63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
CARACTERIZAÇÃO COMPORTAMENTAL DE Hypsiboas goianus (ANURA, HYLIDAE) SOB ESTÍMULOS ACÚSTICO E VISUAL
Sabrina Pereira Santos 1
Raíssa Furtado Souza 1
Fausto Nomura 2
1. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás - UFG
2. Prof. Dr./Orientador -Depto.de Ecologia/ICB, Universidade Federal de Goiás - UFG
INTRODUÇÃO:
Anfíbios anuros constituem um grupo eminentemente acústico. Entretanto, existem indícios de que comunicação visual também é importante nas interações sociais de espécies noturnas.
Nesse estudo, investigamos o comportamento de Hypsiboas goianus B. Lutz, 1968, no qual testamos a hipótese de que diferentes estímulos produzem modificações no repertório comportamental e verificamos em qual contexto a comunicação visual pode ser vantajosa em comparação à acústica, no período noturno.
METODOLOGIA:
Realizamos dois experimentos na Floresta Nacional de Silvânia entre setembro/2009 e março/2010. No experimento I, dez indivíduos de Hypsiboas goianus foram submetidos a estímulos visuais (EV) e acústicos (EA) em quatro tratamentos (ausência de estímulos, EV, EA, EV+EA). Para EV, confeccionamos um modelo artificial que emitiu o comportamento de passar a mão na frente da face. Para EA, digitalizamos o canto de anúncio da espécie. O experimento II, com sete indivíduos, apresentou dois tratamentos: modelo em postura “agressiva” (saco vocal inflado sem vocalizar) e “passiva” (repouso).
As frequências de emissão dos comportamentos foram comparadas mediante ANOVA pareada e as respostas visual e acústica mais frequentemente emitidas, por meio de um teste T pareado.
RESULTADOS:
Nos experimentos, não encontramos diferenças na emissão de respostas visuais e acústicas entre os tratamentos, demonstrando que comunicação visual não apresenta função específica para Hypsiboas goianus, ao contrário do encontrado para outras espécies (e.g., Atelopus zeteki, Bufonidae).
Por H. goianus responder primariamente aos estímulos com sinais acústicos, nossos dados suportam a importância do hábito diurno e de ambientes ruidosos na evolução da sinalização visual em anuros, uma vez que essa espécie é essencialmente noturna e utiliza ambientes lênticos.
Nossos resultados não corroboram ainda que, para anuros noturnos, o intenso barulho da vocalização simultânea de machos pode estar relacionado com sinalizações visuais. Diferentemente, nosso trabalho é único ao testar diretamente o contexto das sinalizações “visuais”, que devem apresentar função não relacionada à comunicação entre machos ou associada a interações agonísticas.
CONCLUSÃO:
Demonstramos que durante interações agonísticas entre machos de Hypsiboas goianus há prevalência de comunicação acústica, provavelmente por se tratar de espécie noturna de ambientes lênticos. Verificamos ainda que o aumento de estímulos oferecidos não acarreta aumento da frequência das respostas comportamentais. Apesar de H. goianus emitir comportamentos utilizados por outras espécies como sinais visuais, não é possível afirmar que estes comportamentos apresentem função de comunicação para esta espécie. Nossa hipótese é de que os comportamentos visuais emitidos sejam atividades deslocadas de contexto, em resposta a uma situação de conflito motivacional, o que pode gerar, em tempo evolutivo, sinais visuais verdadeiros.
Palavras-chave: Interações agonísticas, Comunicação visual e acústica, Repertório comportamental.