63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
ENTOMOFAUNA DE INTERESSE MÉDICO SANITÁRIO EM EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS NO SUDESTE TOCANTINENSE
Pedro Heber Estevam Ribeiro 1
Anivaldo Romeiro Vasco 2
Ademilton Alves Guimarães 2
1. Prof. MsC./ Orientador - Curso de Biologia do CEULP/ULBRA
2. Iniciação científica do curso de Biologia do CEULP/ULBRA
INTRODUÇÃO:
A implantação de grandes empreendimentos de desenvolvimento regional freqüentemente levam à migração de pessoas de uma região para outra e conseqüentemente a proliferação de doenças entre os humanos, especialmente aquelas transmitidas por insetos. Dípteros vetores das famílias Psichodidae, Culicidae e Simulidae são potenciais transmissores da malária, febre amarela, dengue, leishmaniose, oncocercose, dentre outras doenças. A migração de trabalhadores e familiares de regiões reconhecidamente endêmicas para algumas doenças como malária, leishmaniose, febre amarela, filariose, doença-de-chagas, etc., advindos dos estados do Pará, Maranhão, Amazonas, Acre, Rondônia, Minas Gerais, etc., pode ser um fator de risco para a saúde humana. Muitos dos vetores destas doenças foram registrados no entorno das PCH’s Areia e Água Limpa, aumentando a chance de veiculação dos agentes etiológicos. Levantamentos de invertebrados de interesse médico sanitário das regiões onde serão construídas as usinas hidrelétricas é condição essencial para que se possa prever possíveis alterações nos níveis populacionais de espécies presentes na área, principalmente aquelas transmissores de doenças. Além disso, esses dados servem de base para pesquisas e monitoramento das populações de invertebrados nessas regiões.
METODOLOGIA:
O presente levantamento entomofaunístico foi realizado nos períodos de janeiro, abril e agosto de 2008, julho e outubro de 2009 e fevereiro de 2010 na área do entorno dos reservatórios das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) Areia e Água Limpa, no sudeste tocantinense. Foram realizadas capturas pela manhã das 7 às 10h e à noite das 18 às 22h, utilizando capturadores de sucção de Castro. Também foram instaladas armadilhas luminosas tipo CDC (Central Disease Control), sendo uma CDC no intradomicílio, próximo ao dormitório, outra no peridomicílio próximo ao poleiro das galinhas, e outra no extradomicílio, em mata próximo a um corpo d’água. As armadilhas foram montadas à altura de 1,5m do solo, com intervalo de 12 horas de exposição, com início às 18 horas e término às 6 horas da manhã do dia seguinte. Também foram realizadas entrevistas com moradores da região para obtenção de informações sobre casos de doenças como malária, febre amarela, dengue, leishmaniose, esquistossomose, doença de chagas e outras.
RESULTADOS:
Das 55 espécies registradas, podemos destacar algumas espécies vetoras na área de influência das PCH’s Areia e Água Limpa, sendo Anopheles darlingi e Anopheles albitarsis descritas como potenciais transmissores da malária, sendo A. darlingi reconhecidamente o mais eficiente transmissor das várias espécies de Plasmodium spp. Também foram registradas as espécies Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia whitmani, onde L. longipalpis está descrita como o principal transmissor da leishmaniose visceral, também conhecida como calazar e L. whitmani transmissora da leishmaniose tegumentar ou cutânea, muito comum entre moradores da região do entorno do empreendimento. Muitas espécies do gênero Culex sp e Aedes sp são potenciais transmissores de microfilarioses e dengue respectivamente e Culicídeos dos gêneros Haemagogus sp e Sabethes sp podem transmitir a febre amarela silvestre. Para que a maioria das endemias veiculadas por estes vetores possa ser transmitida ao homem, é necessário que estes dípteros entrem em contato com a pessoa ou animal infectado pelo agente etiológico, ou seja, a simples presença do vetor não confirma a presença da doença. Recomenda-se a implantação de programas permanentes de vigilância epidemiológica e educação ambiental para a efetiva prevenção e controle de endemias.
CONCLUSÃO:
A formação de reservatórios para a construção de usinas hidrelétricas tem sido um fator de alterações nas populações de insetos de importância médico sanitária, com possibilidade da potencialização de doenças endêmicas. Desta forma, estudos como este que apontam a influência da criação de lagos artificiais na proliferação de doenças transmitidas por insetos no sudeste do estado do Tocantins são de grande importância na prevenção e controle de endemias em apoio ao sistema de vigilância epidemiológica.
Palavras-chave: entomofauna, vetores, hidrelétricas.