63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
Perfil epidemiológico dos cães da zona urbana do município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, que compareceram à Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica de 2008.
Thelma Michella Saddi 1
Flávio de Rezende Guimarães 2
Greice Japolla 3
Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito 4
1. MsC - Escola de Veterinária e Zootecnia - Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - Doutorado - UFG
2. Prof./ MSc - Depto de Ciências Básicas e Produção Animal - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAMEV - UFMT
3. Médica Veterinária - Escola de Veterinária e Zootecnia - Discente PPGCA – Especialização – UFG
4. Profª/Drª - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - Laboratório de Virologia Animal - UFG
INTRODUÇÃO:
O Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR) foi criado em 1973, instituído mediante um convênio entre o Ministério da Saúde (MS), o Ministério da Agricultura (MAPA), a Central de Medicamentos e a Organização Pan-americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), objetivando promover, em nível nacional, atividades sistemáticas de combate à raiva, mediante o controle da doença nos animais domésticos e o tratamento dos humanos acometidos por agressões ou que tenham tido contato com animais supostamente raivosos. No Brasil, a Campanha Nacional Antirrábica é realizada anualmente. A meta a ser atingida pela vacinação de cães no sistema de campanhas, preconizada no 8º Informe de Peritos em raiva da OMS é de, no mínimo, 75% da população canina estimada. Durante a Campanha Nacional Antirrábica, realizada nos meses de novembro e dezembro de 2008, no município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, a cobertura vacinal atingiu 84% dos cães (44.067). Diante disso, objetivou-se com este estudo traçar o perfil epidemiológico dos animais que compareceram à campanha em questão.
METODOLOGIA:
Durante a Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica, foram aplicados questionários direcionados somente aos proprietários dos cães que aceitaram participar do estudo. O questionário era composto por questões objetivas, que visavam permitir traçar o perfil dos cães que frequentaram a campanha de vacinação gratuita, acima mencionada. Os questionamentos buscavam informações sobre a raça, o gênero, idade, vacinação, número de reforços vacinais, número de contactantes no mesmo domicílio e acesso à rua. Os dados foram colhidos, de forma aleatória, em um posto de vacinação de cada região do município. Na região Norte foram colhidas 24,4% das informações (110/450); na região Sul, 31,1% (140/450); na região Leste, 25,1% (113/450) e na região Oeste, 19,3% (87/446). O tamanho amostral de cada região obedeceu ao critério da proporcionalidade da população canina de cada região em relação à população total do município. Todos os dados foram digitados em banco de dados, tabulados e analisados com auxíio do softwere EpiData 3.0 (The EpiData Association,, Dinamarca, 2003-2004) e EpiData Analysis (The EpiData Association, Dinamarca, 2001-2009) com relação à frequência de aparecimento.
RESULTADOS:
A cobertura vacinal do ano de 2008 atingiu 84% no município de Cuiabá, sendo superior ao preconizado pela OMS (75%), o que significa que a campanha está atingindo o público-alvo conforme o desejado. Com relação à raça, 9,8% apresentavam características compatíveis com pinscher, 7,8% com pit bull e 7,6% com poodle. 56,2% eram sem raça definida e 18,6% pertenciam a outras raças. Quanto ao gênero, 44,4% pertenciam ao feminino, enquanto 55,6% ao masculino. Quanto a idade, 7,5% tinham menos que 4 meses, 28,4% tinham mais de 5 meses e menos que 2 anos, 59,8% tinham mais que dois e menos que 10 anos e 4,2% idade superior a 10 anos. Já haviam sido submetidos à vacinação anterior, 73,1% dos animais. Destes, 17% foram vacinados apenas uma vez, 13,4% duas vezes e 62% mais de três vezes. Não souberam informar 7,7% dos proprietários. Co-habitavam com outros animais (cães e gatos) 67,8% dos cães amostrados; 32,2% não possuíam contactantes no mesmo domicílio. Quanto ao número de animais contactantes no mesmo domicílio, foi verificado que 54,3% dos cães possuiam apenas um contactante; 21,4%, dois e 24,3%, três ou mais. O acesso à rua não era permitido para 72% dos cães, enquanto que 28% possuíam livre acesso à mesma. Este é o primeiro estudo sobre o tema no estado do Mato Grosso.
CONCLUSÃO:
A cobertura vacinal municipal do ano de 2008 foi superior ao preconizado pela OMS, o que significa que a população canina está sendo atingida, conforme o desejado, pela Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica. O hábito de procurar as campanhas de vacinação gratuitas anualmente foi verificado, no presente estudo, em proprietários de animais de diversas raças e idades. No entanto, a maioria dos animais encaminhados é sem raça definida. Observou-se a presença de animais não vacinados anteriormente, fato que revela que animais não imunizados convivem com seus proprietários. Dessa forma, o acesso à rua, pelos cães, sem o acompanhamento de um responsável, pode representar riscos aos animais e seus contactantes, humanos ou animais.
Palavras-chave: Cães, Epidemiologia, Campanha de Vacinação.