64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
A BOTÃNICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: O PARQUE DA BARREIRINHA (CURITIBA, PR) COMO SALA DE AULA.
Eliane do Rocio Vieira 01
Elizabeth de Araújo Schwarz 02
1. Profª Mª. Secretaria de Educação do Estado do Paraná- SEED/PR
2. Profª Dra./Orientadora - Depto de Ciências Biológicas- UFPR
INTRODUÇÃO:
O Programa Viva a Escola, da SEED/PR, visa melhoria da qualidade de ensino, incentivando professores a participar com seus alunos, em contra turno, de atividades curriculares complementares, disponibilizando verba a escola para a sua implementação. No Col. Est. Santa Gemma, o projeto selecionado foi o da Flora local, objetivando-se a ação pedagógica com o aluno diretamente em contato com o conteúdo a ser estudado, em uma área verde próxima ao colégio, a qual permite um olhar mais atento aos conteúdos botânicos, ao espaço urbano e a ação do homem sobre a paisagem natural. Distante, dois quilômetros do colégio encontra-se o Parque da Barreirinha, com remanescentes da mata nativa, sendo o local ideal para a realização de pesquisas de campo para o estudo da botânica. Este estudo teve a pretensão de conduzir o aluno na investigação, possibilitando a sua alfabetização científica. O contato com a fitofisionomia possibilitou o reconhecimento da modificação da vegetação ao longo da história. O estudo florístico permitiu ao aluno reconstruir ideias e ampliar sua compreensão de mundo para além do seu saber cotidiano. Ao se estudar o histórico do parque e a modificação da paisagem, via identificação da floresta remanescente estudou-se a trajetória do homem e de sua ação no ambiente.
METODOLOGIA:
Projeto desenvolvido no Col. Est. Santa Gemma Galgani, Curitiba, Pr., com 30 alunos do 8º ano do Ens. Fundamental, em contra turno, de março a dezembro de 2010. Semanalmente ocorriam atividades envolvendo temas relacionados à Botânica (morfologia foliar e floral, sistemática e composição florística) no laboratório de Ciências e/ou Informática, do colégio, as quais eram alternadas com aulas de campo ocorridas no Parque da Barreirinha. Neste, os alunos acompanhados da professora de Ciências do colégio, observaram a flora local, registrando anotações pertinentes e dúvidas, fotografaram e realizaram coletas, como ramos floridos, frutos e sementes, para confecção de exsicatas. Com o auxílio de biólogos do parque e da professora orientadora da UFPR procederam as identificações. Visitas orientadas foram realizadas a Herbários, ao Horto Municipal, ao setor de solos e ao departamento de Eng. Florestal da UFPR para ampliar os conhecimentos relativos ao bioma no qual Curitiba está inserida: Floresta com Araucárias. A pesquisa bibliográfica e eletrônica foi ampla para poder subsidiar as aulas de campo, o que permitiu reconhecimento dos grupos e famílias botânicas de maior ocorrência no parque, além da análise da degradação ocorrida ao longo do tempo na paisagem florística do estado.
RESULTADOS:
As aulas de campo proporcionaram aos alunos um novo olhar sobre os conteúdos de Botânica, os quais haviam sido ministrados no 7º ano, mas sem observação direta no ambiente. Ao final do projeto, esses estavam mais atentos às diferenças morfológicas existentes nas plantas as quais permitiram o reconhecimento de 14 famílias botânicas e de oito espécies arbóreas. Através da observação direta passaram a diferenciar os grupos botânicos, classificando as plantas em briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, além de algas, liquens e fungos. As estratégias utilizadas no projeto contribuíram para a interdisciplinaridade, maior coleguismo devido à interação entre alunos e professora na realização das atividades e proporcionou uma relação maior com as Ciências integralizando os conteúdos. Com as aulas de campo quinzenais, os alunos conseguiram relacionar o processo de urbanização com a degradação da floresta original, pois o parque possui remanescentes desta. Assim, as visitas a departamentos especializados veio corroborar as discussões e conclusões sobre as questões ambientais, como a importância dos fatores físicos na determinação de um bioma. Finalizou-se o projeto com a elaboração de relatórios que culminou com a apresentação de seminários para a equipe da SEED/PR.
CONCLUSÃO:
Estratégias diferenciadas utilizadas como encaminhamentos metodológicos, seja a aula de campo, a discussão em grupo e apresentação de seminários, possibilitou maior interação entre teoria e prática, além da melhoria do processo ensino aprendizagem, pois o aluno tornou-se o protagonista na construção do conhecimento. Ao sair da sala de aula convencional e utilizar um parque como elemento didático pedagógico criou-se uma experiência inovadora para os alunos, a qual aguçou os sentidos desses, para a relação ambiente/conhecimento, além de estimular os alunos a serem, efetivamente, mais ativos durante as aulas regulares e nas ocorridas no parque. Percebeu-se que alunos passivos e alguns considerados indisciplinados tiveram uma participação mais efetiva durante o projeto, tornando-se líderes na organização das aulas de campo e não apresentando nenhum problema disciplinar. Projetos como este que subsidia na prática a vivência do método científico, deveriam ser constantes e adotados em todos os estados, pois o professor também se sente estimulado ao desenvolvimento de um trabalho diferenciado, instigando-o a melhorar sua prática educativa durante suas aulas regulares além das horas de projeto. Aumenta o prazer pela pesquisa e pelas estratégias que mantém escola e conhecimento vivos.
Palavras-chave: Parque da Barreirinha, Diversidade vegetal, ensino de Botânica.