63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
REPERCUSSÕES DA RESTRIÇÃO CALÓRICA DURANTE O ENVELHECIMENTO PARA A MUSCULATURA INTESTINAL DE RATOS
Mônica de Oliveira Belém 1
Carla Possani Cirilo 2
Maria Raquel Marçal Natali 2
Eduardo José de Almeida Araújo 3
1. Iniciação Científica, Biomedicina, Universidade Estadual de Londrina – UEL
2. Depto. Ciências Morfológicas, Universidade Estadual de Maringá – UEM
3. Orientador, Depto. Histologia, Universidade Estadual de Londrina – UEL
INTRODUÇÃO:
A senescência é um processo natural durante o qual as funções biológicas tendem progressivamente a perder sua homeostasia. Esta é uma característica que é observada em todos os seres vivos, e que chama a atenção de pesquisadores preocupados com a qualidade de vida humana, visto que é no final deste processo que surgem muitas doenças que causam morbidade. Por outro lado, sabe-se que hábitos de vida diária podem acelerar ou reduzir a velocidade deste processo. Neste sentido, há uma rica discussão sobre as possíveis contribuições de uma restrição da ingestão calórica (RC) abaixo do ad libitum, sem causar desnutrição. Estudos experimentais têm demonstrado que a RC pode diminuir a incidência de algumas doenças, como o câncer e o diabetes. Deve-se considerar também que a redução das funções biológicas durante a senescência é fruto de alterações morfológicas que ocorrem em diferentes tecidos e órgãos. Alguns desses parecem ser menos resistentes a estas mudanças, sobretudo aqueles que têm maior potencial de regeneração. Pouco se sabe sobre as repercussões que a RC pode ter sobre a biologia tecidual de animais envelhecidos, sobretudo órgãos do próprio sistema digestório. Dessa forma, este estudo buscou avaliar as repercussões da RC para a túnica muscular do intestino delgado de ratos envelhecidos.
METODOLOGIA:
Foram utilizadas amostras do duodeno e íleo de 12 ratos Wistar machos (Rattus novergicus) com 7 meses de idade, assim distribuídos: GC (alimentados ad libitum dos 7 aos 18 meses de idade), e GRC (alimentados com 50% da ração consumida – restrição calórica – pelo GC dos 7 aos 18 meses de idade). Os procedimentos utilizados neste estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da UEM. Aos 18 meses de idade, os ratos foram anestesiados intraperitonealmente com Tiopental sódico (Thionembutal®) (40mg/kg do peso corporal). Realizou-se laparotomia para remoção do duodeno e íleo, os quais foram fixados em Bouin por, no mínimo, 48h e, em seguida, foram submetidos à rotina histológica para obtenção de cortes de 7 µm corados com Hematoxilina e Eosina (HE). Para mensurar a túnica muscular, imagens da parede de cada órgão foram capturadas por uma câmera digital (MOTICAM2000) acoplada a um fotomicroscópio (Axiophot, Zeiss), valendo-se da objetiva de 20x. Por intermédio do software Motic Images Plus versão 2.0, foram realizadas 80 medidas de cada uma das três estruturas: (1) túnica muscular total, (2) estrato circular e (3) estrato longitudinal da túnica muscular. Os grupos foram comparados pelo teste Mann-Whitney considerando 5% como nível de significância.
RESULTADOS:
A túnica muscular do íleo sofreu mais alterações com a restrição calórica quando comparada a do duodeno. Observou-se que no duodeno, somente o estrato longitudinal teve alteração significativa, um aumento de 2,1% (p<0,05). Já no íleo, seu aumento foi de 15,5% (p<0,05), provocando um espessamento da túnica muscular total de 4,6% (p<0,05). Destaca-se que o estrato circular não foi alterado pelo experimento. Considerando o papel fisiológico desses estratos, podemos inferir que o aumento da espessura do estrato longitudinal pode colaborar com uma maior força de tração de alimentos no sentido oral-aboral, contribuindo assim para um melhor fluxo do trânsito intestinal. A ausência de alterações do estrato circular, em detrimento do espessamento do estrato longitudinal, pode ser compreendida como uma preferência do organismo animal, em envelhecimento, de otimizar sua musculatura envolvida no peristaltismo, quando comparada à musculatura envolvida nos movimentos de mistura. É importante considerar que músculos são órgãos efetores e que, no caso da musculatura avaliada neste estudo, o sistema nervoso entérico é o seu principal componente regulador. Por isso, estudos que avaliem as repercussões da restrição calórica sobre este sistema são necessários, para verificar associações com as mudanças morfométricas da musculatura intestinal.
CONCLUSÃO:
A restrição calórica durante o envelhecimento de ratos provoca espessamento do estrato longitudinal da túnica muscular do duodeno e do íleo, no entanto o estrato circular permanece inalterado.
Palavras-chave: Restrição calórica, Envelhecimento, Musculatura intestinal.