63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental |
Dinâmica de liberação de nutrientes na degradação de Typha angustifolia |
Caroline Silva de Oliveira 1 Fernando Petacci 2 |
1. Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia/GO 2. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Química, UFG, Catalão/GO |
INTRODUÇÃO: |
Macrófitas como Typha angustifolia tem grande importância ecológica nos leitos aquáticos devido a sua grande capacidade de ciclagem de macro e micro nutrientes desses sistemas no decorrer de seus ciclos de vida. O acúmulo de detritos é o mecanismo responsável pela maior parte do acúmulo de fósforo em áreas alagadas. Portanto, uma parcela relevante do fósforo que estava presente na biomassa morta da planta não é re-disponibilizada no ecossistema, ficando retida sob forma de detrito. Procedimentos de fracionamento de fósforo são constantemente utilizados para conhecimento e compreensão da distribuição e mobilidade das diversas formas de fósforo em sedimento. Diversos estudos apresentam dados sobre espécies de P inorgânico e orgânico nesses sedimentos. No entanto, não há dados na literatura sobre as diferentes formas de P em plantas aquáticas. O uso de espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 31P para estudo de amostras ambientais iniciou-se em 1980 e hoje é uma poderosa ferramenta para esse propósito. Este trabalho visou determinar as diferentes formas de fósforo e os metais liberados durante processo de degradação de T. angustifolia em condições controladas, bem como avaliar o potencial fitotóxico do extrato etanólico da mesma. |
METODOLOGIA: |
Amostras secas de T. angustifolia, foram submetidas à decomposição em câmaras plásticas (500 mL) com aeração diária. Os tempos de amostragem foram 3, 15, 30, 60, 90 e 120 dias. Amostras in natura também foram analisadas (zero dia). Em cada etapa de analise, amostras eram retiradas da água, lavadas com água destilada e secas em estufa. A partir da planta in natura foi preparado um extrato etanólico e deste obtido 3 frações (F1, F2, F3) de diferentes polaridades, por cromatografia em coluna, as quais foram impregnadas em areia, a 50 mg.Kg-1, para determinação de atividade fitotóxica. As frações ativas foram submetidas a novo ensaio em concentrações de 100, 50, 25, 15, 5, 0,5 e 0,0 mg.Kg-1. Para cada tratamento utilizou-se três placas Petri com 10 sementes de alface crespa var. Grand Rapids (Lactuca sativa L.). Para análise de RMN 31P foi feita extração com NaOH 0,25mol.L-1 por 20 min. Após filtração, a solução obtida foi liofilizada e o resíduo solubilizado em D2O. Os espectros de RMN de P foram obtidos utilizando espectrômetro Bruker Avance III 500 MHz operando a 202,45 MHz, na faixa espectral entre -200 até 200 ppm. |
RESULTADOS: |
Da partição liquido-liquido de 1,0g de extrato obteve-se um rendimento total de 84,4±12,2 % m.m-1. Os resultados mostraram que a fração 1 e 3 foram ativas, diferenciando-se do controle no parâmetro comprimento, apresentando p < 0,0001. A porcentagem de germinação de L. sativa não foi afetada pelo extrato e suas frações. Estas foram submetidas a novo bioensaio e este mostrou que a F1 possui maior potencial fitotóxico, sendo esta ativa a uma concentração de 15 µg.mg-1 (p = 0,0313). Os dados relativos ao comprimento das plântulas foram comparados usando teste t (p < 0,05). Nos espectros de RMN foram obtidos sinais na faixa de 6 a -6 ppm. Os Sinais em δ 6,0, 4,8, -0,3 e -4,1 foram, respectivamente, atribuídos a ortofosfato inorgânico, monoester fosfato, fosfodiester e pirofosfato. Observou-se uma forte correlação entre a diminuição da intensidade do sinal do fósforo inorgânico e o aumento de outras formas de fósforo orgânico (Po) nas amostras, no decorrer do tempo. A partir de 3 dias pode-se observar o decaimento gradativo do orto-P e aumento do sinal referente à monoester-P, com aparecimento, também, de um sinal de baixa intensidade de P-diester. O surgimento do pico de P-diester é nítido visualmente, e pode ser comprovado pela integração da área dos picos. |
CONCLUSÃO: |
Typha angustifolia tem grande potencial alelopático, conforme demonstrado em ensaio in vitro. Os dados referentes à liberação de formas de fósforo orgânico a partir de T. angustifolia para o meio é um dado importante do ponto de vista da manutenção de seres vivos dependentes de fósforo nos ambientes onde a planta vive. A liberação lenta e gradual dessas outras formas podem também entrar nos ciclos de vidas dessas espécies e assim haver disponibilidade desse nutriente por um período maior de tempo, além de apenas ficar depositado nos sedimentos. |
Palavras-chave: Typha angustifolia, RMN 31P, Alelopatia. |