63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
A TERRITORIALIZAÇÃO DA MICROÁREA 05 DA ÁREA 04 DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO JÚLIA SEFFER, AGOSTO À NOVEMBRO DE 2010.
Nathália de Almada Barata Pereira 1, 3
Cristine Bessa Gondim Maia 1
José Luiz Furtado Monteiro 1
Eliane Ferro Bahia da Silva 2
1. Faculdade de Medicina do Centro Universitário do Pará / CESUPA
2. Profª.Esp./ Orientadora – Módulo de Interação em Saúde na Comunidade – CESUPA
3. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA
INTRODUÇÃO:
O ponto de partida para a organização do trabalho das ações de vigilância em saúde é a territorialização do sistema local de saúde, isto é, o reconhecimento e o esquadrinhamento do território segundo a lógica das relações entre condições de vida, ambiente e acesso às ações e serviços de saúde (TEIXEIRA et al.,1998). A territorialização é largamente utilizada em educação em saúde, caracterizando-se por ser um processo de observação, identificação e reconhecimento da área. Engloba ações para identificação de barreiras geográficas e das condições sanitárias locais, além de caracterizar os aspectos socioeconômicos e culturais, com a finalidade de conhecer as necessidades de saúde de uma comunidade, para que as ações de saúde se tornem mais objetivas, precisas e eficazes (ALMEIDA, 2005). O objetivo do trabalho é conhecer a microárea 05 da área 04 da Unidade Básica de Saúde Júlia Sefffer, identificando suas condições sócio-econômicas e culturais, compreendendo como estas impacta a saúde da população, além de reconhecer as condições de saúde mais prevalentes e, sua importância é relevante para a caracterização dessas condições de saúde, refletindo a realidade de saúde local do Júlia Seffer, podendo facilitar posteriores intervenções nas políticas públicas de saúde.
METODOLOGIA:
A partir de uma autorização expedida, pela diretoria da Unidade Básica de Saúde do Júlia Seffer, iniciou-se nas manhãs de terças-feiras letivas, compreendidas entre agosto a novembro de 2010, visitas ao território da microárea 05 da área 04 do Júlia Seffer, com auxilio do agente comunitário de saúde da microárea e sob supervisão da orientadora. Foram analisadas as condições de vida e saúde da comunidade em questão, a partir de uma observação direta (verificando-se a existência de barreiras geográficas, condições sanitárias, estabelecimentos econômicos, práticas religiosas e serviços oferecidos) e uma observação indireta (dados da FICHA A – Sistema de Informação da Atenção Básica). Para a primeira observação utilizou-se de equipamento fotográfico para registro de imagens. Os dados coletados das 81 FICHAS A foram agrupados em forma de tabelas que continha as variáveis da ficha A, com suas respectivas freqüências absolutas, relativas e porcentagens que foram encontradas através de uma fórmula estatística (esta divide a frequência da variável pela freqüência absoluta). Posteriormente, foi utilizado o software Microsoft Office Excel 2007 para a geração dos gráficos e para a confecção das tabelas.
RESULTADOS:
Encontrou-se que o sexo feminino prevalece (56%). A faixa etária com maior percentual está entre os menores de 15 anos, 28%. 88% são alfabetizados. Dentre as condições patológicas, a mais prevalente foi a hipertensão arterial, 9%, seguido do Diabetes Mellitus, 2,6%. A maior ocupação é de estudantes (26,8%) devido a população serem infanto-juvenil, seguido da ocupação “do lar” com 14,1%. Prevalecem habitações de tijolos, 84%. A maioria dispõe de energia elétrica, 89%. Em 85% das casas há coleta de lixo regularmente. 25% da população não fazem tratamento na água de consumo. 74% usam poços artesianos. A microárea não possui sistema de esgoto, fazendo-se uso de fossas, 86%. 48% da população usam a unidade de saúde e 40% vão a hospitais. O meio de comunicação mais utilizado é a TV, 66%. 51% da população praticam uma religião e o ônibus é o meio de transporte mais utilizado, 80%. Na observação direta, foi visualizado e registrado: ruas com calçamento fora do padrão; vias pavimentadas, sem circulação de transporte público; alguns pontos com má iluminação; não há saneamento básico; existência de terrenos baldios com lixo e vegetação descuidada; livre circulação de animais; uma praça dentro da área; presença de vários estabelecimentos comerciais e igrejas e não há escolas ou creches.
CONCLUSÃO:
Segundo o Ministério da Saúde (1997), a Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. Na microárea pesquisada, observam-se populações de baixo-médio nível socioeconômico que sofrem as conseqüências da marginalização social: desemprego, dificuldades de acesso à educação, precárias condições de infra-estrutura urbana e poucas opções de lazer. Essas populações estão mais suscetíveis a certos agravos de saúde, como: doenças parasitárias, doenças infecto-contagiosas, abuso de álcool e outras drogas, hipertensão arterial, diabetes, entre outros. Os dados deste estudo só puderam ser obtidos através do processo de territorialização. Esse processo é um estágio fundamental para o planejamento de políticas públicas de saúde, realizado como pré-requisito para instalação das Unidades Básicas de Saúde.
Palavras-chave: Territorialização, microárea 05, Unidade Básica de Saúde Jullia Seffer.