64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
CARACTERIZAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS ENTRE IDOSOS DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DA MELHOR IDADE ESPERANÇA
Ana Flávia Carvalho Moreira 1
Paulo Roberto da Silva Ribeiro 2
Mayna Pereira de Lima 1
Cristiane de Sena Assis 1
Ivone Pereira da Silva 1
Gislayne Galvão Mendes 1
1. Curso de Enfermagem – UFMA – Imperatriz, MA
2. Prof. Dr./Orientador – Curso de Enfermagem – UFMA – Imperatriz, MA
INTRODUÇÃO:
Com a revolução industrial e o progresso da farmacologia, os fármacos tornaram-se mais específicos, eficazes e potentes. Por outro lado, trouxeram os fantasmas dos efeitos colaterais indesejáveis, oriundos de ações isoladas ou de interações entre vários fármacos. Os idosos, mais que qualquer outro grupo etário, apresentam quadros clínicos com múltiplas doenças crônicas, o que ocasiona o uso de vários fármacos. Considerando que cada doença gera, quando tratada, a prescrição de pelo menos um fármaco, pode-se prever um número cada vez maior de gerontes fazendo uso de múltiplos medicamentos, ou seja, uma escalada polimedicação. Diante deste contexto, objetivou-se caracterizar o uso de medicamentos por idosos, avaliar a presença de polifarmácia e as condições de uso da medicação. A partir da realização deste trabalho de pesquisa pretende-se fornecer subsídios de forma a contribuir para um planejamento adequado da assistência à saúde dos idosos e para a promoção do uso racional de medicamentos pelos mesmos. Além disso, esta pesquisa aproximou os acadêmicos do Curso de Enfermagem do seu campo de trabalho, colocando em prática os conhecimentos teóricos adquiridos e identificando o papel do enfermeiro na assistência em saúde do idoso.
METODOLOGIA:
Neste trabalho foi realizado um estudo transversal e descritivo-exploratório, de caráter qualitativo e quantitativo com 54 idosos assistidos pela Instituição Social Centro de Convivência da Melhor Idade Esperança, localizada no Município de Imperatriz – MA. Este trabalho foi realizado no período de abril a maio de 2011. Para tanto, os gerontes, sem déficit cognitivo, foram entrevistados, após a solicitação do consentimento por escrito, onde lia-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a participação em pesquisa para o idoso e, em seguida, foi solicitada a sua assinatura. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista prontamente estruturado, onde foram investigadas, junto ao público-alvo, as seguintes variáveis: idade, sexo, grau de escolaridade, renda mensal e aspectos inerentes ao uso de medicamentos. Os dados foram agrupados, ordenados, tabulados e analisados.
RESULTADOS:
A partir da análise dos dados observou-se que a população em estudo foi composta em sua maioria por indivíduos do sexo feminino (83,0%); com idade acima de 70 anos (25,9%); com o ensino fundamental incompleto (83,3%) e com renda mensal de 1 a 2 salários mínimos (74,1%). 53,7% dos idosos afirmaram que procuram o atendimento médico somente quando julgam necessário, com média de 3 consultas nos últimos 12 meses. Entretanto, 88,8% afirmaram que já adquiriram medicamentos sem prescrição médica, sendo 40,7% destes orientados por parentes ou vizinhos e 25,9% utilizam, com freqüência, receitas antigas para aquisição dos mesmos. Verificou-se que 119 medicamentos estão em uso pelos idosos entrevistados, 67,8% destes adquiridos sem prescrição médica, com destaque para os antiinflamatórios não esteroidais (AINES), analgésicos, antrigripais, anti-eméticos e antibióticos. Indagados sobre o número de medicamentos utilizados nos últimos 15 dias, constatou que 42,5% consumiram mais de um medicamento. Dentre os medicamentos que possuem costumeiramente em casa estão os AINES, sobretudo o paracetamol (12,6%) e o dipirona (5,9%). 42,5% dos gerontes afirmaram já terem apresentado reações adversas a medicamentos, tais como dor no estômago, coceira, dor no corpo, dor de cabeça, inchaço e vermelhidão.
CONCLUSÃO:
Os dados do presente estudo corroboram com as indicações encontradas na literatura nacional e internacional em relação ao uso de medicamentos por pessoas vivendo a terceira idade, em particular a polifarmácia, a automedicação, o desconhecimento sobre indicações e possíveis efeitos colaterais, incluindo as complicações decorrentes das interações medicamentosas. Tais problemas, quando associados à baixa escolaridade, aos rendimentos incompatíveis com as necessidades básicas dos idosos, além de alterações no estado cognitivo e variados graus de dependência, dão a dimensão da complexidade que a denominada “rede básica” ou “atenção primária” está trabalhando atualmente tendo em vista o envelhecimento da população. O fato é que o uso de medicamentos entre os idosos assume, cada vez mais, inegável importância como estratégia terapêutica para compensar as alterações sofridas com o processo de envelhecimento ou visando controlar doenças crônicas bastante freqüentes na terceira idade. Frente ao exposto, foi possível observar a necessidade da realização de ações de assistência para a promoção da saúde do idoso, tais como a realização de atividades educativas junto aos mesmos com o intuito de promover o uso racional de medicamentos.
Palavras-chave: Idosos, Polifarmácia, Uso de Medicamentos.