63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 3. Imunogenética
INFLUÊNCIA DE POLIMORFISMOS DE CITOCINAS NA SUSCEPTIBILIDADE AO DENGUE
Marcelo Jun Sakiyama 1
Viviane Lika Masaki 1
Ricardo Alberto Moliterno 2
1. Depto. de Ciências Básica da Saúde, Universidade Estadual de Maringá - UEM
2. Prof. Dr. / Orientador – Universidade Estadual de Maringá - UEM
INTRODUÇÃO:
Dengue é uma doença de etiologia viral transmitida principalmente pela picada de mosquito Aedes aegypti. Atualmente, são conhecidos quatro sorotipos do vírus, DEN 1, 2, 3 e 4. Na resposta imune contra o vírus da dengue, os linfócitos ativados liberam citocinas, as quais possuem um papel importante na patogênese da infecção pelo dengue. IFN-gama TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-4, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12, IL-18 e TGF-beta1 são exemplos de citocinas envolvidas na resposta imunológica ao vírus da dengue. Recentemente, genes de regiões reguladoras de citocinas têm sido descritos, os quais parecem estar correlacionados com a sua produção. A presença de certos alelos poderia, então, influenciar no curso de infecções virais, como o dengue. Desta forma, um estudo de associação de genótipos de citocinas com o desenvolvimento do dengue poderia identificar os indivíduos mais susceptíveis à doença. Além disso, como o padrão de citocinas em indivíduos que evoluem para formas mais graves parece bem estabelecido, o estudo dos genótipos de citocinas (referentes à sua produção) em indivíduos que desenvolveram dengue poderia informar o risco de um paciente com dengue evoluir para uma forma mais grave da doença.
METODOLOGIA:
Neste estudo foram analisadas 101 amostras de pacientes que confirmaram o diagnóstico de dengue através de sorologia e teste por ELISA, e 100 amostras não diagnosticadas compuseram o grupo controle. No Laboratório de Imunogenética da Universidade Estadual de Maringá foi realizada a técnica de Biologia Molecular para genotipagem dos genes de citocinas dos 101 pacientes e 100 controles. O DNA foi extraído de amostras de sangue, usando o método de extração por coluna pelo kit Biopur. Após avaliação da pureza do DNA e ajuste da concentração por densidade ótica, as tipagens dos alelos dos genes de citocinas foram realizadas pela técnica PCR-SSP, usando o kit de genotipagem de citocinas.Os fragmentos de DNA amplificados foram separados por eletroforese em gel de agarose a 2,5%, a 150 volts por 10 minutos. A visualização das bandas, quando expostas à luz ultravioleta, foi realizada pela coloração com brometo de etídio, e a interpretação dos resultados foi baseada na presença ou ausência do fragmento específico de DNA amplificado. As freqüências genotípicas e alélicas para cada SNP foram obtidas por contagem direta e comparadas pelo teste do qui-quadrado com correção de Yates ou pelo teste exato de Fisher. Valores de P iguais ou inferiores a 0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS:
Com relação à freqüência alélica, apenas o alelo de IL4 -1098 apresentou discrepância quando comparado entre os grupos controle e paciente. Com relação aos genótipos, observou-se uma diferença significativa entre pacientes e controles na freqüência dos genes TGFβ1 no locus -1082, IL-2 no locus -330 e IL-4 nos três locus analisados (-1098, -590, -33). Os genótipos C/T na posição -1082 para citocina TGFβ1 ,G/T na posição -330 para citocina IL-2 e T/T nas posições -1098, -590 e -33 para citocina IL4 foram mais freqüentemente encontrados em pacientes que nos controles. Já os genótipos T/G na posição -1098 e T/C nas posições -590 e -33 para citocina IL4 foram mais freqüentes no grupo controle. Observa-se que estas citocinas são anti-inflamatórias e que os genótipos que se apresentaram mais freqüentes nos pacientes são alto produtores, indicando a importância de uma boa resposta inflamatória para controle da infecção.
Com relação ao dengue, variações nos níveis de citocinas como IL-4, IL-6, TNFα, IL-10 têm sido relacionadas com a gravidade da doença. Sendo a produção destas proteínas determinada geneticamente, torna-se importante também o estudo do polimorfismo de genes de citocinas e sua relação com a suscetibilidade ou resistência ao dengue.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos permitem inferir que o alelo IL4 (-1098) T e os genótipos TGFβ1 (-1082) C/T, IL-2 (-330) G/T e IL4 (-1098, -590 e -33) T/T são fatores de susceptibilidade ao dengue, enquanto o alelo IL-4(-1098) G e os genótipos IL-4 (-1098) T/G e IL-4 (-590 e -33) T/C se apresentam como marcadores de resistência ao dengue.
Palavras-chave: Citocinas, Polimorfismos, Susceptibilidade.