63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
AVALIAÇÃO DA COBERTURA VACINAL INFANTIL EM DIFERENTES REGIÕES DE GOIÂNIA.
Marcos Fernandes de Azevedo 1
Izadora Cristina Moreira de Oliveira 1
Fabrícia Paula de Faria 1
Kênya Silva Cunha 1
Rosália Santos Amorim Jesuino 2
1. Instituto de Ciências Biológicas, Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular - UFG
2. Profª. Drª. / Orientadora - Instituto de Ciências Biológicas, Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular - UFG
INTRODUÇÃO:
A proteção contra doenças é fundamental para que o homem possa crescer e desenvolver plenamente suas capacidades físicas e mentais. A vacinação é o meio mais eficaz e barato para isso. E se tratando de crianças a imunização é crucial, pois elas são mais vulneráveis a doenças por ainda não apresentarem o sistema imune completamente desenvolvido. Por esse motivo o período de aplicação de grande parte das vacinas presentes no plano vacinal brasileiro é durante a infância. Considerando a importância da vacinação na prevenção de doenças infecciosas, especialmente em crianças, este trabalho foi proposto, tendo como objetivo geral realizar a avaliação da cobertura vacinal infantil, para todas as vacinas recomendadas para crianças pelo Ministério da Saúde, em duas regiões de Goiânia, microrregião Jardim Novo Mundo e Marista. Como objetivos específicos: avaliar a adesão dos usuários às unidades básicas de saúde, o perfil socioeconômico dos habitantes abrangidos pelas unidades básicas de saúde e o cumprimento dos intervalos entre as doses de imunização. Estas duas microrregiões foram escolhidas por apresentarem perfis socioeconômicos distintos, desta forma, permitindo também avaliar a universalidade ao acesso às vacinas.
METODOLOGIA:
Unidades Básicas de Saúde: o presente estudo foi realizado em duas das 86 unidades básicas de saúde publica de Goiânia (Centro Integrado de Assistência Médico-Sanitário Setor Pedro Ludovico e o Centro de Atendimento Integral à Saúde Jardim Novo Mundo). A escolha destas baseou-se na diferença entre localização e padrão socioeconômico da população.
Escolha das vacinas: baseou-se no esquema vacinal básico para crianças proposto pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). Vacinas: BCG, Hepatite B, DTP+ Hib, VOP, VORH, SCR, DTP e vacina antiamarílica
Coleta de dados: a partir dos condensados mensais de doses aplicadas. O número de doses aplicadas foi divido por idade e mês em que a dose foi aplicada. A partir destes valores, foi feito o comparativo entre as coberturas vacinais das duas regiões, levando-se em conta as condições socioeconômicas peculiares de cada região.
Anuência para coleta de dados: este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (221/2010) e pelo Departamento de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde.
Análise estatística: teste de Quadrado (X²) e análise da proporção entre o número de doses aplicadas de cada vacina e o número de nascidos vivos (NV) no ano de 2008.
RESULTADOS:
Os resultados do levantamento realizado nas microrregiões escolhidas demonstram que a microrregião Marista possui número de crinças, de 0 a 10 anos, mais elevado que a microregião Jardim Novo Mundo, essa superioridade equivale a 41% no número de crianças da microrregião Jardim Novo Mundo. Quanto ao número de doses aplicadas, para todos os tipos de vacinas o número de doses aplicadas no CAIS Jardim Novo Mundo em 2008 não alcançou o número de nascidos vivos na mesma microrregião. Já no CIAMS Setor Pedro Ludovico esse fato não ocorreu, porém ocorreu um fato incomum, o número de doses aplicadas em 2008 de BCG e vacina antiamarílica foi quase duas vezes maior que o número de nascidos vivos nesta microrregião.
Foi notado que nas duas unidades básicas de saúde o número de doses aplicadas do reforço da vacina antiamarílica foi muito baixo e houve uma oscilação entre o número de doses, mesmo entre aquelas em que se recomenda a aplicação simultânea.
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que a taxa de cobertura para maioria das vacinas foram próximas a 75%, evidenciando que a taxa de imunização preconizada como sendo a ideal pelo Ministério da Saúde, imunizar 95% das crianças de 0 a 1 ano de idade, ainda não foi alcançada.
CONCLUSÃO:
Este trabalho investigou a cobertura vacinal de duas unidades básicas de saúde (UBS) localizadas em diferentes regiões de Goiânia no ano de 2008. A taxa de cobertura para a maioria das vacinas, nas duas UBS, está em torno de 75%, o que apesar de não ser o ideal estabelecido pelo Ministério da Saúde, demonstra que grande parte da população utiliza às vacinas oferecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde. A vacinação de crianças que não residem nas microrregiões abrangidas por suas respectivas UBS superestima a taxa de cobertura vacinal. Isso pode levar aos equívocos no mapeamento de zonas cobertas contra determinada doença, assim como na formulação de novas estratégias de vacinação. Os diferentes padrões socioeconômicos das duas microrregiões exerceram influência nas taxas de cobertura vacinal, porém este não é fator determinante para estabelecer que as classes com maior renda não procurem os serviços de imunização pública. Outros fatores, como: intervalo entre doses, eventos externos, propagandas publicitárias na mídia mostraram-se também importantes para elevar as taxas de cobertura vacinal e execução plena do calendário de vacinação.
Palavras-chave: Cobertura vacinal, infância, Padrões socioeconomicos.