63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 9. Artes
DESIGN, METRÓPOLE E CULTURAS JUVENIS (III ETAPA)
Caroline Brunca Spagnol 1
Claudia Coelho Hardagh 1
Fernanda Romero Moreira 1
1. Centro Universitário Senac
INTRODUÇÃO:
Este artigo dialoga com a proposta de pesquisa em andamento “Design, metrópole e culturas juvenis” da linha Cultura e comportamento. Discute-se as intervenções urbanas produzidas por jovens da cidade de São Paulo, as suas marcas deixadas na cidade, como: grafites, pichações e stickers que além de transformar o território urbano, definem sua identidade. Diante disso, o artigo estuda as diversas técnicas aplicadas nessas intervenções e investiga as linguagens utilizadas e criadas pelos cidadãos paulistanos, que convivem e consomem as mercadorias e códigos lançados na cidade.
Essas linguagens podem ser consideradas fenômenos socioculturais, assim como a gíria, que de acordo com Hwang assume o papel de signo de grupo e é empregada por grupos restritos como elemento de identificação e de diferenciação, como forma de auto-afirmação ou, até de auto-defesa. O processo de pesquisa tem como um dos objetivos a elaboração de um glossário para o aprofundamento sobre as linguagens e técnicas de pichação e graffiti, na tentativa de facilitar a comunicação e o entendimento do grupo pelas suas obras.
Também direcionamos a pesquisa para a catalogação dos grupos de jovens que intervém na cidade, para mapear as suas intervenções, entender e relacionar suas linguagens com o contexto no qual vivem ou transitam esporadicamente.
METODOLOGIA:
Ao longo da pesquisa foram desenvolvidos alguns metódos pautados no uso de redes sociais e comunicação virtual para a organização e troca de arquivos e informações com o grupo de pesquisa, como por exemplo:
*documentos e planilhas compartilhados - Google docs – entre eles, a relação das referências bibliográficas com suas descrições;
*email para a pesquisa;
*blog (http://designmetropole.blogspot.com/) para divulgação da pesquisa, eventos (debates, exposições, etc.) que se relacionam com intervenções urbanas;
*flickr (http://www.flickr.com/photos/designmetropole) - criado em etapa anterior desta pesquisa para divulgação e catalogação de fotografias de intervenções, onde melhoramos sua apresentação reorganizando as legendas que apresentam o nome do fotógrafo, o local, a técnica e o suporte da intervenção.
Além disso, estruturamos para a próxima etapa da pesquisa um roteiro para as entrevistas com os jovens interventores, com questões desde a trajetória de vida do grafiteiro/pichador e/ou dos grupos, até suas concepções de cidade, a forma de divulgação de seu trabalho, etc.
RESULTADOS:
Nesta fase constatamos que por meio das intervenções urbanas, esses jovens refazem sua relação com a metrópole; transformam paredes, muros e postes em territórios apropriados, repletos de afetividades, relações, histórias (Oliveira, 2007).
Nessa “articulação de conhecimento” (FLUSSER, 1998), essas intervenções artísticas podem ser consideradas a exteriorização da convivência e apropriação do espaço urbano por estes cidadãos.
Com isso podemos entender que essa exteriorização, vista como uma expressão artística pode ser considerada a objetivação da relação subjetiva desses jovens com a cidade.
Visto que, a maneira como o indivíduo fala pode definir seu status e produzir sua identidade social dentro de uma sociedade maior, o código linguístico pode ser visto como uma forma de relação social que aproxima ou distancia pessoas.
Assim sendo, por meio da linguagem conseguimos identificar determinados grupos. Durante o desenvolvimento do glossário foi possível notar a grande influência da língua norte americana na linguagem desse grupo, isso nos faz pensar se essa influencia existe por conta do graffiti nova iorquino ou até pela influência estadunidense em nossa cultura.
CONCLUSÃO:
A busca pela humanização/relação desses jovens com a cidade além de transformar o território urbano gera novas estéticas.
Apesar de ainda ser marginalizado por muitos, o grafite por ser a principal representação da arte urbana, é uma referência tanto para moda quanto para o design. Hoje, finalmente, muitos desses artistas urbanos são reconhecidos e chegam a trabalhar com “grafite”, em decorações, exposições em galerias.
A recente procura do mercado afirma a existência de uma arte que atinge o popular. Além da mudança de suporte, da tela para paredes, há a mudança do território, de museus para a cidade, e desta a expansão para o público.
Os jovens apropriam-se do espaço urbano a fim de discutir, recriar e imprimir a interferência urbana na arquitetura da metrópole (GITAHY, 1999), e, com isso ,a cidade vai sendo constantamente reescrita por jovens tão suscetíveis a mudanças quanto ela.
Palavras-chave: intervenções, urbano, linguagem.