64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho

TRABALHO ARTESANAL NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA – PARÁ

Deizeane Costa dos Santos 1 Genisson Paes Chaves 2 Erica Cristina Almeida Lopes 3 Andréa Bittencourt Pires Chaves 4

1. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas-Faculdade de Ciências Sociais –UFPA 2. Coord. de Ciências Humanas - Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG 3. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas- Faculdade de Ciências Sociais –UFPA 4. Profa. Dra./ Orientadora -Instituto de Filosofia e Ciências Humanas-Faculdade de Ciências Sociais - UFPA

INTRODUÇÃO:

O estudo busca compreender o processo de trabalho dos artesãos do município de Abaetetuba (PA) na produção do brinquedo de miriti, destinado à venda em muitas festividades, como o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (maior festa religiosa dos paraenses), onde o brinquedo é considerado como um dos símbolos mais importantes e significativos. Nesse sentido, objetiva-se analisar os aspectos socioculturais e ambientais relacionados à produção artesanal. Além da comercialização do brinquedo,sua comercialização e a criação do Festival MIRITIFEST. Percebe-se, que por trás do trabalho dos artesãos, há uma variada rede de relações sociais, envolvendo vários agentes, desde a poda da matéria-prima até a produção e comercialização do artesanato, antes e durante as festividades. Desse modo, o interesse pelo artesanato no município ocorre em grande número no período das festividades, tal sazonalidade leva alguns artesãos a possuírem outro trabalho arraigado à confecção do artesanato nos períodos não festivos.

METODOLOGIA:

Utilizou-se de pesquisa e revisão bibliográfica acerca da temática em epígrafe, pesquisas de campo utilizando também referenciais sócio-antropológicos, tal estudo se baseou no uso da etnografia, contanto com a utilização de entrevistas estruturadas, realizadas no momento em que os artesãos confeccionavam os objetos artesanais. Além do mais, foi trabalhada a técnica de história de vida com os artesãos, no sentido de obter dados relativos às “experiências íntimas”, a respeito dos valores e significados em relação aos objetos produzidos pelos mesmos. Portanto, a estrutura do trabalho se dividiu em: discussões sobre o trabalho artesanal do brinquedo de miriti; sua produção, comercialização e a tradição das famílias do município no âmbito da atividade.

RESULTADOS:

O artesanato é uma ação social transformadora onde se constrói a heterogeneidade das manifestações culturais, bem como, parte da riqueza e simplicidade da expressão manual. O MIRITI, produto tropical extraído do MIRITIZEIRO ou BURITIZEIRO (Mauritia flexuosa), possui várias utilidades e signos culturais. Do broto tira-se a “Envira”, fibra que os artesãos utilizam para tecer redes artesanais. A tala ou braço, tirada das folhas, fornece a matéria-prima para os artesãos tecerem “paneiros” e brinquedos de formas variadas, tais como, cobras, barcos, casas dentre outros. Além de ser fonte de alimento, de onde se faz o vinho, o tradicional mingau, extremamente valorizado pela população paraense, além de bombons e bolos. Percebe-se que existem preocupações por parte das populações em relação ao esgotamento da matéria. Isso é perceptível na retirada dos brotos, por parte dos ribeirinhos, que retiram os “braços” mais maduros, deixando alguns brotos para que a palmeira não morra e que possa atender as necessidades futuras. Os braços secos são arrumados em rolos para serem vendidos aos artesãos na cidade. A confecção inicia nos ateliês, suas etapas são: corte, lixamento, montagem e pintura, com imaginação e criatividades particulares.

CONCLUSÃO:

A produção do brinquedo de miriti tem uma maior aceitação do mês de outubro em que presenciamos o Círio de Nazaré e no MIRITIFEST realizado no município, pois pessoas de outras localidades vem para estas festividades e levam lembranças que trazem o motivo de sua visita à cidade, nessas amostras está o brinquedo, um artesanato lúdico e colorido. É sempre bom lembrar que até a chegada do artesanato nas mãos do comprador, há um trabalho muito detalhista, envolvido em tradição, amor pela identidade que o MIRITIZEIRO nos dá que é o seu fruto que pode ser utilizado de diversas formas e acima de tudo encontra-se a preocupação com o meio ambiente. Contudo, essa preocupação em retirar da palmeira seu braço mais longo para não matá-la é levado muito a sério por todos os ribeirinhos, para que não agrida o meio ambiente neste município tão hospitaleiro e merecedor de ter como identidade o artesanato de brinquedo de miriti.

Palavras-chave: Trabalho artesanal, Artesanato de Miriti, Cultura.