63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
PARQUE DE USO MÚLTIPLO OLHOS D’ÁGUA: UM ESPAÇO EDUCADOR?
Janielly da Silva Lima 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
Este trabalho buscou identificar se o Parque de Uso Múltiplo Olhos D`Água é um espaço educador por meio da análise de suas estruturas e mecanismos. O termo “estruturas” foi usado no sentido de condições físicas, ou seja, das condições materiais que o Parque dispõe. Os “mecanismos” foram entendidos como ações e atividades que orientam os visitantes diante das estruturas existentes no Parque. O estudo do Parque Olhos D’Água teve como objetivos: analisar mecanismos e elementos que tornam o Parque um espaço educador, ou que faltam para torná-lo este espaço; caracterizar a relação que o público e a sociedade (parceiros) têm com o Parque de Uso Múltiplo Olhos D’Água; identificar o significado que a educação ambiental tem para o local; levantar o perfil dos usuários do Parque; mapear as atividades de educação ambiental realizadas no local e identificar e caracterizar elementos de um espaço educador presentes no Parque responsáveis por incutir em cada visitante do grupo pesquisado noções de educação ambiental, capazes de despertá-los para o ato da conscientização do uso de um espaço público que atende públicos diversos com anseios também distintos.
METODOLOGIA:
Para realização deste trabalho foi aplicado um questionário contendo 15 questões para 350 pessoas. Sua aplicação levou um tempo de oito dias, incluindo dias úteis e finais de semana, nos períodos da manhã, tarde e noite. A abordagem das pessoas foi feita na entrada principal do Parque. As questões buscaram delinear o perfil desses frequentadores, com aspectos como sexo e idade das pessoas, ocupação, horas que trabalha por semana, escolaridade, onde mora, média de frequência de visitação ao Parque, e há quanto tempo o frequenta.
Também foi indagado se as pessoas conhecem como o Parque foi criado, quais os motivos que as levam a frequentá-lo, como consideram sua situação em relação à manutenção e estrutura hoje, quem elas acham que são os responsáveis por mantê-lo bem cuidado, a importância que atribuem ao fato de haver um parque próximo as suas casas, se conhecem ou já participaram de alguma atividade de Educação Ambiental dentro do Parque e se pensam que os frequentadores podem contribuir para manter ou melhorá-lo. A segunda fase da coleta de dados foi constituída pelas entrevistas com representantes da presidência dos parques de Brasília, administração local, um participante da extinta Associação dos Amigos Protetores do Parque Olhos D`Água e um dos seus parceiros.
RESULTADOS:
O grupo amostrado correspondeu a 59,14% de mulheres, sendo que da população total envolvida na pesquisa, 38,28% têm entre 19 e 30 anos. Quanto à escolaridade, 47,14% tem ensino superior completo. Com relação à média de frequência de visitação ao Parque, 21,14% o frequentam de 3 a 5 vezes por semana. Em relação à responsabilidade por manter o Parque bem cuidado, 35,59% afirmaram que a administração tem maior parcela da responsabilidade, seguida pelos próprios frequentadores, o que representa 31,34%. Baseado nesta informação pode-se inferir que os frequentadores tomam para si parte considerável da responsabilidade em cuidar e manter um patrimônio que lhes serve para diversificados fins. No Parque também não parece haver uma intencionalidade educativa no seu propósito, mas existem alguns sujeitos que contribuem ou contribuíram para isso, tais como a extinta Associação dos Amigos Protetores do Parque Olhos D`Água, a escola Classe da SQN 415 e alguns frequentadores que eventualmente proporcionam alguma melhoria na estrutura física do espaço. A análise dos dados demonstrou que grande parte de seus visitantes moram nas suas redondezas e que consideram importante ter um parque perto de casa porque este tem o potencial de contemplar a natureza em meio às residências e comércio.
CONCLUSÃO:
O Parque dispõe de uma boa estrutura física, conforme afirmado pelos participantes da pesquisa e que atende aos mais variados anseios. As estruturas existentes no Parque, tais como lixeiras, placas informativas seja com poesias sobre a natureza ou de normas estabelecidas a serem respeitadas, conduzem a mecanismos de atenção, reflexão e talvez, à consciência da importância de cuidar de um espaço que recebe e agrada aqueles que têm contato com ele. No entanto, a intencionalidade educadora precisa partir do poder público, da administração e dos parceiros do Parque. As pessoas não o frequentam com a intenção primeira de se educarem para ou no ambiente, nem mesmo seus parceiros o abraçam com tal prerrogativa, embora o espaço esteja ali disponível, os objetivos dependendo do grupo que tem relação com o Parque são direcionados para ações que atendam anseios individuais, comerciais e também educacionais como é o caso da escola da SQN 415. Em outras palavras, precisa haver a intencionalidade educadora dos sujeitos, pois não basta o espaço em si trazer consigo características educativas. Concluiu-se que o Parque não é um espaço educador porque precisa haver a intencionalidade, e as estruturas e mecanismos que dão respaldo para isso precisam ser intensificados por parte da administração.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Espaço Educador, Parque Urbano.