64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
UTILIZAÇÃO DE IMAGENS ASTER GDEM PARA O MAPEAMENTO DE UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS EM UMA BACIA EXPERIMENTAL NO CERRADO.
Alexandre Messias Reis 1,3
João Paulo Sena Souza 2,3
Antonio Felipe Couto Jr. 2
Adriana Reatto 3,4
Éder de Souza Martins 3
1. Instituto de Geociências - Universidade de Brasília
2. Faculdade UnB Planaltina - Universidade de Brasília
3. Embrapa Cerrados
4. Dra./ Orientadora
INTRODUÇÃO:
A geomorfologia estuda os processos e formas do relevo em distintas escalas espaciais e temporais. Haja vista que o relevo apresenta-se como condicionante da distribuição dos solos, esse conhecimento geomorfológico constitui ferramenta importante de classificação das formas dos terrenos subsidiando os levantamentos pedológicos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desenvolveu os princípios básicos de ordenamento geomorfológico em diferentes níveis taxonômicos de análise. As Unidades Geomorfológicas destacam-se para a orientação em mapeamentos de solos, por serem definidas pelo arranjo das formas dos diversos tipos de modelados. Esse ramo da ciência foi impulsionado pelo desenvolvimento dos sensores orbitais, que facilitam a sistematização das informações e a disponibilização de dados detalhados sobre o relevo. Considerando o potencial desses dados, torna-se relevante o aprimoramento de procedimentos metodológicos. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi realizar a compartimentação do relevo de uma bacia experimental do Rio Sarandi (DF), inserida no bioma Cerrado, utilizando dados do sensor ASTER GDEM (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer Global Digital Elevation Model) para subsidiar o mapeamento de solos detalhado nessa bacia.
METODOLOGIA:
Neste trabalho foram utilizadas imagens do sensor ASTER GDEM, contendo dados digitais geograficamente referenciados dos valores de altitude do terreno. Esses dados foram tratados de acordo com as seguintes etapas: 1) aplicação de filtro de mediana, com intuito de reduzir a influência de valores espúrios gerados por interferências no sensor; 2) diferença entre os dados originais e filtrados, visando evidenciar as diferenças, tendo sido consideradas como válidas apenas as variações inferiores a 5 metros dos dados originais; 3) conversão desses dados matriciais em vetoriais para realizar a interpolação para a geração do Modelo Digital do Terreno (MDT), nessa etapa foi utilizado o algoritmo Topogrid. Após esse tratamento foram gerados os mapas derivados desse modelo e apresentados em composição colorida RGB. No canal referente ao Vermelho (R) foi inserida a altimetria, no Verde (G), a declividade, e no Azul (B) a curvatura de convexidade planar. Nessa composição, as regiões predominantemente vermelhas representam as altitudes mais elevadas, as regiões verdes áreas com alta declividade e as azuis realçaram os canais da hidrografia. Esses critérios foram utilizados para a delimitação das Unidades Geomorfológicas através da vetorização digital em tela.
RESULTADOS:
O primeiro nível geomorfológico delimitado foi o Domínio Morfoestrutural denominados de Cinturões Móveis Neoproterozóicos e o segundo corresponde a Região Geomorfológica denominada de Planalto do Distrito Federal. O terceiro nível categórico resultante dessa compartimentação da bacia do Rio Sarandi (DF) gerou quatro compartimentos denominados: Chapada (CHP), Frente de Recuo Erosivo (FRE), Rampa de Colúvio 1 (RC1), Rampa de Colúvio 2 (RC2), abrangendo, respectivamente a 42%, 13%, 23% e 22% da área de estudo. A CHP foi caracterizada por um relevo plano, em altitudes mais elevadas, a FRE, por um relevo muito declivoso composto por escarpas e as duas Rampas de Colúvio variando de um relevo plano levemente suave-ondulado em altitudes inferiores. Na CHP ocorrem predominantemente, os Latossolos Vermelhos e em topossequência em direção a FRE encontram-se os Latossolos Vermelho-Amarelos e os Latossolos Amarelos plínticos. Na borda da chapada (FRE), observa-se a predominância de Cambissolos Háplicos associados aos Plintossolos Pétricos e Plintossolos Háplicos e nas RC1 e RC2 respectivamente os Latossolos Vermelhos e a associação de Latossolos Vermelhos, Gleissolos Háplicos e Neossolos Flúvicos.
CONCLUSÃO:
Os procedimentos metodológicos empregados mostraram-se eficientes para o tratamento de interferências oriundas do sensor para geração de um MDT com menor influência das diferentes coberturas, como por exemplo, vegetação elevada ou mesmo estruturas construídas. A partir desse MDT, a obtenção de mapas derivados, proporcionou a geração da composição colorida consistente e a delimitação aperfeiçoada das unidades geomorfológicas. Essa abordagem contribui para o mapeamento geomorfológico sistemático e para a orientação dos levantamentos pedológicos.
Palavras-chave: Modelo Digital de Terreno, Mapeamento Geomorfológico, Mapeamento Pedológico.