63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS E DO EXERCÍCIO FÍSICO NO ESTADO COGNITIVO DE IDOSOS
Sara Rezende Carvalho 1
Virgínia Amorim Tavares 1
Walmir Jerônimo da Silva Júnior 1
Viviane Lemos Silva Fernandes 2
Luciana Caetano Fernandes 3
1. Curso de Medicina da UniEVANGELICA, Anápolis, GO.
2. Profa. Ms./ Orientadora - Curso de Fisioterapia da UniEVANGÉLICA, Anápolis, GO.
3. Profa. Ms./ Orientadora - Curso de Medicina da UniEVANGÉLICA, Anápolis, GO.
INTRODUÇÃO:
As doenças cardiovasculares apresentam alta incidência na população idosa, e podem ter como conseqüência, comprometimento da função cognitiva, levando a perda de autonomia e qualidade de vida. Cerca de 60% dos idosos com hipertensão arterial sistêmica apresentam a forma de hipertensão sistólica isolada, com risco aumentado para acidente vascular cerebral, doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca (ANDERSON, 1991 apud LOTUFO, 2008).
Associado às doenças cardiovasculares, as cerebrovasculares têm aumentado muito na população idosa, constituindo um importante fator de risco para o declínio cognitivo dessa população. Tal declínio leva ao aparecimento de patologias como a demência. Conhecendo esses fatores é possível tomar medidas preventivas para a população idosa, melhorando assim sua qualidade de vida.
Estudos observacionais e ensaios clínico-terapêuticos têm demonstrado ser possível prevenir, retardar ou reverter às complicações das doenças crônico-degenerativas de maneira eficaz por meio do controle farmacológico dos níveis de pressão arterial (PA), e da adoção de medidas não-farmacológicas, como prática regular de atividade física e mudança de hábitos nutricionais e controle do peso.
Diante dessas evidências o presente estudo avalia um grupo de idosos de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Anápolis, correlacionando, níveis pressóricos arteriais, prática de atividade física e desempenho no teste de função cognitiva (MEEM).
METODOLOGIA:
A pesquisa foi de campo, comparativa, de natureza analítica e abordagem quantitativa, sendo o estudo transversal. A população pesquisada foi de indivíduos idosos, voluntários, de ambos os sexos, cadastrados no serviço de saúde da Unidade Básica de Saúde do Bairro de Lourdes, em Anápolis-GO. A amostra foi de conveniência, e atendeu aos critérios de inclusão. Foram excluídos pacientes com: idade inferior a 60 anos; comprometimentos de fala e/ou audição; problemas psiquiátricos graves; e que não concordaram em participar da pesquisa.
Na ficha de avaliação constou: dados pessoais como idade e grau de escolaridade; anamnese, com patologias associadas, antecedentes pessoais e familiares; medicamentos em uso e hábitos de vida como prática de exercício físico regular (modalidade, freqüência, duração e intensidade). Posteriormente foi aplicado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), como ferramenta de avaliação das funções cognitivas.
A aferição da pressão arterial foi mensurada de acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, preconizadas na V Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial.
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UniEVANGÉLICA, e obteve aprovação através do oficio 107/2010 – CEP. Os dados coletados foram tabulados em planilha do Excel e analisados estatisticamente através do programa Bioestat 5.0, utilizou-se teste t para amostras independentes, ANOVA e Correlação de Pearson, com nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
Participaram da pesquisa 32 sujeitos, com média de idade de 69 anos, sendo: 50% mulheres e 50% homens; 34% brancos, 59% pardos e 7% negros; 7% analfabetos, 69% com ensino fundamental incompleto, 19% com ensino fundamental completo e 7% com ensino médio completo.
Houve 02 missing cases, por não terem efetuado o teste do MEEM, sendo excluídos da pesquisa. Os sujeitos foram divididos em dois grupos, de acordo com os níveis pressóricos, sendo os sujeitos com a PAS igual ou maior a 140 e a PAD igual ou maior a 90, incluídos no grupo 2, considerados hipertensos, e níveis pressóricos abaixo desses valores, no grupo 1, considerados normotensos. O grupo 1 ficou com 17 sujeitos e o grupo 2 com 13.
A análise do desempenho no teste cognitivo, não revelou diferença significativa entre os dois grupos (p=0,366).
Entretanto no grupo dos idosos normotensos, o desempenho no MEEM foi melhor no subgrupo dos fisicamente ativos, se comparado com o subgrupo dos fisicamente não-ativos, sendo a diferença próxima da significância (p=0,09). Sendo que no grupo de hipertensos, não houve diferença significativa no desempenho no MEEM entre o subgrupo dos fisicamente ativos e o subgrupo dos fisicamente não-ativos.
Na análise do índice de massa corporal a diferença estatística entre os dados dos indivíduos do grupos 1 comparados com os do grupo 2 esteve próxima da significância (p=0,06), com valores maiores para o grupo dos hipertensos.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto podemos concluir que em idosos normotensos a prática regular de exercício físico pode ter um efeito benéfico, como melhor desempenho nas funções cognitivas, em testes de rastreio, como o mini exame do estado mental (MEEM).
O trabalho apresentou algumas limitações metodológicas, como por exemplo, número pequeno da amostra, ausência de diagnóstico clínico dos sujeitos e instrumento utilizado para a avaliação do estado mental não especifico para análise cognitiva.
Sugerimos que pesquisas futuras aprofundem o estudo do tema, realizando acompanhamento longitudinal do grupo, analisando o diagnóstico clínico dos sujeito em estudo e aplicando teste de estado mental com instrumentos específicos para a avaliação do estado cognitivo, além do monitoramento de variáveis que podem influenciar no desempenho dos testes, como o grau de escolaridade.
Mesmo diante dessas limitações, a pesquisa pode traçar o perfil do estado cognitivo dos idosos da Unidade Básica de Saúde do Bairro de Lourdes, e apartir desses dados medidas de atenção à saúde mental e estratégias de políticas de saúde direcionadas, poderão ser implantadas, considerando os aspectos físicos e psicossociais desse grupo de idosos.
Palavras-chave: Idosos, Estado cognitivo, Exercício físico.