64ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
Reciclagem de Materiais para Uso em Pavimentação
Luiz G. de S. Jesus 1
Alejandra Gómez 1
Márcio M. Farias 2
1. Depto.de Engenharia Civil e Ambiental - UNB
2. Prof. Dr./Orientador - Depto.de Engenharia Civil e Ambiental - UNB
INTRODUÇÃO:
A aceleração do processo de urbanização põem em evidência o enorme volume de resíduos de construção e demolição (RCD), que é gerado nas cidades brasileiras, e mostra que as municipalidades não estão estruturadas para o lidar estes resíduos e os problemas por eles criados.
No Distrito Federal, os materiais granulares usados para construção de pavimentos são escassos. Esse fato é preocupante, já que esses materiais granulares constituem mais de 90% do peso das diversas misturas utilizadas em pavimentos.
A idéia do uso do agregado reciclado poderia resolver estes dois problemas no DF, o de escassez de material, já que os RCD são compostos por diversos materiais naturais, e o segundo a contaminação ambiental devido à má disposição desses materiais seria reduzida.
Avaliou-se a composição do RCD proveniente da demolição do estádio Mané Garrincha na cidade de Brasília. Ensaios de caracterização física e mecânica, usados na caracterização de agregados naturais foram aplicados sobre o material, a fim de verificar as suas propriedades para ser utilizado como material na construção de bases para pavimentos rodoviários e tentar validar a aplicação do material alternativo na construção de pavimentos no DF.
METODOLOGIA:
Foi estudada a natureza dos materiais por separação dos materiais contituintes do RCD (concreto, argamassa, telha, tijolo, brita, entre outros). Então, foi definida a granulometria do material usando a norma DNER-ES 080/94. Determinou-se a resistência a abrasão na máquina de Los Angeles, seguindo a norma DNER-ES 080/94. Usaram-se as normas DNER086/94 e DNER-ES 080/94, para obter-se a forma dos grãos antes e após compactação, respectivamente.
A massa específica e a absorção do RCD foram calculadas seguindo as normas: DNER-ME 094/98 e DNER-ME 084/95, para agregado miúdo e DNER-ME 195/97, para o graúdo.
A razão e o comportamento das frações de areia e argila foram medidos pelas normas: DNER-ME 054/97 e BS 1377-2:1990, respectivamente.
A caracterização mecânica foi feita por meio da medição resistência à penetração e expansibilidade do material, com o ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC), regido pela norma - NBR 9895/87, e o ensaio de compactação a partir da faixa “C”, regida pela norma NBR 7182. Após cada compactação foi medido o quanto os grãos foram degradados, utlizando a norma DNER-ME 398/99.
RESULTADOS:
A granulometria do RCD avaliado está entre os limites da faixa C do DNER, mesmo após ser compactado. O RCD é composto principalmente por concreto e argamassa e tem apenas 0,5% de contaminantes, madeira, plástico e metal. O índice de forma apresentou um resultado de 0,9. Porém com uma perda por abrasão de 35%.
A massa específica do agregado miúdo é de 2,73 g/cm³, do agregado graúdo é de 2,14 g/cm³ e a absorção é de 7,97%.
O RCD não é plástico, porém seu limite de liquidez é 33%. O ensaio de equivalente de areia apresentou um valor de 75%.
Compactado com energia normal, o material teve umidade ótima de 12% e γmáx =16,8 kN/m³. Já na intermediária, a umidade ótima foi de 15% e γmáx =19,2 kN/m³. Já na energia modificada γmáx =19,3 kN/m³, na umidade de 12%. O índice de degração, para as energias normal, intermediária e modificada, foi 5,6%, 6,8% e 11,2%, respectivamente
O ISC do agregado reciclado apresentou os valores de 50%, 117% e 216%, para as energias normal, intermediária e modificada. Porém não apresentou nenhuma expansão.
CONCLUSÃO:
O RCD é considerado agregado reciclado de concreto (ARC) e o teor de contaminantes está conforme NBR-15115. A perda por abrasão está conforme a norma NBR-11804.
Segundo Neville (1997), a massa específica para agregados varia de 2,60 g/cm³ a 2,70 g/cm³, o que está perto do encontrado. Porém, o RCD estudado teve absorção abaixo da que obteve Carneiro et al. (2001), 10,4%.
O material não é plástico e tem limite de liquidez de 33%. Valor superior ao recomendado em NBR EB-2103. Porém, comprovou-se pelo ISC, que o RCD não é expande.
O ensaio de equivalente de areia teve um valor que atende à NBR-EB-2103, o que atesta que o material tem poucos materiais plásticos que causam deformações.
O índice de forma mostra que o agregado reciclado é cúbico, implicando em uma boa capacidade de intertravamento dos grãos.
Quando compactado, os grãos quebraram-se, isso segundo Leite (2007) evita degradações durante a vida útil. O ISC do RCD atende a norma NBR-15115.
Palavras-chave: RCD, Agregado reciclado, Camada de base.