G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História |
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ABÍLIO CESAR BORGES E A CONSTRUÇÃO DE UMA REPRESENTAÇÃO DE SI |
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Marilene Alves Maia 1
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1. Mestranda em Educação, da Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientadora: Dra. Lia Faria;Co-orientador: Dr. José Gonçalves Gondra
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INTRODUÇÃO: |
Abílio dedicou maior parte de sua vida a educar, utilizando dispositivos para a formação da mocidade, em um momento cujas circunstâncias exigiam a consolidação de uma nova ordem nacional, a qual impunha também a institucionalização de uma disciplina escolar como uma finalidade voltada para o progresso da nação. É a partir do período oitocentista que são lançadas as bases para se fazer do Brasil um Estado Imperial representativo, sob o signo de um ideal liberal e iluminista. Ao ocupar distintas posições de saber e poder, o médico baiano procurou zelar por suas iniciativas, o que pode ser atestado na documentação expressiva que produziu em vida, como os relatórios de gestão, os discursos proferidos em solenidades de seu colégio, os livros que produziu e difundiu nacionalmente, suas intervenções na imprensa, bem como sua participação em congressos. Com isso, compõe uma cadeia discursiva que pretende imprimir certa coerência à sua vida, marcada por tensões que esta coleção de enunciados dá a ver de um modo bem determinado. |
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METODOLOGIA: |
A metodologia empregada foi um pesquisa documental a partir de um conjunto de discursos proferidos e publicados por Abilio Cesar Borges, o Barão de Macaúbas, no Jornal do Commércio no ano de 1880, com destaque para o opúsculo intitulado Vinte e dous annos de propaganda em prol da elevação dos estudos, publicado posteriormente pela Typographia e Litographia E. Guyot, de Bruxelas, em 1884, também o Plano dos Estudos e Estatutos do Colégio Abilio, da Série “Educação: Instrução Primária (IE4)” do Arquivo Nacional, o qual contém, entre outras informações, a composição do currículo empregado na aplicação dos saberes necessários para a formação da mocidade. |
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RESULTADOS: |
Abilio investiu na tese de que, para formar uma ‘nova infância’, era preciso uma ‘nova escola’, pois a existente não assegurava a formação adequada. Para ele, a escola era um ambiente coercitivo, com professores sem preparo adequado que utilizavam castigos corporais sem critérios mínimos, materiais didáticos e métodos incoerentes à especificidade das crianças e com unidades escolares inapropriadas. Primava também pela importância do ensino primário e defendia que as crianças necessariamente deveriam frequentar esse nível de ensino, para que chegassem ao nível seguinte, o secundário, mais preparadas, facilitando a sua formação e a entrada no ensino superior. Embora o Barão de Macahubas proclamasse em seus discursos que seu exercício no ofício da educação se desse com muita dedicação, tendo o magistério como um verdadeiro sacerdócio, requerendo abnegação e até sacrifício, não foi com menos desvelo que ousou construir, em nome da educação, um lugar para si, o que pode ser compreendido a partir dessa documentação analisada. |
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CONCLUSÃO: |
Na pesquisa podemos perceber que o conjunto de discursos pretendeu divulgar as ações e proposta de Abilio Cesar Borges e os projetos educacionais bem sucedidos. Vimos também como as ações deste estavam permeadas por relação de força, de significados complexos, mas que também pode ser compreendida como um acontecimento de valor relevante e expressivo para a educação brasileira, trazendo incontestáveis inovações para o campo pedagógico. Abilio, além de ser médico, gestor, dono de escola, escritor, foi também um intelectual bem relacionado, portanto, consideramos que sem tais articulações com toda uma rede, que envolvia desde o imperador Pedro II, homens de imprensa e até mesmo o corpo docente com que trabalhara (este, ainda não amplamente identificados, requerendo maiores pesquisas), provavelmente teria uma história muda, talvez nem existisse, como a de tantos outros que, silenciados, apagados, passaram, e passam a vida no anonimato. |
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Palavras-chave: Educação no Império, Abílio Cesar Borges, Representação de si. |