É preciso mover ações culturais, econômicas, educacionais e políticas. Cabe a busca por outras formas de inserir a pesquisa agropecuária como apoio ao desenvolvimento sustentável da agricultura familiar no âmbito das comunidades.

Palavras-chave: Agricultura Familiar, Inclusão social, Desenvilvimento Local.