63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Os brinquedos no desenvolvimento da motricidade fina de crianças e as diferenças sócio-econômicas
Camilla Gouveia Longo 1
Sandra Beltran-Pedreros 2
1. Licenciada em Educação Física Faculdade La Salle Manaus
2. Profa. M.Sc./ Orientadora – Coordenação de Pesquisa, Faculdade La Salle Manaus
INTRODUÇÃO:
Crianças da educação infantil estão na fase de movimentos fundamentais, estágio de exploração de movimentos por meio do brinquedo e do brincar, que lhe permitirá melhorar o controle corporal e iniciar o desenvolvimento da motricidade fina. Habilidade que lhe permite à criança usar de forma eficiente e precisa pequenos músculos em atividades como escrever, costurar, recortar. As brincadeiras e os brinquedos ampliam as habilidades locomotoras, manipulativas e estabilizadoras fundamentais e, ativam o córtex cerebral responsável pela aprendizagem. Sendo a brincadeira o principal meio de desenvolvimento das crianças e os brinquedos o principal instrumento para a realização dessas brincadeiras a pesquisa objetivou analisar como o brinquedo contribui para o desenvolvimento da motricidade fina de crianças do 1º e 2º período da educação infantil pertencentes a diferentes níveis sócio-econômicos. Crianças de classe sócio-econômica mais avantajada possuem mais brinquedos do que crianças carentes, mas os brinquedos possuem relação direta com o desenvolvimento da motricidade fina? Nas habilidades pessoal-sociais e de linguagem, como nas outras áreas do desenvolvimento, as crianças dependem das oportunidades oferecidas pelo ambiente para desenvolverem plenamente sua herança genética. Na área pessoal-social valoriza-se a conquista da independência da criança para realizar tarefas cotidianas e importantes.
METODOLOGIA:
A pesquisa descritiva comparativa foi desenvolvida com crianças de primeiro e segundo período do ensino infantil de uma escola da rede particular (nível sócio-econômico B e C), e outra da rede pública (nível sócio-econômico D e E). Observações ad libitum foram realizadas nas salas de aula para ver o uso dos brinquedos e as brincadeiras pelas crianças, e o teste de motricidade fina, de Denver II foi aplicado, para calcular a idade motriz de cada criança como a média das atividades positivamente realizadas. Para verificar a existência de diferença significativa entre a idade motriz média, de cada idade cronológica, entre as crianças da escola pública e da escola particular foi aplicado um teste t de amostras independentes; assim como um teste X2 foi usado para verificar diferenças significativas entre a idade motriz e a intencionalidade educativa na compra do brinquedo. Adicionalmente uma entrevista com questionário padrão foi aplicada aos pais para verificar o tipo, quantidade e intencionalidade na compra de brinquedos e nas brincadeiras desenvolvidas pelas crianças fora da escola.
RESULTADOS:
A idade cronológica das crianças da escola particular foi menor (3 a 5 anos) que as da escola pública (4 a 6 anos) para alunos do primeiro e segundo período do ensino infantil. Pais de alunos da escola particular mostraram-se preocupados na compra de brinquedos educativos, enquanto os pais de alunos da escola pública priorizaram a diversão. As crianças da escola particular possuem mais brinquedos e os utilizam durante maior tempo ao dia que as crianças da escola pública. Alguns pais da escola particular apontaram aulas de dança, lutas e outros esportes como grandes facilitadoras do desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e postura. Em ambas as escolas não houve diferença significativa na idade motriz de crianças com brinquedos comprados com intencionalidade educativa e crianças que possuem brinquedos comprados com intencionalidade de diversão. O teste X² não indicou diferença significativa entre a intencionalidade no uso dos brinquedos e a idade motriz entre as escolas. Porém não se pode deixar de enfatizar o fato de que as crianças da escola pública possuem idade cronológica superior às crianças da escola particular o que faz com que essa diferença exista em função da maturação biológica e não da utilização dos brinquedos.
CONCLUSÃO:
A aplicação dos testes mostrou que não existem diferenças significativas entre as crianças que possuem brinquedos comprados com intencionalidade educativa e crianças que possuem brinquedos comprados com intencionalidade de diversão para ambas as escolas. Na escola particular, esse fato deve-se à grande quantidade de brinquedos que as crianças têm acesso e a multiplicidade de formas de brincar. Assim, não existem diferenças significativas no desenvolvimento motor fino de crianças do 1º e 2º período pertencentes à níveis sócio-econômicos diferentes em função dos brinquedos, mas é importante ressaltar que na escola pública os alunos encontram-se numa idade cronológica superior ao indicado para a série, sendo assim, já possuem um desenvolvimento mais adiantado pelo fator biológico, mas fica a preocupação quanto ao fator cognitivo dessas crianças que estão sendo inseridas em séries incompatíveis com a sua idade o que pode gerar atrasos na escrita e interpretação.
Palavras-chave: Motricidade fina, Brinquedo, Educação física na educação infantil.