63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 3. Pastagem e Forragicultura
CARACTERIZAÇÃO MORFOGÊNICA DO CAPIM MARANDU (Brachiaria brizantha cv. Marandu) SUBMETIDO A DOSES CRESCENTES DE NITROGÊNIO NO NORTE TOCANTINENSE
Joaquim José de Paula Neto 1
Emerson Alexandrino 2
Gilson de Oliveira Mendes Filho 3
Jonathan Chaves Melo 3
1. Mestrando em Ciência Animal Tropical, Universidade Federal do Tocantins – UFT
2. Prof. Dr./Orientador – Curso de Zootecnia/UFT/CAT
3. Alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical – UFT
INTRODUÇÃO:
Com todas as pressões ambientais e de mercado sobre a pecuária de corte brasileira, é necessário conhecer e compreender não apenas o processo de transformação do pasto em produto animal (carne ou leite), mas, sobretudo entender e controlar os processos de crescimento e desenvolvimento da planta que resultará na produção de forragem a ser consumida. Esse potencial produtivo das plantas forrageiras é atribuído à contínua emissão de folhas e perfilhos, podendo ser avaliado pela técnica da morfogênese, definida como a dinâmica de geração e expansão da forma da planta no espaço, podendo ser expressa em termos de aparecimento (organogênese) e expansão de novos órgãos e de sua senescência (LEMAIRE, 1997).
Apesar de ser determinada geneticamente, a morfogênese sofre influência de fatores ambientais, como luminosidade, temperatura e disponibilidade de água e nutrientes (CHAPMAN; LEMAIRE, 1993). Dentre os nutrientes, o nitrogênio é considerado como o responsável para a manutenção da produtividade e persistência da pastagem, pois tem caráter decisivo no crescimento de órgãos e sistemas (CECATO et al.,2000). Assim, objetivou-se avaliar ao longo de ciclos de pastejo o efeito de doses de nitrogênio sobre as características morfogênicas do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido em área do Departamento de Zootecnia da UFT, Campus de Araguaína. O clima da região é tropical de verão úmido, com temperaturas máximas de 40ºC e mínimas de 18ºC, e precipitação anual de 1.430 mm/ano. O solo da área é um NEOSSOLO QUARTIZARÊNICO órtico.
O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, com 4 repetições, dispostos em esquema de parcelas subdivididas 5 x 4, sendo 5 doses de nitrogênio (0, 25, 50, 75 e 100 kg/ha/ciclo de N, via uréia) e 4 ciclos de pastejo (ciclo 1, 2, 3 e 5), totalizando 20 unidades experimentais de 147,25 m².
O período experimental iniciou-se em novembro de 2009, após o corte de uniformização dos piquetes. Aproximadamente 5 dias após, foram identificados 5 perfilhos por parcela, e os seus componentes morfológicos foram avaliados até o final do período de descanso, ao longo de todos os ciclos, de 28 dias. Com esses registros foram estimadas: taxa de aparecimento foliar (TApF – folhas/perfilho/dia); taxa de alongamento foliar (TAlF); taxa de senescência foliar (TSF) e taxa de alongamento de colmo (TAlC), expressas em mm/perfilho/dia.
Foi realizado a análise de variância e quando necessário, o efeito das doses de nitrogênio foi comparado por regressão e dos ciclos de pastejo por teste Tukey, sendo todas as comparações realizadas a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
A TApF obteve o valor de 0,1113 folhas/perfilho/dia, determinando um período de aproximadamente 9 dias para o surgimento completo de uma folha. Verificou-se efeito das doses de nitrogênio e dos ciclos de pastejo sobre a variável (P<0,05). Somente no ciclo 5 não foi observado efeito significativo do nitrogênio, sendo linear para o segundo e terceiro ciclo, e quadrática para o primeiro ciclo. O valor médio de 29,42 mm/perfilho/dia para a TAlF foi superior à média encontrada por Casagrande (2007) de 17,5 mm/perfilho/dia. Somente para o primeiro ciclo de pastejo não foi observado a resposta significativa do nitrogênio sobre a TAlF, com valor médio de 24,81.
O valor médio da TSF foi de 7,16 mm/perfilho/dia, bem superior aos de Casagrande (2007), com média de 3,83 mm/perfilho/dia, ao avaliar o Marandu, manejada sob pastejo intermitente durante o período das águas. Somente foi observado efeito significativo dos ciclos de pastejo sobre a TSF para as doses de zero e 75 kg/ha de nitrogênio, o que é favorável, já que no manejo da pastagem deve-se evitar o incremento das perdas de folhas por senescência.
A TAlC, variável que contribui para o incremento na produção de colmo, obteve valor médio encontrado foi de 2,56 mm/perfilho/dia, bem próximo ao encontrado por Casagrande (2007) com valor médio de 2,47 mm/dia/perfilho. Verificou-se efeito significativo das doses de nitrogênio sobre a variável para os ciclos dois e três, com uma resposta linear e quadrática, respectivamente.
CONCLUSÃO:
Verificou-se que sob as condições edafoclimáticas de Araguaína, o capim Marandu respondeu à adubação nitrogenada, e essa resposta, principalmente em intensidade foi diferenciada em função dos ciclos de pastejo. Em termos gerais, a maioria das variáveis respostas relacionadas com o crescimento do capim, como a TApF, TAlF, TAlC foram intensificadas com o incremento de doses das doses de nitrogênio.
Palavras-chave: Morfogênese, Capim Marandu, Perfilho.