63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
AVALIAÇÃO DO PERFIL BIOPSICOSSOCIAL DE IDOSOS COM RISCO PARA DEPRESSÃO
Jacqueline Maia Santos 1
Camila Calhau Andrade 1
Daniela Soares Aguiar 1
Edméia Campos Meira 2
1. Discente de Enfermagem - Depto. de Saúde – UESB
2. Profª. Msc./Orientadora – Depto. de Saúde – UESB
INTRODUÇÃO:
O processo de envelhecimento humano é acompanhado de alterações multidimensionais progressivas e inevitáveis. Na velhice, o cotidiano das pessoas idosas geralmente é permeado por perdas afetivas, econômicas, sociais e biológicas, tornando-os mais susceptível à depressão. Aliado a este quadro, a convivência com doenças crônicas em perfil de comorbidades acentua a condição de dependência e fragilização, o que potencializa o desenvolvimento de sintomas depressivos, com comprometimento físico psíquico e social. Este distúrbio é caracterizado por um quadro de tristeza, culpa, desvalorização desesperança e até de impulsos suicidas. Além destes sintomas, o quadro pode ser acompanhado de transtornos do sono, apetite, disfunção sexual, retardo ou agitação psicomotora (FREITAS, 2006). A depressão traz efeitos prejudiciais à vida do idoso, desde a área intelectual (transtornos cognitivos), a área social (isolamento social) e somática, com complicação cardíaca, pulmonar e gastrointestinal. Assim, este estudo tem como objetivo identificar as características sociodemográficas e de saúde/doença de idosos que apresentam risco para depressão, com a finalidade de conhecer as variáveis condicionantes e/ou determinantes de quadros depressivos.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de natureza construtivista, desenvolvido em domicílios de idosos pertencentes à área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família no interior da Bahia. Teve como amostra intencional, 30 idosos de ambos os sexos com características de dependência e/ou fragilização em contexto familiar. Foi desenvolvido no período de Agosto a Dezembro de 2010, sendo utilizado o Protocolo de Avaliação Multidimensional do Ministério da Saúde (2006) com ênfase para a Escala de Depressão Geriátrica. Optou-se pela versão reduzida com 15 itens (EDG-15), tanto pela facilidade de aplicação como pelas evidências sobre sua validade para identificação de quadros de depressão. O estudo atendeu as diretrizes da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, segundo protocolo nº203/2009, fornecido pelo CEP/UESB. Após coleta de dados em campo junto aos sujeitos descritos, procedeu-se a análise e avaliação dos riscos para depressão por meio de estatísticas descritivas.
RESULTADOS:
No que se refere à distribuição da população idosa doente e/ou fragilizada em um universo de 30 idosos, 22 apresentaram risco para depressão. De acordo com o grupo etário, a maioria possui 80 anos ou mais (50%). No universo da amostra, a avaliação de risco de acordo ao sexo encontra-se praticamente equiparada para os idosos do sexo masculino (72%) e feminino (73,6%). Quanto à escolaridade, os idosos são analfabetos (83%). No critério convivência conjugal e sexo notou-se que, entre as mulheres idosas que vivem com cônjuge, metade apresenta risco, e entre os homens (62,5%). Quanto às patologias referidas pelos idosos inseridos no grupo de risco, a Hipertensão Arterial é a mais frequente (60%), seguido de diabetes mellitus e Acidente Vascular Encefálico (ambos com 10%). Os anti-hipertensivos são os medicamentos mais utilizados (63,4%) seguido de antiulcerosos (12%). Nos arranjos domiciliares a maioria dos idosos convive com cônjuge e filhos ou com cônjuge, filhos e netos (83%); o arranjo “mora sozinha (o)” representa (4,5%). Quanto à presença de sintomas depressivos, auto-estima baixa constitui-se o mais frequente sintoma psicológico (50%), seguido de dores osteomusculares (70%). Em menor frequência, o grupo dos sintomas cognitivos, representado pelo esquecimento (33%).
CONCLUSÃO:
Mediante resultados, nota-se que a parcela de idosos avaliados que apresenta risco para depressão é considerável (73,3%), o que sugere a efetivação das redes de atenção à saúde do idoso e da assistência domiciliar das Equipes de Saúde da Família. Essas medidas visam basicamente um melhor acompanhamento dos estados de saúde biopsicossociais das pessoas idosas, o que geraria uma melhoria na qualidade de vida e redução dos diagnósticos de enfermagem negativos, tais como risco para sentimento de impotência e baixa autoestima. Na análise dos idosos com risco para depressão de acordo com o sexo, há uma irrelevante diferença entre as porcentagens de homens e mulheres, resultado contraditório ao que se observa em estudos especializados na área da psicologia gerontogeriátrica, que afirmam que a prevalência da doença é duas vezes maior entre as mulheres do que entre os homens (BRASIL, 2006). Além disso, observa-se também que o critério de convivência conjugal não mais se constitui um fator condicionante para o desenvolvimento da depressão, visto que neste estudo no âmbito masculino há maior risco para depressão entre aqueles que possuem cônjuge (62,5%) e em âmbito feminino os fatores conjugais encontram-se equiparados (50%).
Palavras-chave: Enfermagem Geriátrica, Saúde do Idoso, Depressão.