63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
Efeitos do tratamento com extrato etanólico de folhas de Azadirachta indica A. Juss (MELIACEAE) sobre o comportamento sexual de ratos.
Greice Daniella de Paiva 1
Vanessa Rafaela Milhomem Cruz 1
Loraine da Silva Carvalho 1
Walter Dias Junior 1
Marcos Fernando Oliveira e Costa 2
Renata Mazaro e Costa 1,3
1. Laboratório de Fisiologia e Farmacologia da Reprodução - LFFR, DCiF-ICB/UFG
2. EMBRAPA - Gado de Corte - MS
3. Profa. Dra/ Orientadora - LFFR, DCiF-ICB/UFG
INTRODUÇÃO:
A busca por métodos contraceptivos volta-se para o controle reprodutivo masculino, sendo necessário o desenvolvimento de um fármaco que possua eficácia em inibir a espermatogênese e segurança para não interferir no comportamento sexual. Um dos alvos para o estudo do controle reprodutivo são as espécies vegetais. Várias pesquisas mostraram que metabólitos derivados da espécie Azadirachta indica (Meliaceae, conhecida como Neem) apresentam efeitos contraceptivos sobre o aparelho reprodutor masculino. Assim, ao entender que essa espécie possui ação negativa sobre a espermatogênese, o objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos do extrato etanólico (EEA) de folhas de Azadirachta indica sobre o comportamento sexual de ratos Wistar.
METODOLOGIA:
O extrato etanólico (EEA) foi preparado com folhas de Azadirachta indica . O material vegetal foi seco, triturado e extraído em etanol, conduzindo ao EEA, posteriormente diluído em tween80 3% para ser administrado nos animais. Foram utilizados ratos adultos (90 dias, pesando 350 g em média) tratados durante 30 dias,v.o., distribuídos em Grupo Tratado (T; n=5) que recebeu EEA, 500mg.kg-1.dia-1; e Grupo Controle (C; n=6) que recebeu tween80 3% como veículo. Os animais foram previamente avaliados quanto à capacidade fértil, somente após confirmação da fertilidade, os animais foram tratados e o comportamento sexual foi avaliado ao final do tratamento. Foram observados: as latências da 1a monta, da 1a intromissão, da 1a ejaculação, da 1a monta pós-ejaculação e da 1a intromissão da pós-ejaculação, assim como os números de montas, de intromissões e de ejaculações totais. Para a avaliação do comportamento sexual os dados foram submetidos ao teste estatístico não-paramétrico de Mann-Whitney (p<0,05).
RESULTADOS:
A avaliação do comportamento sexual não demonstrou alteração significativa dos eventos analisados. Os dados estão entre parênteses e apresentados em mediana e IC95%. Os resultados obtidos foram semelhantes entre os grupos em todos os parâmetros avaliados, a saber: nas latências da primeira monta (C: 18,5 ± 10,4, T: 42,0 ± 42,3), da primeira intromissão (C: 20,5 ± 10,0; T: 47,0 ± 41,2), da primeira ejaculação (C: 1343,0 ± 580,7; T: 196,0 ± 101,9), da primeira monta pós-ejaculação (C: 403,0 ± 0,0; T: 310,0 ± 7,8) e da primeira intromissão pós-ejaculação (C: 403,0 ± 0,0; T: 338,5 ± 48,0); e nos números de montas (C: 12,5 ± 5,7; T: 10,0 ± 4,6), de intromissões (C: 19,5 ± 12,4; T: 26,0 ± 13,9) e de ejaculações totais (C: 0,5 ± 0,6; T: 0,0 ± 1,7). Vários estudos demonstraram o efeito espermatotóxico de Azadirachta indica (Meliaceae), contudo os resultados obtidos não demonstraram efeito negativo sobre comportamento sexual. Esse resultado é interessante, pois apesar dos efeitos negativos sobre a espermatogênese, o interesse sexual (latência de monta, intromissão e ejaculação) e a potência sexual (número de ejaculação) não foram modificados pelo tratamento.
CONCLUSÃO:
O tratamento com Azadirachta indica não promoveu modificação no comportamento sexual dos animais, mostrando-se segura, neste aspecto reprodutivo, na dose e tempo de tratamento usados nesse estudo.
Palavras-chave: Azadirachta indica, Comportamento Sexual Masculino