63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS DOS PORTADORES DE LESÃO CUTÂNEO-MUCOSA ATENDIDOS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE ARAGARÇAS-GO
Helena Loschi de Oliveira Clarim 1
Carla Beatriz Fernandes de Oliveira 1
Fernanda Moreira Lima 1
Vanessa Neves de Lima 1
Onislene Alves Evangelista de Almeida 2
Izabella Chrystina Rocha 3
1. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Enfa. Esp. - Fundação Universidade Federal de Brasília
3. Profa. Ms./ Orientadora - Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde – UFMT
INTRODUÇÃO:
A todo o momento, utilizamos o corpo como um poderoso instrumento de interatividade, assim, nos empenhamos para melhorar a nossa pele, pois é através dela que fazemos contato com o meio exterior, possuímos sensações térmicas ou negatividade a partir de um comprometimento na sua estrutura. Um fator preocupante com a pele é a presença de lesões cutâneas, ou feridas, que denigrem não apenas a pele, como também a auto-estima, a auto-imagem e causam estigmas ao portador. Diante deste fato, o profissional cuidador tem pra si uma grande responsabilidade em promover e cooperar com o organismo para uma reconstrução tecidual ideal. Para tanto, a avaliação da lesão não deve ser feita subjetivamente, é necessário que o avaliador conheça a fisiologia do processo cicatricial, os fatores que intervêm e técnicas de mensuração, localização e classificação, para que se tenha uma avaliação adequada. Embora o processo avaliativo exija um olhar holístico, o estudo focou-se em classificar as feridas dos portadores de lesão cutâneo-mucosa em aguda ou crônica, limpa, contaminada ou infectada, bem como descrever a lesão quanto a sua localização e profundidade, na população atendida nas Unidades de Saúde da Família do município de Aragarças/GO.
METODOLOGIA:
Tratou-se de um estudo quantiqualitativo, transversal, descritivo exploratório, cuja amostra, por conveniência, foi caracterizada por pessoas que apresentavam lesão cutâneo-mucosa e residiam na área urbana de abrangência das seis Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) do município de Aragarças/GO. Foram indicados pelos Agentes Comunitários de Saúde a participar desta pesquisa 54 indivíduos, porém, por motivos de recusa, mudança de endereço, critérios de inclusão incompatíveis entre outros, a amostra final constituiu-se de 23 participantes. A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um instrumento com perguntas semi-estruturadas em visitas domiciliares planejadas e agendadas, no primeiro semestre de 2010. Os dados estatísticos foram analisados em tabela simples de frequência, utilizando-se os programas de Microsoft Excel e Office 2007, para registro e tabulação dos dados. Para análise dos dados qualitativos a entrevista foi utilizada, sendo descrita o relato dos participantes, o qual se caracterizou por ser um momento da tomada do sentido na amplitude da comunicação verbal. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Miller de Cuiabá/MT, protocolo n° 704/CEP-HUJM/09.
RESULTADOS:
As amostras coletadas totalizaram-se em 37 lesões, sendo 5,4% agudas e 94,6% crônicas, variando em tempo de existência de 1 mês a 18 anos. A classificação de feridas segundo o grau de contaminação é imprescindível para a identificação de microrganismos patógenos existentes na lesão, sendo que 40,5% das feridas foram caracterizadas limpas, 56,7% contaminadas e 2,7% infectadas. Em razão do conjunto destes fatores, identificou-se um aumento da probabilidade de microrganismos que interferem no processo cicatricial. Para que estas feridas não evoluam a uma infecção, faz-se necessário a retardação da proliferação bacteriana por meio de uma terapêutica adequada. Referente à localização, apenas 5,4% se encontraram na região inguinal e sacral, as outras, 94,6% foram distribuídas entre os membros inferiores direito e esquerdo, sendo estas, 48,6% nas pernas, incluindo tornozelo, 35,1% entre os pés e dedos e 10,8% nos joelhos. Quanto à profundidade, por razões didáticas e para maior fidedignidade dos dados, optou-se pela classificação de perda tecidual para contextualizar a profundidade da lesão. A perda tecidual da população amostral caracterizou-se como 43,2% feridas superficiais, 37,8% como lesão profunda parcial e 18,9% como profunda total.
CONCLUSÃO:
Em virtude dos dados mencionados, verificou-se que as lesões coletadas, em sua maioria, são consideradas crônicas. Tal dado nos infere possível déficit de cuidado e a vulnerabilidade dos participantes ao acometimento de lesões cutâneas. A expressiva frequência de feridas contaminadas é um fator importante a ser considerado, pois deduz uma invasão tecidual por microorganismos. Ressaltou-se neste estudo que grande parte das lesões estavam em processo de cicatrização em fase final, porém existiam fatores que estavam impedindo estas lesões de concluírem o reparo tecidual, o qual sua investigação não foi o objetivo da pesquisa, constatado pelo tempo de existência dessas lesões de média de 39 meses variando de 1 mês à 18 anos. A localização das lesões obteve representatividade quase exclusiva de membros inferiores, em relação às inguinais e sacrais. Quanto a sua profundidade, houve prevalência de lesões superficiais, que são ferimentos a nível dérmico. A avaliação gera um tratamento exclusivo e individual para cada lesão, que por sua vez, otimiza o processo evolutivo de cicatrização. Portanto, para que a conduta a ser tomada no tratamento da lesão seja a mais apropriada ao portador e ao ferimento, torna-se imperativo o registro das informações colhidas durante o processo avaliativo.
Palavras-chave: Ferimentos e lesões, Cicatrização de feridas, Avaliação.