63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
QUEBRA DE DORMÊNCIA E GERMINAÇÃO DE SEMENTE DE Enterolobium contortisiliquum (VELL.) MORONG
Gustavo Pires Iduarte 1
Bianca de Oliveira 2
Paulo Sérgio Morandi 3
Ben Hur Marimon-Junior 4
1. Graduando em Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT
2. Graduanda em Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT
3. Mestrando em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT
4. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT
INTRODUÇÃO:
A dormência nas sementes é um importante mecanismo de sobrevivência das espécies em ambiente natural. Contudo, este fator pode prejudicar a produção de mudas em viveiro em razão do longo tempo necessário para que ocorra a germinação, expondo as sementes ao ataque de pragas e doenças, especialmente fungos. Para acelerar e uniformizar germinação e a produção de mudas aplicam-se técnicas de quebra de dormência, cujos métodos variam desde uma simples escarificação mecânica e imersão em água quente até tratamentos com ácido sulfúrico e outros ácidos. O Enterolobium contortisiliquum (VELL) Morong é uma espécie arbórea, frequente em vários estados brasileiros. Recomendada para reflorestamento de áreas degradadas, por apresentar rápido crescimento inicial. Porém, a multiplicação dessa espécie através de sementes encontra dificuldades devido à germinação lenta e desuniforme causada pelo mecanismo dormência. No presente trabalho, testou-se a hipótese de que o método da escarificação, normalmente empregado para esta espécie, não é suficiente para promover uma germinação adequada. O objetivo foi testar diferentes métodos de quebra de dormência em sementes de E. contortisiliquum e verificar qual o tratamento poderia ser uma alternativa viável à escarificação mecânica.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido no viveiro florestal da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Nova Xavantina. O clima da região é do tipo Aw com uma estação chuvosa e outra seca, precipitação média anual de 1.536 mm e temperatura média anual de 24,4 ºC. As sementes foram coletadas na Reserva do Parque do Bacaba, selecionadas, secadas à sombra, embaladas em sacos plásticos e armazenadas em refrigeração a 10 ºC até o momento da semeadura. As sementes foram submetidas aos tratamentos de escarificação mecânica (EM) com corte no tegumento; escarificação química (EQ) com ácido sulfúrico a 75% durante 3 minutos; imersão em água fervente (96ºC) por 3 minutos (IAF) e um tratamento controle (LH) sem qualquer tipo de escarificação. Foram testadas 40 repetições para cada tratamento em casa de vegetação a 30% de sombreamento. Para a semeadura foram utilizados sacos de polietileno de 15x30cm com duas sementes cada recobertas com 1 cm de substrato composto de Latossolo Vermelho-Amarelo e adubo químico NPK 4-30-16 na proporção de 2:1. A irrigação foi por aspersão, duas vezes ao dia. As sementes foram acompanhadas diariamente para se registrar a emergência. A avaliação final foi aos 40 dias após a semeadura (DAS) para quantificação da porcentagem de geminação.
RESULTADOS:
Aos 40 dias, a germinação foi de 100% no tratamento EQ, 97,5% no IAF, 77,5% no EM e 25% no LH. As diferenças nas taxas de germinação entre os métodos de quebra de dormência sugerem que as sementes de Enterolobium contortisiliquum apresentam alta sensibilidade aos tratamentos, respondendo melhor à escarificação química (ataque ácido) em comparação com todos os demais, corroborando a hipótese de que o tratamento mecânico não é o mais eficiente. No tratamento com EQ a emergência das plântulas foi iniciada 10 dias após a semeadura, caracterizando maior uniformidade e velocidade de germinação em relação aos demais tratamentos. O tratamento de IAF também foi bastante eficaz (97,5%), com a germinação iniciada aos 15 dias e apresentando excelente uniformidade na taxa de germinação. A germinação das sementes submetidas à EM demonstrou que este método, apesar de menos eficiente, ainda pode ser aceitável para a produção de mudas em comparação com LH, onde somente 25% das sementes germinaram.
CONCLUSÃO:
O presente estudo demonstra que os processos de escarificação podem influenciar bastante os índices de germinação e ser determinante na eficiência da produção de mudas da espécie em estudo. A maior uniformidade e velocidade de germinação do tratamento EQ demonstrou que o melhor método usual de tratamento EQ não é o mais vantajoso para o sucesso germinativo, mas apresenta alto custo e certo nível de risco devido à manipulação do ácido. Já o tratamento de IAF demonstrou boa eficiência, menor risco de acidentes e baixo custo, tornando-se, assim, o mais indicado para a quebra de dormência desta espécie.
Palavras-chave: Germinação, Enterolobium contortisiliquum, Quebra de dormência.