64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
ASSOCIATIVISMO E PARTICIPAÇÃO NA AMAZÔNIA - AS ASSOCIAÇÕES DA COMUNIDADE DE TAMATATEUA EM BRAGANÇA-PA
Simone de Jesus Ribeiro Cardozo 1
Luiz Eduardo Santos do Nascimento 1
Edna de Nazaré Ribeiro Cardozo 1
Maria Cristina Alves Maneschy 1, 2
1. Universidade Federal do Pará
2. Profa. Dra./ Orientadora - Faculdade de Ciências Sociais - UFPA
INTRODUÇÃO:
O presente estudo foca o desafio do associativismo na Amazônia, onde as associações, objeto dessa pesquisa enfrentam uma série de problemas, como o fraco exercício de capital social, e apresentam dificuldades para alcançar seus objetivos, pois, as relações de confiança entre seus membros e dirigentes são muito frágeis. Na década de 90 aumentou o número de associações na zona rural, uma forma de organização social muito presente no campo. Este trabalho buscou investigar em que medida as associações representam os interesses dos associados e da comunidade, na qual estão inseridas; como se organizam as diversas populações via associação. Na região, as associações de base produtiva, assumem papel fundamental, pois, possui um mercado formal restrito e uma população bem diversificada. Contudo, os desafios que estão postos referem-se à participação dessas populações nas decisões locais, uma alternativa à gestão centralizada do Estado. Esses atores encontraram nas associações uma maneira de enfrentar seus problemas e as carências das áreas que habitam. O estudo se propõe a compreender as repercussões da proliferação da forma de organização coletiva denominada associação, para isso, foi feito um exame das associações existentes em Tamataeua, Bragança – PA.
METODOLOGIA:
Durante a execução da pesquisa foi realizado o levantamento da literatura referente à participação social, capital social, democracia e associativismo. Considerando a realidade investigada das associações rurais, buscou-se também a literatura regional; investigou-se outras fontes como revistas, jornais e os sites oficiais do governo (IBGE, IBAMA, ICMBio e outros). Aplicação de questionários para os sócios e dirigentes das associações das respectivas localidades bem como entrevistas com os moradores e por fim análise dos questionários e das entrevistas.
RESULTADOS:
Algumas associações se apresentaram de forma artificial, sem o animo do associativismo, revelaram problemas como insustentabilidade financeira, por causa das fracas competências dos dirigentes para lidar com as dificuldades de nível técnico e operacional, além da falta de participação da maioria dos associados e o forte sentimento de desconfiança entre os sócios e dirigentes, entretanto, em Tamatateua, Bragança – PA, percebeu-se os grupos se organizando espontaneamente. As associações contribuem para o estímulo ou sentido da participação social dessas populações excluídas do processo de desenvolvimento. Todavia, a maneira como essas organizações são estabelecidas nas comunidades locais, pensadas e vistas não pela perspectiva regional, provoca problemas de ordem de conflitos e consome tempo e recursos sem que haja resultados efetivos para os moradores e sócios dessas associações. Sempre que surge uma nova oportunidade de financiamento, as associações locais surgem simultaneamente, passados os mecanismos de incentivos, se desestruturam e muitas são extintas. Por essa razão a dificuldade da existência de experiências associativas, nas quais os sócios contribuem não somente entre si, mas com a própria comunidade.
CONCLUSÃO:
A análise dos dados e entrevistas mostrou que as associações locais não estão sendo inseridas na ASSUREMACATA, e por muitas vezes são ignoradas. Essa situação prejudica as bandeiras de lutas específicas das comunidades, e desconstrói o objetivo inicial, de envolver as organizações locais. Todavia, a experiência é recente, é necessário dar tempo para que se ajustem, e nesse sentido a participação popular é imprescindível. As regras precisam ser discutidas com os usuários da reserva, de forma que eles possam opinar sobre o que pensam. Nas comunidades pesquisadas, foram encontradas, mesmo poucas, aquelas associações que foram criadas de forma espontânea, como em Tamatateua, percebeu-se que a comunidade consegue organizar as suas demandas, embora essas populações não tenham costume e tradição nessa organização formal. Quando os cidadãos exercitam seus direitos melhoram a qualidade de vida política ou cívica através de sua participação, isto inclui as práticas associativas, que tem permitido que pobres e excluídos sejam ouvidos. Assim, os associados e moradores das comunidades de Bragança investigadas nessa pesquisa, estão se esforçando para que possam ser reconhecidos como “sujeitos de direitos”, e não “objetos” de políticas governamentais ou de outras medidas.
Palavras-chave: associativismo, associações, participação social.