63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
INDICAÇÃO, TEMPO DE USO E FALHAS RELACIONADAS AO USO DE ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO DE BAIXA DOSE
Andrezza Alves Dias 1
Camila Félix Américo 1
Ana Carolina Ribeiro Tamboril 1
Jacqueline Alves da Silva Alcântara 1
Escolástica Rejane Ferreira Moura 2
1. Depto. de Enfermagem, Fac. De Farmácia, Odontologia e Enfermagem - UFC
2. Profa./Dra. Orientadora – Depto. de Enfermagem - UFC
INTRODUÇÃO:
O uso de Anticoncepcional Oral Combinado (AOC) de baixa dose tem alcançado índices elevados no Brasil e no mundo, acompanhado de avanços em termos de variedade e de qualidade dos hormônios utilizados. No contexto atual, cada vez mais cedo mulheres iniciam a vida sexual, aumentando, consequentemente, o número de usuárias de AOC, as quais devem receber informações para o uso correto, bem como avaliação de um profissional de saúde capacitado para indicar o método com segurança. Diante disso, objetivou-se avaliar a indicação, o tempo de uso e falhas relacionadas ao uso de AOC de baixa dose. Considerando que uma das metas da atenção ao Planejamento Familiar (PF) é a promoção do uso seguro de Métodos Anticoncepcionais (MAC), o que implica no uso correto do AOC sob o controle das usuárias e conforme indicação e acompanhamento profissional, estudo voltado ao perfil de uso do AOC de baixa dose e aos fatores associados torna-se relevante, uma vez que este é método mais prevalente no país.
METODOLOGIA:
Estudo avaliativo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado em sete Centros de Saúde da Família (CSF) que compõem o sistema de saúde de Fortaleza-CE. Os dados foram coletados por meio de entrevista, de março a julho de 2010. Participaram 264 mulheres que se enquadraram nos critérios de inclusão: estar em idade fértil e em uso de AOC de baixa dose. Para a coleta de dados, foram abordados além de aspectos sócio demográficos, as seguintes variáveis: indicação do AOC de baixa dose, tempo de uso e relato de falha (gravidez) com o uso do AOC. Foi realizada análise estatística descritiva com frequência absoluta e relativa, média, Desvio Padrão (DP) e percentis. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, conforme protocolo nº 04/10 e as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
RESULTADOS:
O perfil das mulheres pesquisadas caracterizou-se por ser jovem, predominando a faixa de idade dos 20 aos 28 anos (139; 52,7%). O tipo de união estável com parceria fixa foi referido por 222 (84,1%) mulheres. Predominou o ensino médio completo em 124 (47%) mulheres e uma renda média de 2,4 salários mínimos (DP = ±0,85). A indicação do AOC de baixa dose de 138 (52%) usuárias foi efetuada por médico e de 25 (9,5%) por enfermeiro, somando 163 (61,5%) participantes tendo a indicação por um profissional, o que é o recomendado. 101 (38,5%) mulheres faziam uso do AOC sem uma avaliação das contra-indicações e outras orientações relevantes decorrentes de um profissional da saúde. A média do tempo de uso foi de 51,4 meses, com DP de ±48,1. Do total de observações, 75% das mulheres estavam a utilizar o AOC por 72 meses ou menos. Pouco mais da metade do grupo pesquisado não procurou o serviço de saúde para obter informações sobre o uso do AOC. O relato de falha no uso da pílula foi referido por 19 (7,1%) mulheres. Neste estudo a falha foi atribuída ao esquecimento. Contudo, as mulheres pareceram reconhecer que o problema não está na ineficácia do método. Ainda assim, das mulheres que relataram ter engravidado mesmo utilizando a pílula, 4 (21%) afirmaram a crença de pílula fraca.
CONCLUSÃO:
A indicação do AOC foi, em grande parte, feita por profissionais da saúde (médico ou enfermeiro), entretanto, foi também considerável a indicação do método por terceiros. Foi grande a variação para o tempo de uso do AOC, de menos de um ano até 72 meses de uso do AOC. O relato de falhas obteve pequena freqüência e recaiu para o esquecimento e ineficácia da pílula (pílula fraca), de acordo com as mulheres pesquisadas. Desse modo, percebe-se que foi satisfatória a cobertura do atendimento profissional em PF, mas prevalece a necessidade de ações que captem usuárias para o serviço a fim de assegurar uma cobertura profissional de 100% para a indicação do uso de AOC,tendo em vista que a indicação por terceiros pode perpetuar crenças relacionadas ao uso do método, pondo em risco a continuidade na sua utilização.As barreiras institucionais devem ser minimizadas, tendo em vista que fica a cargo do Ministério da Saúde a compra e distribuição nos estados dos medicamentos anticoncepcionais, entre os quais estão os AOC de baixa dose.Os profissionais assistenciais,por sua vez,devem despender esforços para bem informar à clientela assegurando a correta utilização do método.
Palavras-chave: Anticoncepcionais Orais Combinados, Saúde da Mulher, Enfermagem.