63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS PELOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE NATAL, RN.
DÂNDARA NAYARA AZEVÊDO DANTAS 01
DÉBORAH RAQUEL CARVALHO DE OLIVEIRA 01
MARCELA PAULINO MOREIRA DA SILVA 01
RAMON ENVANGELISTA DOS ANJOS PAIVA 02
RICARDO ALEXANDRE ARCÊNCIO 03
BERTHA CRUZ ENDERS 04
1. Aluna do 6º Perído de Graduação em Enfermagem - UFRN
2. Enfermeiro do Hospital Monselhor Walfredo Gurgel.
3. Prof. Dr. - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
4. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Enfermagem - UFRN
INTRODUÇÃO:
A Busca Ativa de Sintomáticos Respiratórios (SR), de acordo com o Ministério da Saúde constitui uma atividade de saúde pública que visa descobrir os casos bacilíferos de Tuberculose através da identificação precoce de pessoas com tosse igual ou há mais de três semanas. Tem sido uma estratégia recomendada internacionalmente e é uma das prioridades do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT).
A Busca Ativa de SR é caracterizada como uma sequência de atividades, que vão desde o contato e a identificação de SR no domicílio até ao encaminhamento para seguimento ambulatorial dos casos diagnosticados.
Com a inserção da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Programa de Agente Comunitário de Saúde (PACS), a busca ativa deve ser praticada na visita mensal para todos os moradores do domicílio. Desta forma, trata-se de uma atividade que deve estar totalmente inclusa no cotidiano de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Este trabalho está relacionado a um estudo mais amplo sobre o diagnóstico de TB na prática dos ACS, e relata os resultados referentes ao desenvolvimento de ações de busca ativa de sintomáticos respiratórios.
Os objetivos deste estudo foram: identificar o perfil dos ACS; avaliar como estão sendo desenvolvidas as atividades de Busca Ativa de SR pelos ACS em Natal-RN e verificar a relação entre o perfil dos ACS e as ações de Busca Ativa de Sintomáticos Respiratórios desenvolvidas por estes profissionais.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa avaliativa com abordagem quantitativa, realizada com os ACS que atuam nas Unidades de Saúde da Família e Unidades Básicas de Saúde no município de Natal, RN.
A população do estudo é composta de aproximadamente 646 ACS, distribuída em quatro distritos. A amostragem seguiu através de probabilística aleatória, na qual foram sorteados 110 agentes.
Após a aprovação do estudo pelo comitê de Ética da UFRN, a coleta de dados foi cumprida entre julho e setembro de 2009. Utilizou-se o instrumento estruturado da Pesquisa Operacional da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose/REDE-TB, que foi elaborado a partir do Primary Care Assesment Tool. O instrumento é formado por questões abertas e fechadas que seguem escalas de possibilidades preestabelecidas da escala de Likert, sendo atribuído um valor entre zero e cinco.
Os dados foram tabulados no SPSS e a análise se deu através de estatística descritiva utilizando o banco de dados elaborado a partir dos questionários. Este trabalho está relacionado a um estudo mais amplo sobre o diagnóstico de TB na prática dos ACS, e relata alguns dados referentes ao desenvolvimento de ações de busca ativa de sintomáticos respiratórios.
RESULTADOS:
Identificamos que 87,3% dos ACS são do sexo feminino; 58,7% possuem o ensino médio completo; 8,3% estudaram até o ensino fundamental e 81,8% estão satisfeitos em trabalhar na unidade de saúde. A média de tempo de trabalho como ACS foi de aproximadamente 10 anos, sendo três anos e meio o menor período de experiência na profissão e o maior de vinte anos e meio.
Quanto às ações de Busca Ativa, identificou-se que 96 (87,2%) dos entrevistados afirmaram que sempre registram as queixas dos usuários durante as visitas domiciliares e comunicam a enfermeira quando algum usuário apresenta tosse há mais de três semanas. Dentre os participantes, 62,7% responderam que frequentemente questionam se as pessoas possuem tosse e 85,5% responderam que geralmente indagam se as pessoas que moram com o doente de TB têm esse sintoma.
Dos entrevistados, 70,9% responderam que costumam orientar as pessoas sobre a TB e que as ações de busca ativa não são realizadas apenas em época de campanha.
Não foi identificada nenhuma relação entre o nível de escolaridade e o desenvolvimento das ações de busca ativa.
Nota-se que as ações de busca ativa são muito eficazes quando existe algum membro da família com TB, contudo, quando inexiste, essa prática é menos realizada. Isso demonstra que essas ações deveriam ser intensificadas, uma vez que um único doente de TB não identificado estará contribuindo para a transmissão da doença.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados desse estudo, pôde-se identificar que o longo período de trabalho dos ACS nas instituições possivelmente não está interferindo no desenvolvimento das ações de busca ativa, uma vez que esses profissionais estão satisfeitos com o seu trabalho e grande parte dos ACS está desenvolvendo positivamente as ações de Busca Ativa nas comunidades. Questiona-se a possibilidade da sub-identificação dos casos de TB nos municípios, já que a busca ativa de SR não está sendo uma prática diária nas visitas domiciliares de todos os ACS. A não incorporação do desenvolvimento da Busca ativa por alguns dos ACS pode estar relacionada a alguns fatores, dentre os quais, o modo como se organizam os serviços de saúde e as limitações na capacitação dos ACS.
Portanto, torna-se indispensável a capacitação permanente dos ACS, a qual constitui um ponto-chave no desenvolvimento das ações de busca ativa de SR, e deve ser executada com o intuito de promover ações efetivas, pois juntamente com os demais programas que englobam o PNCT, a busca ativa de SR deve ser uma atividade incorporada nas rotinas dos serviços de saúde.
Palavras-chave: ENFERMAGEM, TUBERCULOSE, AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE.