64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
DESAFIOS NA APRENDIZAGEM DE QUÍMICA A DEFICIENTES AUDITIVOS EM ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE ENSINO EM SÃO LUÍS/MA.
Manoel de Jesus de Aquino Lima 1
Helson Souza de Lima 1
Paulo Roberto Barros Gomes 1
Cicero Wellington Brito Bezerra 2
José Alberto Pestana Chaves 3
1. Departamento de Química - UFMA
2. Prof. Dr - Departamento de Química - UFMA
3. Prof. Dr./Orientador – Docente do Colégio Universitário – UFMA
INTRODUÇÃO:
De acordo com a Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1997) a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Especificamente no Art. 208, inciso III, desta lei, consta que as crianças e jovens com deficiências deverão, preferencialmente, cursar a rede regular de ensino. O Decreto nº. 3.956, de 8/10/2001, garante a eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas portadoras de deficiência e, a Lei nº 10.436, de 24/4/2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio de comunicação de pessoas surdas e/ou mudas (BRASIL, 2005), entre outras providências. Diante disso, surge com urgência e certo atraso uma nova práxis no contexto escolar: a inclusão. Aceitar o “diferente” é compreender que “este” apesar de alguma limitação aparente é capaz de desenvolver habilidades para criar, compor e resolver problemas (MANTOAN, 2005). Por essas razões o objetivo deste trabalho consiste em mostrar as dificuldades na aprendizagem que os alunos diagnosticados como deficientes auditivos possuem em relação à disciplina de Química.
METODOLOGIA:
Trata-se o presente trabalho de uma pesquisa de campo realizada no Centro de Ensino Governador Edson Lobão – CEGEL, escola conveniada ao projeto PIBID/UFMA. Os sujeitos da pesquisa foram sete estudantes do Ensino Médio, portadores de deficiência auditiva, assim distribuídos: quatro do primeiro e três do segundo ano.
O instrumento da pesquisa foi um questionário semiaberto contendo dez perguntas, as quais permitiram conhecer os principais desafios que tais alunos enfrentam no cotidiano escolar e, especificamente, na disciplina de química. O questionário foi aplicado em sala de aula com auxilio de um interprete de libras, durante o semestre letivo. Os dados foram analisados de forma quantitativa, empregando análise estatística paramétrica.
RESULTADOS:
Historicamente, o sistema educacional público brasileiro, em relação a outros países, é caracterizado por sua ineficiência e por baixos valores para os indicativos de qualidade. É neste cenário, ainda marcado por sérias dificuldades, que deve haver a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais. Não estando preparados para uma educação inclusiva, a qual requer estruturas de apoio, tais como: profissionais especializados, intérpretes, acessibilidade, núcleo de assistência, etc, a escola e os professores buscam se adaptar à nova realidade.
No caso dos deficientes auditivos que estudam no Centro de Ensino Governador Edson Lobão, observamos que a totalidade dos respondentes declara a falta de material adequado para o entendimento das aulas de química, dificuldades na condução de atividades práticas ou demonstrativas, considerando-se excluída, de certo modo, do processo de ensino-aprendizagem. Talvez por isso, apenas 43% dos entrevistados declararam algum interesse pelos conteúdos desta área. Admitem a existência de interpretes, mas declaram que a escola não dispõe de recurso visual para o desenvolvimento das aulas e que não há um núcleo de assistência ao deficiente auditivo. Na visão deles, sentem-se ignorados e não valorizados pela prática docente e política escolar.
CONCLUSÃO:
A convivência do aluno deficiente auditivo e do professor na sala de aula está longe de ser algo naturalmente aceito, algo comparável à convivência entre um aluno com audição perfeita e o professor. E nem sequer se trata, na maior parte dos casos, de má vontade por parte do professor ou indisponibilidade do aluno portador de deficiência. Trata-se, tão somente, da dificuldade de efetivar, na prática, a "Escola Inclusiva", tão sabiamente arquitetada de formas teóricas, à luz da nossa bem intencionada legislação. Foi observado nas instituições de ensino em estudo de como a falta de uma formação voltada a essa nova realidade, na qual fazemos parte, faz com que alunos sejam desestimulados a partir de uma educação nada inclusiva. Escolas com péssimas estruturas, recursos inexistentes, professores sem formação adequada. Essa realidade não se implica tão somente ao professor e sim também a instituição de ensino na qual foi formado juntamente com a instituição na qual leciona. Mudanças seriam bem vindas, pois adaptações já foram feitas aos montes.
Palavras-chave: aprendizagem, deficiente auditivo, educação inclusiva.