63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
RÁDIO COMUNITÁRIA: UM ESPAÇO DE CIDADANIA COMUNICATIVA
Angelica Margarita Caceres Manfio 1
Kalliandra Quevedo Conrad 2
Rosane Rosa 3
1. Acadêmica do 7º Semestre do Curso de Comunicação Social-Relações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2. Acadêmica do 7º Semestre do Curso de Comunicação Social-Relações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
3. Profa. Dra./Orientadora-Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
INTRODUÇÃO:
No âmbito acadêmico muito se tem discutido sobre novas possibilidades de integrar estudos de comunicação e educação. Trata-se de um espaço de troca de saberes que promove a interlocução entre os que constroem e os que se utilizam desses conhecimentos. A educomunicação possibilita uma nova compreensão e leitura de saberes enquanto sujeitos sociais. No domínio desses campos o que se pretende é abrir espaços de questionamentos, participação crítica e ativa dos sujeitos envolvidos visando a concretização de projetos a partir de processos formativos que resultam em intervenções e transformações no cotidiano comunitário.Realizar práticas educomunicativas é conhecer e compreender diferentes formas de convivência social. É fundamental estabelecer estratégias e elencar todos os participantes no contexto em que estão inseridos analisando objetivos e perspectivas de ações que integrem todos os atores sociais.Por isso, através deste trabalho, apresentaremos o Programa Educação “Com & Para Mídia: Uma Prática de Sustentabilidade Social e Política” o qual proporcionou uma vivência de política pública social aos alunos dos cursos de Comunicação da UFSM, oportunizando aprendizado aos jovens envolvidos e integrando a comunicação como uma ferramenta interdisciplinar capaz de estimular não só a aprendizagem, mas também a participação social e política na comunidade na qual vivem.
METODOLOGIA:
O trabalho partiu do estudo teórico de conceitos e abordagens metodológicas nas áreas de Educomuniçao, Rádio Comunitária e Cidadania . Durante o segundo semestre de 2010 foram realizadas oficinas de Rádio Comunitária para os estudantes da Escola Estadual Augusto Ruschi, utilizando as diversas linguagens, tecnologias de informação, comunicação e mobilização. O objetivo era ensinar aos estudantes da Escola, técnicas e novas linguagens comunicacionais para transformá-los em produtores de conhecimento e agentes de transformação social, multiplicando e intervindo diretamente na realidade cotidiana. Os participantes do projeto refletiram sobre a mídia e produziram conteúdo, favorecendo a troca de saberes e o protagonismo social. Dessa forma apresentamos a rádio Comunitária como um canal de exercício de cidadania e de liberdade de expressão da comunidade. A rádio favorece a participação ativa dos moradores na medida em que o desenvolvimento de um trabalho conjunto ativa a circulação de informação em todos os ângulos assim como o desenvolvimento cultural e a mobilização social.
RESULTADOS:
A rádio Comunitária, como veículo de comunicação marcada pela proximidade dos ouvientes desempenha um papel importante no processo de conscientização e mobilização social sobre temas de interesse da comunidade de forma a agir diretamente na formação de cidadãos atuantes. Sua programação é de interesse público, discutem assuntos de interesse local, difundem a produção cultural e serve como espaço de educação informal. Essas características justificam a escolha da rádio comunitária como objeto estudo. Apresentar e problematizar com os alunos um novo contexto, uma nova dinâmica de trabalho foi o objetivo das oficinas já que a idéia central é viabilização do processo de construção de uma rádio da Escola Augusto Ruschi, e que beneficiará também a comunidade da Vila Santa Marta. A Rádio escola pode ser um espaço onde a educomunicação se faz presente com toda a sua riqueza metodológica. Ali são tecidas práticas de cidadania comunicativa, dialógicas e emancipatórias: o trabalho é coletivo; os temas são problematizados; constrói-se um discurso protagonizado pelos alunos, entre outras. De acordo com Baccega (2001) o diálogo desses discursos forma o universo de cada indivíduo, no qual seu cotidiano está inserido. É a partir dessa materialidade discursiva que se constitui a subjetividade de cada um. Dessa forma, como proposta de ação foi elaborado um projeto piloto de programas que englobou não só os estudantes mas também a comunidade em geral.
CONCLUSÃO:
O papel da Educomunicação adquire legitimidade, sob perspectiva da construção de um saber em que os meios de se obter conhecimento e maneiras de convivência social são as ferramentas para um espaço de ação. É, dessa forma, que esse novo campo entrecruza saberes promovendo a interlocução entre os que constroem e/ou se utilizam dessas informações. Esse método dialógico, focado na participação ativa dos integrantes, foi essencial já que este campo de pesquisa aliado à prática conecta as áreas de comunicação e educação de maneira a contribuir para tratar dos processos relacionados ao cotidiano escolar, familiar e comunitário.Priorizar o desenvolvimento e o processo, “Rico em detalhes, cheio de incongruências, ao mesmo tempo compreensível e difícil de entender, atraente, fascinante e pleno de problemas de toda a ordem” (Soares, 2009). Um processo denso e merecedor de atenção, dando à Educomunicação um caráter de prática, mas ao mesmo tempo sendo também um campo de entendimento, discursivo. Dessa forma, os alunos lograram um conhecimento, uma troca de experiências em que planejaram e executaram produtos radiofônicos partindo dos conceitos de rádio comunitária. Durante todo esse processo o principal objetivo era que os jovens participantes das oficinas despertassem para um olhar crítico sobre a comunicação massiva, bem como assumissem a função de produtores de conteúdos na mídia comunitária, exercendo assim a cidadania comunicativa.
Palavras-chave: Educomunicação, Cidadania Comunicativa, Rádio Comunitária.