63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
Relação entre técnicas de reprodução natural e artificial em Ema (Rhea americana) na Reserva Ambiental Follium, Anápolis - GO
Claudinery Quirino de Oliveira Souza 1
Fernanda Lobo Matias 2
Lucivânio Oliveira Silva 3
1. Acadêmica de Ciências Biológicas da Faculdade Anhanguera de Anápolis – GO
2. Acadêmica de Ciências Biológicas da Faculdade Anhanguera de Anápolis – GO
3. Prof. Ms./Orientador do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade Anhanguera de Anápolis - GO
INTRODUÇÃO:
A Ema (Rhea americana) é uma ave silvestre nativa da região Neotropical, restrito à América do Sul, distribuindo-se nas regiões de campos e cerrados, não habitando florestas e regiões montanhosas. É uma ave de grande porte, considerada as mais antigas deste continente, sendo a maior ave não voadora, onívora, com dieta composta de gramíneas, leguminosas e pequenos animais e insetos. São conhecidas como ratitas, pois apresentam a anatomia diferenciada das outras de sua classe, como: músculos peitorais pouco desenvolvidos, ausência de quilha, clavícula pouco desenvolvida ou ausente, incapaz de voo, pernas robustas. A fêmea adquire a maturidade sexual com 16 meses de idade, mas reproduz a partir do segundo ano. Elas podem botar até 40 ovos por ciclo. Quem incuba os ovos são os machos. As fêmeas põem os ovos fora do ninho e o macho puxa-os para dentro do mesmo. Várias fêmeas podem fazer a postura num mesmo ninho. A reprodução de Emas em cativeiro é atualmente realizada de modo similar ao habitat natural. No Brasil devido à baixa tecnologia referente a reprodução destas aves, percebe-se que a fertilização delas é inferior a 50%. Técnica de incubação artificial tem sido empregada, contudo exige cuidados desde a postura até a eclosão do ovo.
METODOLOGIA:
Os animais foram preparados para a reprodução, isolados, incluindo alguns machos reprodutores. Os machos “reprodutores” abandonavam o ninho com o intuito de se acasalar com mais fêmeas e quando não havia adoção por outro macho, denominados incubadores, esta ninhada era encaminhada para a incubação artificial. Aplicou-se estimulante sexual na alimentação. Os ovos foram numerados. Ninhos com mais de 30 ovos, retirava-se o excedente para a incubadora. Utilizou-se uma caixa para transporte, coberta por espuma de 15 cm de espessura, furada na forma de ovo, onde ele era encaixado, pois movimentos bruscos podiam comprometer a viabilidade do embrião. Estes ovos foram encaminhados à sala de recepção onde se realizou a higienização e desinfecção dos mesmos, utilizando desinfetantes do grupo do espadol. A temperatura da incubadora foi mantida em torno de 36,5º C e a umidade em torno de 48%. Os ovos permaneceram nas incubadoras durante 35 dias, sendo submetidos à ovoscopia da 1ª a 4ª semana e, ainda entre o 32º ao 35º dias de incubação, transferindo-os para as eclodidoras reguladas com temperatura de 36º C e unidade de 52%, onde permaneceram até a eclosão do ovo. Posteriormente calculou-se o percentual de ovos que eclodiram, comparando os resultados através de gráficos.
RESULTADOS:
No ano de 2006 foram formados 56 ninhos, sendo que 34 foram abandonados pelo macho. No ano seguinte, onde foi observado que de 40 ninhos 16 foram abandonados. Em 2008 foram formados 58 ninhos, sendo 14 abandonados. E em 2009 de 11 ninhos não houve abandono. A técnica aplicada permitiu um aumento na taxa de natalidade das aves. Mas não se descartou a incubação natural, pois ela é um método eficaz. Em 2006 a quantidade total de ovos foi de 1177 sendo que 742 foram incubados artificialmente e 355 naturalmente, nascendo 377 filhotes por incubação artificial. Na Incubação natural ocorreu morte embrionária de 83 ovos e 80 ovos foram quebrados ou comidos pelo macho, nascendo 248 filhotes. No ano de 2007 a quantidade total de ovos foi de 2104 onde 1830 foram submetidos à incubação artificial e 274 natural. Dos ovos incubados pela máquina, 1551 filhotes nasceram, 79 ovos eram inférteis. Da incubação natural 213 nasceram e 45 ovos foram comidos pelos machos. No ano de 2009 a quantidade total de ovos foi de 2183 sendo que 1830 ovos foram incubados artificialmente e 353 naturalmente. O índice de natalidade da incubação artificial foi de 1571 e de natural 342 ovos, portanto a junção das duas técnicas de incubação, deram melhor resultado.
CONCLUSÃO:
O resultado demonstrou que quando todas as técnicas de aplicação de estimulante sexual e incubação natural com a incubação artificial, a taxa de natalidade aumentou. Observou–se que a incubação artificial superou a incubação natural. Mas é importante ressaltar que o resultado mais eficaz ocorreu a partir da junção dos dois métodos de incubação, pois a natural preservou o extinto maternal e paternal, onde simulava para as aves o habitat natural. Já a incubação artificial se mostrou vantajosa, pois aumentou a possibilidade da eclosão dos ovos férteis e ainda diminuiu a possibilidade de contaminação dos ovos e dos filhotes. Se houvesse apenas a incubação natural, a produção não chegaria a este nível de eclodibilidade, pois os machos não conseguiriam incubar uma grande quantidade de ovos, acarretando na morte de vários embriões.
Palavras-chave: Ema, Reprodução Artificial, Manejo de aves.