63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
ANÁLISE SOBRE OS ESPAÇOS DE CONFLITO CENTRO X PERIFERIA SOB A ÓTICA DOS MANIFESTANTES POPULARES
Mali Raiol 1
Wagner de Sousa e Silva 2
1. Graduanda do curso de Licenciatura em Quimica-IFMA (Bolsista PIBITI/IFMA)
2. Prof.Msc./Orientador- Dpto de Educação - IFMA
INTRODUÇÃO:
O respectivo projeto se propõe a realizar uma análise de modo diferenciado sobre os espaços citadinos, centro x periferia em São Luis-MA, tendo como recorte temporal o período de 1920 a 1940. Considerando o corte temático a ótica das manifestações populares, ou seja, como os mesmos se apropriavam dos espaços na urbe e tornando-os locais por excelência de atuação de suas manifestações, conforme seus ditames. Para tanto, infere-se que neste momento a capital passara por um processo de disciplinamento dos seus espaços e fenômeno cultural, culminando em estratificações sociais.Dentre as diversas manifestações de cunho popular, destacavam-se as diversas brincadeiras de bumba-meu-boi, que insistiam incessantemente em percorrerem as ruas da urbe, mesmo quando havia proibições por parte dos órgãos governamentais. Os populares por sua vez, buscavam as brechas proporcionadas pelo sistema, e assim, criavam meios de manterem vivas as suas brincadeiras.
METODOLOGIA:
Trabalhamos com algumas fontes, a saber: fontes orais, onde foram entrevistadas um número aproximado de oito pessoas, brincantes e atuantes do bumba-meu-boi. Fontes impressas (jornais, boletins e revistas). Fontes Documentais, tais como: Diário Oficial do Estado do Maranhão(1906-1940), Códigos de Posturas, Petições, Documentos da Secretária de Polícia do Estado do Maranhão. Fontes Iconográficas, devido à necessidade de tentar mensurar a configuração estética urbana do período. Para tanto, houve a necessidade de catalogar toda essa documentação, almejando compreender as relações sociais daquele período. Ademais, na tentativa de estruturar a historiografia sobre a perseguição as manifestações populares, para tanto, surgiu a necessidade de consultar a bibliografia especializada no tema.
RESULTADOS:
Consultando os documentos do período, percebemos que apesar das perseguições, os brincantes encontraram algumas estratégias de resistência que permitiram a sua participação na república que ora se instalara na cidade. A princípio, a dança foi proibida no centro da cidade; depois, normatizada, com data e hora marcada; outras vezes, imposta pelos seus brincantes e muitas vezes praticada com a participação da própria sociedade que a denunciara.O nosso objetivo é investigar as ambigüidades que permearam os discursos e as práticas do bumba-meu-boi em São Luís, MA, de 1920-1940, para tanto, utilizaremos os jornais e os documentos oficiais, utilizado pelas elites ludovicenses, como veiculo de persuasão. A delimitação deste período justifica-se por ser uma época de grandes mudanças no cenário nacional, tanto no sentido material quanto imaterial, que será vivenciado intensamente pela capital maranhense nos primeiros momentos da República.Explorar a relação entre as práticas das manifestações populares e a cidade de São Luís, nos primeiros anos da República, possibilita outra visão da história da cidade, ainda pouco explorada pela historiografia maranhense. Percebe-se que se faz mister um estudo que vise explanar as relações de força –resitência- nos espaços urbanos e conseqüentemente o recebimento destas ações governamentais impostas através do discurso por classes sociais ditas dominantes em detrimento das dominadas, e apropriação/significação dos espaço urbanos pelos populares.
CONCLUSÃO:
A pesquisa está em fase de conclusão, que resultou em relatório, embasados em dados teóricos e empíricos (diversas fontes) a partir de documentos consultados acerca da história da cidade, pode-se inferir: Se houve perseguição aos participantes de “bumba” no período de 1920 a 1940, de acordo como conseguimos constatar nas fontes pesquisadas, e a brincadeira apesar das situações infensas continuam a perdurar até os dias atuais, implica dizer, que houve resistência. No que diz respeito a espaço-território, de um lado, percebemos que as elites e as autoridades tencionavam dicotomizar o espaço urbano: o “centro civilizado” para si e os “subúrbios” ou “arrabaldes” para os populares. Mas percebemos, também, que estes últimos nem sempre aceitavam essa segregação espacial. Neste processo, o Governo busca medidas para ordenar os brincantes. Por outro lado, as pessoas saíam do “centro” para irem para o Anil (bairro), assistir as brincadeiras populares. Então, há um jogo entre polarização e articulação entre os dois espaços. Assim, procuraremos discutir esses dois espaços da seguinte forma: tanto pela ótica dos conflitos e polarizações quanto, em uma perspectiva dialógica, apreendendo a sua interatividade, comunicação, e/ou “troca” com as Políticas Públicas estatais
Palavras-chave: Espaços urbanos, Resistência, Cultura.