63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
INCIDÊNCIA E PERFIL DE GESTANTES SOROPOSITIVAS DO ESTADO DO CEARÁ
Deise Maria do Nascimento Sousa 1
Ana Carolina Maria Araújo Chagas 2
Igor Cordeiro Mendes 3
Lara Leite de Oliveira 4
Liana Mara Rocha Teles 5
Ana Kelve de Castro Damasceno 6
1. Acadêmica de Enfermagem. Depto de Enfermagem - UFC. Bolsista PET-MEC/SESu
2. Acadêmica de Enfermagem. Depto de Enfermagem - UFC. Bolsista voluntária do PET-MEC/SESu
3. Acadêmico de Enfermagem. Depto de Enfermagem - UFC. Bolsista PET-MEC/SESu
4. Acadêmica de Enfermagem. Depto de Enfermagem - UFC. Bolsista PET-MEC/SESu
5. Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Depto de Enfermagem - UFC
6. Profa. Dra./Orientadora – Tutora do PET-MEC/SESu. Depto.de Enfermagem – UFC
INTRODUÇÃO:
No Brasil, foram notificados um total de 544.846 casos de Aids acumulados no período de 1980 a 2009, sendo que destes, 188.396 são de mulheres, ou seja, cerca de 34% dos casos diagnosticados. No início da epidemia, a razão masculino/feminino era de 40 homens para cada mulher, e a partir de 2000 essa razão passou a ser em torno de 1,7 homens para cada mulher. No Estado do Ceará, essa epidemia segue as tendências nacionais de feminização. Tal fenômeno traz consigo um agravante que é o elevado número de mulheres em idade reprodutiva infectadas pelo vírus, acarretando um risco aumentado de transmissão vertical do HIV. Dentro dessa perspectiva, faz-se necessário investigar a dimensão do problema e a realidade local do Estado ao longo de um determinado período de tempo, a fim de se obter um retrato epidemiológico para a realização de medidas preventivas eficazes direcionadas ao público-alvo e um planejamento de novas propostas de controle do agravo. Dessa forma, objetivou-se neste estudo descrever a incidência e o perfil de gestantes HIV positivas do Estado do Ceará
METODOLOGIA:
Estudo epidemiológico, documental e quantitativo, realizado no Núcleo de Informação e Análise em Saúde (NUIAS) da Secretaria da Saúde do Ceará (SESA-CE), no período de dezembro de 2010 a janeiro de 2011. A população constituiu-se em 1364 casos de gestantes soropositivas notificadas no SINAN entre 2000 e 2009 no estado do Ceará, disponibilizadas através das fichas de notificação/investigação de gestantes HIV positivas e crianças expostas, que permaneceu em uso até o ano de 2006, sendo trocada a partir de 2007 pela ficha de notificação/investigação de gestantes infectadas pelo HIV, que permanece em uso até os dias de hoje. Os dados foram expressos em freqüências absolutas e relativas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal do Ceará sob protocolo nº 302/10, respeitando a resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde
RESULTADOS:
De 2000 a 2009, observou-se uma série histórica ascendente do número de casos de gestantes soropositivas, ocorrendo o maior percentual de casos entre 2001 (76) e 2002 (121), o que representa um aumento de 59,2%. Quanto à idade das gestantes, notou-se que a maioria concentrou-se na faixa etária de 20 a 34 anos, equivalendo a 65,8% (897) dos casos. Em relação à escolaridade, os dados variaram desde o analfabetismo até 12 ou mais anos de estudo, evidenciando-se que 37,3% (509) apresentavam baixos níveis educacionais, com no máximo o ensino fundamental incompleto, fator preocupante devido à maior vulnerabilidade a qual a gestante se expõe. Verificou-se ainda que 42,1% (574) dos dados relacionados à escolaridade foram ignorados ou deixados em branco. Esse resultado revela um achado recorrente, que é o problema do subregistro. Quanto à raça, a maioria das gestantes foram classificadas como pardas, correspondendo a 50,4% (688). Outro fator a ser destacado refere-se ao município de residência das gestantes, apresentando-se com os maiores índices o município de Fortaleza com 58,2% (794), seguido de Caucaia com 3,45% (47) e Maracanaú com 2,78% (38). Assim, verifica-se uma maior concentração da infecção pelo HIV entre gestantes na região metropolitana de Fortaleza
CONCLUSÃO:
O aumento do número de casos de gestantes infectadas pelo HIV ao longo do período estudado revela uma lacuna na atenção básica de saúde do Estado e evidencia a necessidade de uma intensificação das medidas preventivas da transmissão do vírus em gestantes, visto os riscos aumentados da própria infecção na gestação somados ao da transmissão vertical. Porém, essa elevação de casos também pode refletir um provável aumento das notificações a partir da introdução da oferta do exame anti-HIV no pré-natal, bem como da utilização de teste rápido nas maternidades. Essas implementações são plausíveis e relevantes para uma maior eficácia das ações de vigilância em saúde. A partir dos resultados referentes ao perfil das gestantes, permite-se que sejam realizadas medidas preventivas e de controle direcionadas e em consonância com a realidade evidenciada. Além disso, verificada a maior concentração da infecção entre gestantes na região metropolitana de Fortaleza, faz-se necessário que os profissionais de saúde dessa região sejam capacitados e estejam mais preparados tanto para melhor prevenir o surgimento de novos casos quanto para atenderem as gestantes soropositivas com qualidade e competência, no intuito de serem reduzidas as possíveis complicações materno-fetais.
Palavras-chave: Obstetrícia, HIV, Epidemiologia.