63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO TOCANTE A ALFABETIZAÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS: ALGUMAS REFLEXÕES
Jandira Azevedo da Silva 1, 2
1. Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual – CEBRAV
2. Centro Educacional Alves Faria – Faculdades ALFA
INTRODUÇÃO:
Este trabalho apresenta um relato de experiência e algumas reflexões realizadas por mim, enquanto deficiente visual, que atua no Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (CEBRAV), como formadora de professores da Rede Regular de Ensino, no intuito de prepará-los para a prática pedagógica nas escolas onde existem deficientes visuais matriculados. Ao receber alunos com deficiência visual na Rede Regular de Ensino, principalmente na fase de alfabetização, os professores se deparam com uma dificuldade muito presente nos dias atuais: a falta de preparo para lidar com a diversidade. A relevância desse trabalho consiste em refletir sobre a atual conjuntura em que se encontra o processo de inclusão dos deficientes visuais no ambiente escolar, bem como apontar possíveis soluções para reverter essa situação. Diante dessa realidade, apresento algumas questões referentes ao trabalho direcionado ao preparo de professores, através de curso de capacitação e oficinas pedagógicas. Sendo assim, esse trabalho tem por objetivos discutir e refletir sobre o processo de alfabetização dos educandos com deficiência visual e socializar o Sistema Braille como instrumento de leitura e escrita aos professores.
METODOLOGIA:
As aulas são dialogadas e práticas, ou seja, são discutidas as teorias que tratam a respeito da alfabetização por meio do Sistema Braille e, ao mesmo tempo, os professores são levados a conhecer e praticar a leitura e a escrita do referido Sistema. São orientados sobre a adaptação de materiais utilizados na fase preparatória para alfabetização dos alunos deficientes visuais e durante esse processo, tais como: materiais diversos para estimular o tato (livros contendo texturas diferentes, mapas, maquetes, desenhos em alto relevo, etc); materiais sonoros, com o objetivo de estimular a audição; objetos perfumados, para estimular o olfato; figuras geométricas com o intuito de explorar formas, tamanhos e conceitos; alfabeto em Braille para iniciar o processo de alfabetização; entre outros. Lembrando que todos esses materiais devem estar contextualizados nos conteúdos programáticos da série. Além disso, os professores são orientados quanto à utilização dos materiais utilizados para a escrita Braille (reglete, punção e máquina Braille). São sugeridas, também, atividades que promovam a socialização entre os alunos deficientes visuais e os demais alunos da classe.
RESULTADOS:
A principal dúvida apresentada pelos professores no decorrer das aulas refere-se à metodologia utilizada para alfabetizar os alunos deficientes visuais. No decorrer das aulas, observei que a preocupação dos professores vai além de preparar esses alunos para a aquisição da leitura e escrita, isto é, há um anseio em orientá-los na busca de sua cidadania de forma plena. Nos primeiros encontros, percebi que há uma expectativa em adquirir técnicas e métodos pré-concebidos diferentes daqueles utilizados no processo de alfabetização dos alunos não deficientes. Partindo do princípio que os deficientes visuais são capazes de atingir desenvolvimento tanto quanto outras pessoas não deficientes, acredito que não há diferenciação de metodologias no processo de ensino-aprendizagem. A diferença que há entre eles e as demais pessoas é que os deficientes visuais necessitam de um trabalho sistematizado para se desenvolverem como, por exemplo, a utilização de materiais específicos; a adaptação curricular; e a aplicação de atividades que promovam o desenvolvimento dos órgãos sensoriais.
CONCLUSÃO:
Conforme foi observado durante a discussão dos dados, a concepção pedagógica empregada no processo de alfabetização das crianças com deficiência visual pode ser a mesma utilizada para as demais crianças. Mas há uma questão importante que o professor, principalmente o alfabetizador, deve estar atento: é se os alunos deficientes visuais estão conseguindo alcançar um desenvolvimento satisfatório por meio da concepção adotada. Caso contrário, deverá ser adotada outra concepção para tentar solucionar o problema. Por isso, no decorrer do curso e das oficinas ministrados aos professores, é reforçado que não há modelos específicos no processo de alfabetização desses alunos. A educação dos mesmos é concretizada mediante o desenvolvimento de suas potencialidades, e não deve se limitar somente em aprender ler e escrever o Braille.
Palavras-chave: Alfabetização, Deficientes visuais, Sistema Braille.