63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO DA DEPEDÊNCIA QUÍMICA: UM DESAFIO PARA O PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL
Celisa Aparecida Silva de Barros 1
Leandro Henrique de Araújo Leite 2
1. Professora. UNIASSELVI
2. Professor. Universidade Anhanguera Uniderp
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas a dependência química deixou de ser julgada através do senso comum, como uma questão vinculada a marginalidade e falta de caráter, sendo reconhecida como problema de saúde pública conforme a Organização Mundial de Saúde. Em consequência desta realidade configurou-se uma atuação interdisciplinar com a finalidade de um atendimento bipsicossocial. O profissional de Serviço Social torna-se imprescindível nesta equipe interdisciplinar, considerando sua atuação na promoção a inserção social dos dependentes químicos, no acesso a bens e serviços levando ao exercício da cidadania deste usuário, bem como o acompanhamento do mesmo no tratamento da adicção. A pesquisa aqui relatada imergiu do trabalho direcionado ao serviço social na Comunidade Terapêutica Antônio Pio da Silva (COMTAPS), “Centro de Tratamento de Dependência Química Álcool e Droga” onde é oferecido tratamentos a toxicômanos do sexo masculino com idade mínima de 18 anos.
METODOLOGIA:
A metodologia de pesquisa utilizada foi a qualiquantitativa, uma vez que a preocupação é a de compreender a realidade vivida pelos 25 internos da COMTAPS, de forma objetiva e subjetiva, utilizando o método da observação individual e grupal e do estudo de caso no acompanhamento dos usuários em seu tratamento. A priori da análise foi identificar os aspectos que permeiam o alto índice de desistência e rotatividade nos tratamentos dos adictos, investigando as situações de vulnerabilidade e a dinâmica relacional familiar a qual se estabeleceu durante o período de adicção ativa dos dependentes químicos.
RESULTADOS:
Os profissionais de Serviço Social de modo empírico constataram como uma das principais causas da desistência do tratamento: a falta do convívio familiar o qual outrora não era vivenciado na adicção ativa, tendo estes sentimentos potencializados com a sobriedade; dificuldade na adaptação as regras para o bom convívio coletivo e comorbidades associadas, como a depressão, ansiedade, fobia social, dentre outras. Tais fatores incidem negativamente na conclusão do tratamento, ocasionando as desistências e rotatividades no tratamento, com o intuito de recuperar o tempo perdido com a família. A presente realidade diagnosticada, fez com que o serviço social intensificasse as reuniões familiares, bem como o acompanhamento destas, articulando-se com os grupos de apoio a família. Assim, auxiliando os familiares na sua co-dependência.
CONCLUSÃO:
A experiência supracitada aponta para uma imprescindível atuação do assistente social no tratamento da dependência química do usuário e sua família, a qual infere na efetivadade do mesmo. Constatou-se que a motivação da família, bem como sua capacidade de ponderar entre a manipulação para não concluir o tratamento e a real necessidade do mesmo em se manter neste, é um desafio constante para o serviço social no decorrer do tratamento. O trabalho entre o assistente social em consonância com o psicólogo é extremamente necessário, na compulsividade e conseqüentemente na busca da sobriedade do interno, ou seja, a interface entre estas áreas é o reflexo do funcionamento do ser humano, biopsicosocial.
Palavras-chave: Serviço Social, Dependência Química, Tratamento.