63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DOS SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO DE EFLUENTES FINAIS NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE -CE
Yannice Tatiane da Costa Santos 1
Iacy Maria Pereira de Castro 2
Joana Paula Menezes Gomes 2
Queyla Munique da Silva Firmino 3
Thiago Luiz Freire Rodrigues 3
Jefferson Queiroz Lima 4
1. Prof. Msc./Depto. de Eng. Ambiental, Campus Juazeiro do Norte – IFCE
2. Graduanda Eng. Ambiental/Instituto Federal do Ceará – Campus Juazeiro do Norte
3. Téc. Integrado Edificações/Instituto Federal do Ceará – Campus Juazeiro do Norte
4. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Eng. Ambiental, Campus Juazeiro do Norte – IFCE
INTRODUÇÃO:
O sistema de saneamento no Brasil é bastante precário, sendo o nordeste uma das regiões que apresenta pequena porcentagem quanto aos domicílios beneficiados pela rede coletora de esgoto. A cidade de Juazeiro não difere desta estatística, o esgotamento sanitário cobre apenas 40,32% da cidade. Acredita-se que parte dos domicílios não faz a ligação predial com a rede coletora por conta da tarifa cobrada pela concessionária, que atualmente custa 80% da conta da água.
Dessa forma os sistemas mais utilizados são tanques sépticos (TS) e fossas. Os TS são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico, dejetos e águas servidas, que tem a função de tratar o esgoto por processos de sedimentação, flotação e digestão, dispondo seu efluente final no solo através de sumidouros e valas de infiltração. As fossas, também conhecida como fossa-sumidouro, são escavações rudimentares destinadas à disposição final dos efluentes, tem função de orientar a infiltração desses resíduos para o solo.
A estrutura desses tipos de sistemas deve sempre respeitar a NBR 7229/1993, que dispõe sobre o projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos.
O objetivo do trabalho foi descrever as principais características estruturais de dois sistemas da zona urbana do município de Juazeiro do Norte.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida inicialmente com um levantamento de informações sobre quais as empresas que trabalhavam com o esgotamento de águas residuárias, considerando pesquisas de internet, flagras em operações dessas imunizadoras e informações cedidas por clientes das mesmas.
Mediante essas informações buscou-se entrar em contato com as imunizadoras, com o objetivo de formar parceria para compreender a dinâmica dos sistemas e, em seguida projetar a estratégia de amostragem, como também à elaboração do questionário.
Em um segundo momento foi iniciado a pesquisa de campo que contemplou as visitas junto com as empresas imunizadoras. A pesquisa abrangeu uma residência unifamiliar e um estabelecimento comercial (restaurante). Foi aplicado o questionário nos dois estabelecimentos, que enfocava informações sobre a caracterização do sistema de disposição (material de construção, formato, dispositivo de vedação, a presença de chicanas, etc.), freqüência de esgotamento, disposição de retenção de escuma, distancia de poços ou fonte de abastecimento.
Em seguida houve o acompanhamento do processo de esgotamento que buscou registrar, por meio de fotos e dados coletados, a estrutura e condições dos sistemas.
RESULTADOS:
Foi verificado em ambos os sistemas que a utilização era realizada exclusivamente para os efluentes oriundos da cozinha (EC) e separados dos efluentes sanitários (EF). Acredita-se que essa atitude seja tomada para evitar a obstrução precoce dos orifícios de infiltração que se dá facilmente pelo acúmulo de gordura quando se mistura em um sistema só, efluentes EC e EF.
O sistema da residência unifamliar era formado de 5 anéis de manilha (peças pré-moldadas) com cerca de 60 cm de comprimento cada e 1 m de diâmetro totalizando assim 3 m de profundidade total. Cada peça possuía dois orifícios por volta de 10 cm de diâmetro que ficavam intercalados ao longo da profundidade. O fundo era formado de brita, porém, devido ao acúmulo e compactação de areia não foi possível verificar visualmente.
Já o sistema do restaurante foi construído com tijolos de 8 furos invertidos de 5 m de profundidade e cerca de 3,2 m de diâmetro, contemplando um volume útil de 40 m³.
O local de construção dos sistemas estava em desacordo com as recomendações propostas pela NBR 7229/1993 que determina distâncias horizontais mínimas de 15 a 30 m de poços. Se essa exigência é feita para TS impermeáveis, essa distância não foi obedecida para um sumidouro que apresenta infiltração constante no solo.
CONCLUSÃO:
Os sistemas estudados recebiam esgotos exclusivamente oriundos de águas servidas (cozinha) e eram do tipo fossas-sumidouro com o intuito de não misturar os efluentes sanitários com águas servidas juntos em um mesmo sistema. Acredita-se que a razão dessa prática objetiva retardar a frequencia de esgotamento da fossa - EF, uma vez as águas servidas da cozinha, devido ao elevado teor de óleos e graxas, têm a características de obstruir rapidamente os orifícios destinados a infiltração no solo do efluente.
Os sistemas encontrados para a residência e restaurante embora não tenham sua construção proibida, é potencialmente mais prejudicial a qualidade ambiental do que os TS (NBR 7229), uma vez que as fossas-sumidouros encontradas infiltram diretamente o esgoto no solo sem quaisquer processo prévio de sedimentação e floculação, nem de estruturas físicas como a presença de chicanas que removem parte da escuma.
A ausência de tais estruturas prejudica a qualidade da água subterrânea através da infiltração de nitrogênio (NH3 que depois é convertido a nitrato), matéria orgânica que causam gosto e odor, e patógenos, o que é preocupante, pois, toda cidade é abastecida por água subterrânea.
Palavras-chave: Tanques sépticos, Fossas, Resíduos esgotados.