63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE BATATA-DOCE COLETADOS NO NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Monique Moreira Moulin 1
Leandro Simões Azeredo Gonçalves 2
Cláudia Pombo Sudré 3
Messias Gonzaga Pereira 4
Rosana Rodrigues 5
1. Mestre - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
2. Doutor - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
3. Doutor - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
4. Doutor - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
5. Profa. Dra. /Orientadora - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
INTRODUÇÃO:
A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam) é uma planta cultivada principalmente pelos pequenos agricultores e utilizada como alimento-base pelas populações carentes. É considerada uma das hortaliças de menor risco de produção, devido a sua rusticidade, com boa produção em solos mais pobres em nutrientes, baixa incidência de pragas ou de doenças limitantes, e de baixo custo. A correta identificação, caracterização e avaliação dos genótipos conservados são de fundamental importância para os programas de melhoramento genético. Os estudos com marcadores moleculares fazem contribuições significativas para compreensão da diversidade genética. Objetivou-se com este trabalho: coletar raízes de batata-doce em propriedades rurais e estabelecimentos comerciais da região Norte do Estado do Rio de Janeiro; caracterizar os acessos coletados com base em marcadores moleculares ISSR; e estimar a divergência genética da população. Fatores como a modernização da agricultura e o consequente êxodo rural têm provocado a perda de diversidade genética da cultura. Neste sentido, o estudo da variabilidade genética em populações naturais é importante para viabilizar a conservação da espécie, sendo, portanto, essencial a realização de expedições de coletas e caracterização dos acessos.
METODOLOGIA:
Raízes de batata-doce foram coletadas em pequenas propriedades rurais e em estabelecimentos comerciais de diversas áreas localizadas no Norte do Estado do Rio de Janeiro, compreendendo os municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, totalizando 82 acessos. A análise molecular foi realizada no Laboratório de Marcadores Moleculares da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Folhas jovens, sadias e em fase ativa de crescimento foram coletadas em casa de vegetação logo nas primeiras horas da manhã. As folhas correspondentes a cada acesso foram enroladas em papel alumínio, identificadas e imediatamente mergulhadas em N2 líquido para que não ocorresse a degradação do DNA. Uma vez no laboratório, este material foi macerado em nitrogênio líquido até formar um pó bastante fino, e posteriormente foi realizada a multiplicação e amplificação por intermédio de reações de PCR (GeneAmp PCR System 9700 Thermal cycler - Applied Biosystems). Foram utilizados 19 iniciadores: (GAGA)3CC; (GT)6CC; (CAC)3GC; (AG)8YT; (AC)8CG; (AC)8CT; (AC)8YG; (CT)8RG; (GGAT)3GA; (GAA)6AA; (AG)8C; (CT)8G; (AC)8T; (AG)8YA; (GA)8YT; (CA)8RG; (GT)8YC; (AC)8YC e (ATG)6 (UCB primers – Columbia, Canadá).
RESULTADOS:
O nível de polimorfismo observado para o marcador ISSR neste trabalho foi elevado. O número médio de fragmentos polimórficos produzidos por iniciador foi de 7,1. O iniciador mais polimórfico foi o (AC)8CG, gerando onze bandas, seguido pelos iniciadores de sequência (GAGA)3CC, (CAC)3GC, (AC)8YG e (CA)8RG, gerando cada um dez bandas polimórficas. A técnica de ISSR foi eficiente para acessar a variabilidade genética da população de batata-doce. A matriz de dissimilaridade de Jaccard demonstrou que os acessos UENF 1934 e UENF 1998 são os mais distantes, com distância de 0,69. Por outro lado, UENF 1994 (‘Princesa’) e UENF 1995 (‘Brazlândia Roxa’) foram considerados os acessos mais próximos, com uma distância de 0.05. Não houve correlação entre os locais de coleta e as distâncias genéticas mensuradas pelo índice de dissimilaridade de Jaccard para os dados obtidos com base nos marcadores ISSR, indicando que os acessos coletados não apresentam variabilidade genética relacionada ao local. Este fato pode estar associado à prática de trocar materiais entre os produtores vizinhos e parentes, resultando no mesmo genótipo que carrega nomes diferentes em diferentes lugares, além de possibilitar uma ampla distribuição e intercâmbio do genótipo.
CONCLUSÃO:
Uma elevada variabilidade genética é mantida pelos pequenos agricultores do município de Campos dos Goytacazes e São João da Barra. A maioria dos acessos coletados em propriedades rurais e estabelecimentos comerciais ficou disposta em vários grupos de acordo com a similaridade ou dissimilaridade, sem que houvesse separação destes, o que evidencia uma alta variabilidade de genótipos de batata-doce mantida pelos agricultores da região Norte do Estado do Rio de Janeiro. Esta pode ser explicada pelo método de propagação assexuado e constantes trocas entre os proprietários rurais. O marcador ISSR demonstrou diferenças marcantes e polimorfismo entre os acessos estudados, não sendo detectadas duplicatas, uma vez que todos os acessos foram considerados distintos pela análise molecular.
Palavras-chave: Ipomoea Batatas, Caracterização molecular, Diversidade genética.