63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ANÁLISE DA INGESTÃO E DIGESTÃO DE PÓLEN POR OPERÁRIAS DE Apis mellifera L. (HYMENOPTERA: APIDAE) NO MUNICÍPIO DE COARI, AMAZONAS, BRASIL
Tiago Amaral Trindade 1
Jéssica Emiliane dos Santos Ribeiro 1
Diane Maria Barros Cabreira 1
Tedys Meireles Bezerra 1
Ana Claudia Kaminski 1,2
1. Instituto de Saúde e Biotecnologia/UFAM
2. Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Saúde e Biotecnologia/UFAM
INTRODUÇÃO:
O pólen é rico em proteínas, sendo a principal fonte de nitrogênio das abelhas, no entanto, a quantidade de pólen consumida pode variar dependendo da idade e da função que as abelhas desempenham na colônia. Operárias nutrizes necessitam de muito pólen para produzir o alimento que será fornecido às crias e à rainha, enquanto operárias campeiras necessitam mais de mel e néctar, ricos em açúcar, fornecendo energia para as atividades de forrageamento.
Estudos indicam que parte do pólen ingerido pelas abelhas não sofre o processo de digestão. Nos intestinos, os grãos de pólen sofrem a ação de enzimas proteolíticas que quebram as proteínas em suas unidades constituintes. Porém, eles são recobertos por celulose e esporopolenina, e essas substâncias são difíceis de serem digeridas, pois as abelhas não produzem celulases. São escassos os trabalhos sobre o pólen ingerido e digerido pelas abelhas. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar a quantidade pólen ingerido e digerido por operárias de Apis mellifera.
METODOLOGIA:
Foram utilizados no experimento indivíduos de Apis mellifera provenientes de uma colônia situada em um local antropizado no município de Coari, Estado do Amazonas. As abelhas foram amostradas de acordo com o estágio de desenvolvimento: operárias nutrizes e operárias campeiras, sendo coletados três indivíduos de cada estágio por mês, durante os meses de dezembro de 2009 a maio de 2010. O intestino médio e reto de cada indivíduo foi dissecado e seu conteúdo colocado em micro tubos contendo buffer PBS. Foram coletados 10μL da mistura e analisados sob microscópio ótico, sendo os grãos de pólen contados.
Grãos opacos foram considerados não digeridos por possuírem todo seu conteúdo. Grãos transparentes foram considerados digeridos por não possuírem conteúdo interno. Grãos com aspecto intermediário foram considerados como digeridos (ZERBO et al., 2001).
RESULTADOS:
O consumo de pólen pelas operárias nutrizes é importante, pois elas só produzem a geléia real a partir dos nutrientes liberados pela digestão do pólen. Neste estudo, foi encontrado mais pólen nos intestinos das operárias nutrizes (77,7%) do que em operárias campeiras (22,3%), confirmando a grande necessidade de pólen por essas operárias. Quanto à digestão, 63,2% dos grãos contados estavam digeridos, com 36,8% de grãos de pólen não digeridos, sendo que em operárias campeiras foi encontrado mais pólen digerido nas amostras do que em operárias nutrizes. Foi observado que alguns tipos polínicos não tinham sido digeridos, também observado por outros autores. No geral, o intestino médio apresentou maior quantidade de pólen (71,4%) em comparação com o intestino reto (28,6%), e foi o que apresentou maior diferença quanto aos grãos de pólen digeridos e não digeridos: 65,7% de grãos de pólen digeridos e 34,3% de grãos de pólen não digeridos. O intestino reto apresentou 56,7% de grãos de pólen digeridos e 43,3% de grãos de pólen não digeridos.
CONCLUSÃO:
Pudemos observar que as abelhas operárias nutrizes ingerem mais pólen que as operárias campeiras, devido à necessidade da produção de geléia real. No entanto, elas digeriram menos pólen, que pode estar relacionado ao tipo polínico ingerido ou à quantidade de pólen ingerida compensada.
Palavras-chave: Pólen, Ingestão, Digestão.