63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E A COLETA DIFERENCIADA: MORRO DA CONCEIÇÃO – RECIFE/PE
Eline Silva de Paula 1
Aldemir Dantas Barboza 2
1. Geógrafa, Mestranda em Geografia - Depto de Ciências Geográficas - UFPE
2. Profa. Dra. em Geografia / Orientadora - Depto de Ciências Geográficas - UFPE
INTRODUÇÃO:
O individuo gerador tem sua responsabilidade, nas etapas de gerenciamento dos resíduos, cessada no momento que dispõe os resíduos a coleta (Política Nacional de Resíduos Sólidos, art.18, 2007). Pensando apenas na geração dos resíduos sólidos pode-se constatar que a população mudou. As necessidades aumentaram ou simplesmente os desejos mesmo que não essenciais tem de ser atendidos. No entanto, a consciência ambiental não acompanhou tais mudanças. E, o homem, em sua maioria, continua sem se importar com o lixo que produz, disponibilizando-o no ambiente de qualquer forma, sem se preocupar com as conseqüências que tal ato pode acarretar. Tratar do estudo do meio ambiente não é uma ação descritiva e neutra. Implica a pesquisa e a detecção de um sistema complexo de ações/reações e de responsabilidades.
Observando tais atitudes é que se julga necessário entender quais as responsabilidades do homem perante o ambiente, quando se fala em disposição de resíduos sólidos. Em especial aqueles que habitam as áreas de morro, locais estes caracterizados, considerando o trabalho de limpeza urbana, como áreas de difícil acesso. Desta forma, este artigo vislumbra possibilidades a coleta diferenciada feita nestas áreas, sendo aqui visualizado no bairro do Morro da Conceição, na cidade do Recife/PE.
METODOLOGIA:
Historicamente, as áreas de morro foram ocupadas de maneira espontânea, sem planejamento e estas ocupações trouxeram consigo problemas de ordem ambiental, como a irregularidade na disposição dos resíduos sólidos. Localizado na Região Metropolitana do Recife, especificamente na Região Político Administrativa (RPA) 3, na microrregião 3.2, o bairro do Morro da Conceição, possui área total de 40,9 hectares (IBGE, 2000). Há o predomínio de solos argilosos que propiciam facilmente os deslizamentos de encostas, sendo considerado pela Defesa Civil do Recife, uma área de médio risco. A pesquisa foi realizada a partir de atividades como: levantamento bibliográfico, recolhimento de material iconográfico, pesquisa em sites e atividades de campo. Foram obtidas informações através da aplicação do questionário/entrevistas proposto na comunidade e junto a Empresa de Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), responsável pelo gerenciamento dos resíduos na cidade, onde foram colhidas as informações sobre a coleta realizada no bairro e possíveis intervenções realizadas. Os questionários/entrevistas aplicados no bairro foram analisados de forma qualitativa e as perguntas serviram apenas como guia.
RESULTADOS:
Observa-se que existem dificuldades na coleta de lixo convencional e nas áreas de difícil acesso como os morros, estas dificuldades se intensificam. Desta forma, a coleta feita nestas áreas necessita de mais investimentos na operação do que a realizada nas demais áreas. No Brasil, o poder municipal adota práticas como: Coleta alternativa manual, utilizando Veículo de pequeno porte, Carroça, Carrinho de mão, “Lixoduto”, Trator com carroceria, e o Bangüê (Exclusivo em Recife). No bairro estudado, a coleta de lixo é feita diariamente, porta a porta, seja por ensacamento ou por uso de carros de mão e alguns moradores que estão em locais de difícil acesso devem aguardar os garis com coletores. Os moradores são estimulados pelos próprios agentes de limpeza urbana a não colocarem o lixo fora do horário, e que se não puderem dispor o lixo no horário exato, que o mesmo não seja jogado em local inapropriado. Os moradores estão satisfeitos com a coleta, mas se queixam do tempo que o caminhão leva para recolher o lixo do bairro, já que para áreas urbanas e movimentadas o recolhimento só é feito à noite. A Emlurb diz que não há condições de se fazer coleta seletiva no bairro ou deixar caçamba estacionária porque a população não tem a educação para utilizar este equipamento.
CONCLUSÃO:
O homem é responsável pelo ambiente em que vive e é o causador e vítima de suas ações. As áreas de difícil acesso, principalmente as áreas de morro, tem no cerne de sua origem problemas nas suas ocupações. Mas, tais problemas não impedem que as pessoas tenham consciência e destine corretamente seus resíduos. As alternativas aqui proposta demonstraram a realidade conhecida por estas áreas no país como um todo. Alguns aplicados em algumas áreas e outros não, mas nada de diferenças tão discrepantes. É preciso salientar que tais tecnologias precisam ser adaptadas ao espaço que são destinadas, por isso é relevante conhecer o local e a comunidade a que se deseja instalar. Pois, só a comunidade poderá saber quais equipamentos efetivamente funcionarão.
Faz-se necessário indagar a população sobre os problemas que ocorrem no seu espaço e que obrigações/deveres esta tem. As tarefas precisam ser definidas e as responsabilidades divididas. Educação ambiental continua sendo uma ferramenta eficaz, apesar de lenta. Já que as mudanças necessárias no pensamento ambiental de cada indivíduo são absorvidas aos poucos, pois não se muda a consciência de um indivíduo de uma hora para outra. Mas, quem disse que uma semente germina em poucos minutos?
Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Coleta Diferenciada, Morro da Conceição.