63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 4. Economia Industrial
DISCUTINDO A TEORIA DA FIRMA: UMA ABORDAGEM ALTERNATIVA
Sérgio Fornazier Meyrelles Filho 1
Paula Andréa Marques do Valle 2
Dnilson Carlos Dias 3
1. Prof. Dr. - FACE - Curso de Ciências Econômicas - UFG
2. Profa. MSc. - FACE - Curso de Ciências Econômicas - UFG
3. Prof. Dr. - FACE - Curso de Ciências Econômicas - UFG
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo sugerir elementos para uma teoria da firma dinâmica como uma forma mais realística da firma, em contraposição à proposta pela teoria neoclássica. Para isso tem-se como gênese o reconhecimento da temporalidade da atividade econômica e uma redefinição do conceito de firma. Os conceitos preliminares sobre tempo, incerteza e racionalidade limitada dos agentes econômicos são fundamentais. De outra forma, o conceito de firma em diferentes abordagens, ressalta o principal ponto de referência do trabalho nas idéias evolucionistas como uma visão de firma mais apropriada, no sentido de captar sua natureza essencialmente dinâmica. Desta forma, a capacidade para inovar aqui é considerada como o motor essencial desta dinâmica, num marco teórico de abandono do referencial de equilíbrio. Para que haja tal capacidade inovativa, a firma é concebida primordialmente como um repositório de conhecimento, ou seja, enquanto um conjunto de recursos, tangíveis e intangíveis que definem um leque de capacitações presentes e, mecanismos mediante os quais ela adquire novas competências e habilidades.
METODOLOGIA:
Inicialmente apresenta-se algumas considerações preliminares sobre tempo, incerteza e racionalidade limitada dos agentes econômicos. Feito isso, na segunda seção do artigo discute-se o conceito de firma em diferentes abordagens e em seguida apresenta-se, tendo como principal ponto de referência as idéias evolucionistas, o que constituir-se-ia uma visão de firma mais apropriada no sentido de captar sua natureza essencialmente dinâmica.
Contudo, avalia-se que a construção de uma teoria da firma dinâmica deve passar também por uma redefinição do que entende-se por concorrência, de forma a incorporar a rivalidade entre as firmas e o seu comportamento inovador. E é justamente a inovação que aqui considera-se como o motor essencial da dinâmica, num marco teórico de abandono do referencial de equilíbrio. Portanto, na parte final do trabalho discute-se o processo de inovação dentro da firma e, na medida em que esse processo só pode ser satisfatoriamente entendido quando analisado no contexto de uma abordagem sistêmica, que leve em consideração o contexto institucional e a estrutura econômica nos quais a firma se insere, apresenta-se, em linhas bem gerais, o conceito de Sistema Nacional de Inovação.
RESULTADOS:
Mas seria injusto dizer que a teoria neoclássica não considera a existência da incerteza com relação ao curso futuro dos eventos econômicos. Ela de fato o faz, contudo, sob o domínio do tempo lógico, reversível, onde os agentes são capazes de identificar as distribuições probabilísticas relevantes para suas decisões. Afirma-se, portanto, que o mundo neoclássico é ergódico, ou em termos mais formais, existe uma clara convergência entre as médias estatísticas e as médias temporais dos processos estocásticos. Nesse contexto, a incerteza é reduzida a risco probabilístico, e os agentes, conhecedores dos possíveis estados da natureza, podem maximizar uma função de utilidade esperada, no espaço de loterias passíveis de escolha. A conseqüência é um resultado determinado de equilíbrio.
Em contraposição, a elaboração da teoria evolucionista, segundo Nelson e Winter (1982), considera duas premissas fundamentais, quais sejam, primeiro que a mudança econômica é um fenômeno importante e interessante; e segundo, para um conhecimento adequado desse fenômeno seria essencial uma reconstrução dos fundamentos teóricos da economia. Convém lembrar que, o termo evolucionista surge a partir de uma analogia com a teoria da evolução de Darwin. Assim, haveria no espaço econômico um processo semelhante à lei da seleção natural, da biologia, devido ao qual somente as firmas mais aptas e lucrativas sobreviveriam. Mas como explicar essa capacitação diferenciada das firmas para sobreviver?
CONCLUSÃO:
Ao longo deste trabalho, buscamos apresentar elementos para o que seria uma teoria da firma dinâmica. Dentro dessa perspectiva, a firma é concebida primordialmente como um reservatório de conhecimento, ou seja, enquanto um conjunto de recursos, tangíveis e intangíveis que definem um leque de capacitações presentes e mecanismos mediante os quais ela adquire novas competências e habilidades. A firma, assim entendida, é uma entidade essencialmente dinâmica, que portanto se modifica e se adapta continuamente frente a estímulos internos e externos; e cuja sobrevivência depende em considerável medida de sua capacidade de inovar. A análise desse processo, assim como a própria teoria da firma como um todo, deve ter como ponto de partida o reconhecimento de que os agentes econômicos possuem racionalidade limitada e tomam decisões baseados em expectativas com relação ao futuro incerto, num mundo onde a incerteza não é redutível a um risco probabilístico calculável.
Por sua vez, a alternativa imposta pelo mainstream tem implicado no progressivo abandono da relevância prática da disciplina e no seu crescente afastamento do mundo real, que faz com que, parafraseando Keynes (1936), os economistas sejam considerados cada vez mais, como Cândidos, os quais tendo se retirado do mundo para cultivarem seus jardins, clamam que tudo caminha da melhor forma possível, desde que deixemos as coisas andarem sozinhas.
Palavras-chave: Firma, Teoria Evolucionista, Teoria Neoclássica.