63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 5. Ciências Florestais
AVALIAÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO EM ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO SUBMETIDO A DISTÚRBIOS POR DESMATAMENTO E TRATAMENTOS SILVICULTURAIS
Bárbara Loureiro Borges 1
Reginaldo Sérgio Pereira 2
1. Depto. de Engenharia Florestal, Fac. de Tecnologia - UnB
2. Prof./Orientador – Depto. de Engenharia Florestal, Fac. de Tecnologia – UnB
INTRODUÇÃO:
A compactação é o resultado da diminuição dos macroporos do solo, aumentando a sua densidade, e alterando a estrutura das partículas e agregados do solo. Como conseqüência é capaz de afetar o crescimento radicular, a retenção de água e a resistência à penetração de raízes. É fundamental conhecer as causas da compactação do solo a fim de se evitar ou até mesmo remediar os seus efeitos de forma eficiente e eficaz. O objetivo do trabalho foi avaliar a compactação do solo através do mapeamento da resistência à penetração (RP) e da densidade, em uma área de Cerrado sensu stricto após 2 anos de distúrbio antrópico por corte com motosserra e retirada da lenha.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em uma área de Cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa-UnB. A compactação foi avaliada através da resistência do solo à penetração e da densidade do solo. Para tanto, foram implantados dois tratamentos na área, sendo que o tratamento 1 referiu-se a área de Cerrado não submetido a qualquer tipo de distúrbio antrópico e o tratamento 2, a Cerrado submetido a corte com motosserra e retirada da lenha. O experimento foi realizado em delineamento em blocos casualizados constituído por dois tratamentos e três blocos, sendo demarcadas em campo, seis parcelas de 20 x 50 m. Foram coletadas amostras de solo na área de estudo para a caracterização física e classificação. Os dados de densidade foram obtidos pelo método do anel volumétrico e os dados de resistência do solo à penetração por um penetrômetro de impacto, modelo IAA/Planalsucar. Foi realizada a análise de variância com os valores obtidos para cada profundidade de densidade e resistência do solo à penetração, para verificar diferenças estatísticas entre os valores encontrados para cada tratamento. Utilizou-se o teste F, com nível de probabilidade de 5 %.
RESULTADOS:
O solo da área de estudo apresentou comportamento argiloso laterítico, altamente plástico. Os valores de resistência à penetração foram aumentando gradativamente em função da profundidade do solo até a camada de 30 cm. A partir desse ponto, ocorreu decréscimo da resistência até a camada de 50 cm. Os valores médios de RP observados foram de 3,8 e 4,5 MPa para T2 e T1, respectivamente (camada de 30 cm). Para a densidade, os valores encontrados ficaram na faixa de 0,75 até 0,81 g/cm³, com ligeira tendência a maiores valores para T2. Com exceção da camada 0-10 cm, foi observada diferença significativa entre os tratamentos para densidade do solo, sendo o maior valor encontrado em T2. Para os valores de RP encontrou-se diferença significativa nas profundidades 5-10, 10-15, com maiores valores para T2; e também nas profundidades 25-30, 30-35, 35-40 cm, com maiores valores para o T1. Acredita-se que essas discrepâncias entre os dois tratamentos sejam devido a grande variabilidade espacial dos dados de RP do solo obtidos na área de estudo. Não foi encontrada forte correlação entre as variáveis RP e densidade do solo entre os tratamentos, o que pode ser explicado pelo fato de que a densidade do solo não é uma medida direta de resistência do solo á penetração, pois não mede o tamanho dos poros e rigidez do solo.
CONCLUSÃO:
O solo da área de estudo apresentou-se com textura predominantemente argilosa, com comportamento argiloso laterítico, altamente plástico, não diferindo entre as profundidades e blocos analisados; as camadas de solo de 20 até 40 cm de profundidade apresentaram os maiores valores de resistência à penetração do solo para os dois tratamentos, com valor médio máximo próximo de 4,5 MPa (camada de 30 cm, tratamento sem perturbação); não houve discrepância acentuada entre os valores de densidade do solo (0,75 até 0,81 g/cm³); o teste F mostrou haver diferenças estatísticas entre os tratamentos, tanto para a resistência à penetração quanto para a densidade do solo, a depender da profundidade do solo analisada e do tratamento; e em função da variabilidade espacial dos dados de resistência à penetração e densidade, não houve uma tendência em função da profundidade do solo sobre qual dos dois tratamentos proporcionou maior nível de compactação.
Palavras-chave: Cerrado, Compactação do solo, Propriedades físicas.