63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
DANÇANDO CONFORME A MÚSICA: ENTRE A LEGALIDADE E A TRANGRESSÃO, O BUMBA-MEU-BOI NA CIDADE DE SÃO LUIS-MA NOS IDOS DO SÉCULO XX
Nathália Macêdo Muniz Sousa IFMA
Wagner de Sousa e Silva IFMA
1. Graduanda do curso de Licenciatura em Matemática – IFMA (Bolsista PIBIC-FAPEMA).
2. Prof.Msc./orientador -Depto de Educação-IFMA
INTRODUÇÃO:
Neste presente trabalho, fruto do projeto de pesquisa PIBIC/FAPEMA, procurou-se abordar questões canalizadas à prática do bumba-meu-boi (BMB) no Maranhão, especificamente na cidade de São Luis, nos idos século XX. Considerando, que as práticas das brincadeiras sempre estiveram associadas à barbárie naquele recorte histórico, além do mais, ao exporem suas manifestações pelas ruas da cidade, os brincantes eram rotulados/estereotipados pela alcunha de vagabundos e/ou desocupados. Todavia, estes populares, mesmo diante das adversidades, engendraram mecanismos de resistências, almejando desfilar pela urbe. Para tanto, buscou-se as “brechas” proporcionadas pelas Leis, fazendo uso das licenças, expedidas pela Secretária de Policia do Estado do Maranhão, na ausência de deferimento por parte deste órgão, muitos brincantes ignoravam a suposta legalidade.
METODOLOGIA:
Trabalhou-se com algumas fontes, a saber: fontes orais, onde foram entrevistadas um número aproximado de nove pessoas, brincantes e atuantes do bumba-meu-boi. Fontes impressas (jornais, boletins e revistas). Fontes Documentais, tais como: Diário Oficial do Estado do Maranhão(1906-1920), Códigos de Posturas, Petições, Documentos da Secretária de Polícia do Estado do Maranhão. Fontes Iconográficas, devido à necessidade de tentar mensurar a configuração estética urbana do período. Para tanto, houve a necessidade de catalogar toda essa documentação, almejando compreender as relações sociais daquele período. Ademais, na tentativa de estruturar a historiografia sobre a perseguição as manifestações populares, para tanto, surgiu a necessidade de consultar a bibliografia especializada no tema.
RESULTADOS:
O ponto crucial do trabalho gira em torno das perseguições ao bumba-meu-boi, praticadas pelas autoridades policiais e governamentais, subsidiadas pelos decretos e códigos de postura municipais, que visavam disciplinar o povo e a cidade. Por outro lado, percebe-se também a resistência dos manifestantes, ou seja, os brincantes desta festança, que apesar das perseguições, continuaram praticando e transmitindo essa atividade cultural por muitas gerações. O recorte temporal deve-se ao fato das primeiras décadas do século XX, período que detectamos de forma mais intensa a dialética, perseguição/resistência em relação ao BMB. A primeira hipótese levantada sobre a perseguição advém do fato de ser esta uma manifestação proveniente de classes subalternas, com presença significante dos negros. A outra está associada ao fato de São Luis, assim como a maioria das cidades brasileiras do período, comungava os ideais de modernidade e progresso, sendo necessário por isso, ocultar essas manifestações populares, que poderiam denunciar a situação de atraso e barbárie. Por conseguinte, sendo denominada como um risco para o bem estar social, devido a sua proveniência, no caso, dos meios populares e marginalizados.
CONCLUSÃO:
A pesquisa está em fase de conclusão, contudo, embasados em dados teóricos e empíricos (diversas fontes) a partir de documentos consultados acerca da história da cidade, pode-se inferir: Se houve perseguição aos participantes de “bumba” nos idos do século XX, como nos apontou as fontes pesquisadas, e a brincadeira apesar das adversidades perduram até os dias atuais, conclui-se que houve resistência. Com efeito, a pesquisa detectou um cenário paradoxal, posto que, a priori o Estado, era o principal elemento repressor, fazendo uso da violência física e simbólica, contudo posteriori, o mesmo se apresenta como o principal incentivador! Em outros termos, o Estado que perseguia, hoje protege os Brincantes!. Nesta acepção o trabalho diagnosticou que as referências feitas às brincadeiras populares, nem sempre foram positivas conforme propagadas pelos veículos midiáticos ao se referir ao Estado do Maranhão.
Palavras-chave: Perseguição, Resistência, Cultura.