63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
SERINGUEIROS DE RONDÔNIA: NOVAS POSSIBILIDADES PARA UMA ANTIGA ATIVIDADE
Caroline Darold Vieira 1
Ana Letícia Pastore Trindade 1
Ana Caroline Alves de Oliveira 1
Karoline Pereira Gera 1
Antônio José de Oliveira Junior 1
Lediane Fani Felzke 2
1. Instituto Federal de Rondônia - Campus Ji-Paraná - IFRO
2. Profa. Ms./ Orientadora - Instituto Federal de Rondônia - IFRO
INTRODUÇÃO:
O ciclo da borracha na Amazônia se divide em duas fases, o primeiro e segundo ciclos. Ambos tiveram grande participação na colonização de Rondônia. O primeiro ciclo ocorreu entre o final do século XIX e princípio do século XX. Caracterizou-se pela grande leva de trabalhadores nordestinos que vieram para a região amazônica para extração de seringa. O segundo ciclo foi uma consequência da Segunda Guerra Mundial onde o Brasil retomou sua posição de grande produtor mundial de látex. Naquele período os trabalhadores nordestinos recrutados pelo Estado brasileiro foram chamados de “soldados da borracha”. Os remanescentes dos soldados da borracha atualmente vivem em 17 Reservas Extrativistas (RESEX) no município de Machadinho D’Oeste – RO. Dentre elas encontra-se a RESEX Maçaranduba onde residem cinco famílias, que, apesar de prosseguirem com a exploração e a comercialização do látex em forma de goma, como os primeiros seringueiros que vieram para Rondônia em meados do século XIX; buscam novas vertentes. Este trabalho tem como objetivo identificar a importância socioeconômica e ambiental da atividade desenvolvida pelos seringueiros no estado de Rondônia.
METODOLOGIA:
Para a obtenção de dados utilizou-se revisão bibliográfica e observação direta acompanhando um seringueiro na sua tarefa extrativa. Estes métodos possibilitaram uma visão ampliada da questão. E como técnica de pesquisa empregou-se entrevistas semiestruturadas junto aos seringueiros, que no seu decorrer, mostraram-se espontâneas e livres, nas quais os sujeitos expressaram total liberdade para conduzir as conversas.
RESULTADOS:
A RESEX Maçaranduba, juntamente com outras 25 famílias, faz parte da cooperativa COOPERFLORA, uma associação que surgiu em 1985 para uma representatividade comercial do extrativismo com fins lucrativos. Na RESEX Maçaranduba cada família possui três estradas de seringa com 150 árvores cada. Diariamente retiram o látex de uma estrada, deixando cada uma em repouso por dois dias. O tipo e o formato do corte da madeira interferem na produtividade e no tempo de vida da seringueira. A cooperativa possui parceria com empresas privadas e órgãos públicos. As famílias que se utilizam do látex como forma de adquirir renda encontram, na cooperativa, uma maneira de ingressar no mercado utilizando os conhecimentos tradicionais aliados a técnicas inovadoras, minimizando a desvalorização da seringa liquida. Os principais produtos confeccionados são as mantas vegetais. A partir delas são produzidos tênis, bolsas e roupas para comercialização. Outras atividades que tem influenciado na renda dos cooperados são a extração do óleo da copaíba, o uso de diversos tipos de sementes para confecção de biojóias, o manejo florestal além da utilização da agricultura em pequena escala, como a plantação da mandioca para a produção de farinha.
CONCLUSÃO:
Levando-se em conta esses aspectos, é importante ressaltar que esses trabalhadores, apesar de utilizarem essas árvores como meio de retirada de lucros para a sobrevivência, cumprem o objetivo de conservação ambiental das RESEXs. Estas representam grandes blocos de florestas que minimizam o processo de degradação ambiental. Eles cuidam e preservam a natureza não apenas visando lucros ou tendo isso como uma obrigação, mas sim como uma forma de retribuição à natureza por tudo que ela os proporciona. O lucro obtido é direcionado à manutenção das reservas, para o sustento da cooperativa e para a melhoria de vida dos que ainda preservam a profissão.
Palavras-chave: Seringueiros, Reservas extrativistas, Socioeconomia.