63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 2. Imunologia Celular
ESTUDO IN VITRO DA ATIVIDADE IMUNOLÓGICA DE MICROGLIAS TRATADAS COM GM-CSF NA INTERAÇÃO COM Leishmania (Leishmania) amazonensis
Tamirys Pina Simão 1
Maysa de Vasconcelos Brito 1
José Antônio Picanço Diniz Junior 2
1. Unidade de Microscopia Eletrônica – Instituto Evandro Chagas/PA
2. Dr./Orientador – Unidade de Microscopia Eletrônica – Instituto Evandro Chagas/PA
INTRODUÇÃO:
A Leishmaniose Tegumentar Americana é uma doença infecciosa, causada por protozoários do gênero Leishmania, como a L. (L.) amazonensis, uma das espécies de maior interesse médico na Bacia Amazônica. As microglias são as principais células imunes do sistema nervoso central, que pertencem à mesma linhagem dos macrófagos e evidenciam alto potencial na eliminação do protozoário Leishmania. Recentes estudos têm evidenciado que essas células parecem ter a capacidade de apresentar um fenótipo apresentador de antígenos, semelhante às células dendríticas, além da sua capacidade fagocítica profissional bem mais conhecida. Embora essa alternância de fenótipo não esteja ainda muito bem elucidada, o fator estimulador de colônia de macrófagos e granulócitos (GM-CSF) parece estar envolvido nesse processo.
METODOLOGIA:
Foram utilizados camundongos recém nascidos isogênicos das linhagens Albino suíço e BALB/c, com 2-3 dias de vida. Para obtenção das microglias, foi realizado um cultivo misto de células gliais e após 2 a 3 semanas as microglias foram obtidas, cultivadas e tratadas com GM-CSF. As microglias foram então colocadas para interagir com formas promastigotas de L. amazonensis durante 24, 48 e 72 horas. Avaliou-se o índice de infecção das microglias nos respectivos tempos através de fixação, coloração pelo Giemsa e contagem em microscópio óptico. Avaliou-se também a expressão de marcadores de superfície específicos de células dendriticas (CD40, CD 80 e CD11c) pela técnica de imunofluorescência e a expressão das citocinas IL-1β, IL-12, IFN-γ e IL-10 a partir dos sobrenadantes das culturas através do ensaio imunoenzimático ELISA. Os dados obtidos foram analisados utilizando o programa GraphPad prism 5 utilizando–se Análise de Variância (ANOVA) pelo Teste de Bonferroni com nível de significância p<0,05.
RESULTADOS:
O tratamento com GM-CSF induziu um aumento no percentual de microglias infectadas com L. amazonensis, porém não interferiu na sua capacidade de destruir o parasito. Diferentemente, Esen & Kielian (2007) em seu estudo mostraram que o estímulo de 0,5 ng/mL de GM-CSF, não afetou a atividade da microglia em fagocitar a bactéria Staphylococcus aureus. A L. amazonensis induziu a redução na expressão da fração p40 de IL-12 e aumento da citocina IL-1β no sobrenadante dos cultivos de microglias tratadas com GM-CSF. Brito (2008) mostrou, entretanto que, que houve um aumento significativo da citocina IL-12p40/p70 no tempo de 48 horas em comparação com o grupo controle. Trabalhos também têm demonstrado que microglias tratadas com LPS aumentam a expressão de IL-1β em comparação com o grupo controle (Caggiano & Kraig 1998; Ferreira et al. 2010; Herry et al. 2009). Essas células em cultura expressaram a molécula CD40 típica de células apresentadoras de antígeno ativadas, assim como foi detectado por Esen & kielian (2007) em seu estudo. Grupos de microglias oriundas de camundongos BALB/c tratados com GM-CSF expressaram a molécula CD11c, marcador característico de células dendríticas, corroborando com o trabalho realizado por Fisher et al. (2001).
CONCLUSÃO:
GM-CSF induziu um aumento no percentual de microglias infectadas com L. (Leishmania) amazonensis; GM-CSF não interferiu na capacidade da microglia em destruir amastigotas de L. (Leishmania) amazonensis; L. (Leishmania) amazonensis induziu redução na expressão da fração p40 de IL-12 e aumento da citocina IL-1β em microglias tratadas com GM-CSF; Microglias infectadas com L. (Leishmania) amazonensis tratadas e não tratadas com GM-CSF não produziram as citocinas IFN-γ e IL-10 em níveis detectáveis pela técnica imunoenzimática de ELISA; Microglias oriundas de camundongos BALB/c tratadas e não tratadas com GM-CSF expressaram a molécula de superfície CD40; Microglias oriundas de camundongos BALB/c tratadas e não tratadas com GM-CSF não expressaram a molécula de superfície CD80; Grupos de microglias oriundas de camundongos BALB/c tratados com GM-CSF expressaram a molécula de superfície CD11c, marcador característico de células dendríticas.
Palavras-chave: Microglia, GM-CSF, Leishmania amazonensis.