63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
OS SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS A UM “BOM” EDUCADOR MATEMÁTICO: O QUE PENSAM OS PROFESSORES-FORMADORES NUMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INICIAL?
Marcos Guilherme Moura Silva 1
João Manoel da Silva Malheiro 2
1. Graduando do curso de matemática- UFPA-Castanhal
2. Prof. Dr./Orientador/Prof. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas (PPGECM)-UFPA
INTRODUÇÃO:
Quais saberes são necessários para que alunos em processo formativo e futuros professores de matemática tenham êxito em seu ofício? O que é ser um bom educador? A partir dessas indagações, nossa pesquisa se desenvolveu, procurando investigar os saberes que competem para o pleno exercício docente dos futuros professores de matemática, bem como analisar as possíveis limitações referentes à transmissão desses saberes no sentido professor-formador, futuro professor, tendo como sujeitos de pesquisa professores-formadores (mestres e doutores) em exercício e como objeto de estudo os depoimentos desses educadores.
A educação passa por transformações, e um novo modelo de ensino requer novas competências. Atualmente, não poucos teóricos discutem novos rumos para um novo processo de ensino-aprendizagem, e o professor como participante ativo nesse novo protótipo de ensino, tem que adquirir saberes essenciais nessa nova ação. Foi possível perceber que os saberes que os futuros educadores precisam, tem ampla diversificação e muitos são formados ao longo do tempo que, de acordo com Tardif (1991), o saber docente é “um saber plural”, formado de conhecimentos ou “saberes científicos”, oriundos da formação profissional, dos saberes das disciplinas, dos currículos e saberes da experiência.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracterizou-se como qualitativa, uma vez que houve coleta de dados e ausência de tratamento estatístico (BOGDAN e BIKLEN, 1994), tendo como sujeitos de pesquisa, professores-formadores que lecionam e são pertencentes ao quadro docente da mesma instituição dos alunos de graduação em licenciatura em matemática da Universidade Federal do Pará (Campus Castanhal). Foi realizada entrevista audiogravada com os educadores em questão, tendo por objetivo, situar os saberes necessários aos futuros educadores do ponto de vista desses sujeitos, acerca do que consideram como pertinentes e preponderantes aos futuros professores, para que estes sejam capazes de tornarem-se “bons professores”. Foram duas perguntas realizadas: Que saberes o aluno de graduação em Matemática precisa ter, para ser um bom professor futuramente? O que é ser um bom professor? A partir da constituição dos dados dessas duas indagações, transcrevemos as respostas dos sujeitos, para uma melhor organização e posterior estudo bibliográfico sob a luz do referencial teórico acerca dos saberes docentes.
RESULTADOS:
Os saberes necessários para um bom fazer docente, segundo o relato dos sujeitos, mostram os múltiplos conhecimentos que precisam ser adquiridos tanto ao decorrer do curso de graduação, quanto posterior à academia, como relatado na fala de um dos sujeitos: “Ou você adquire esses saberes... um pouco deles nesse processo de formação que você passa... ele vai... se integrando aos saberes da sua própria vivência e posteriormente eles se somam aos... saberes da sua prática”. O saber docente vai desde a pré-docência, dos saberes humanos que cada um trás consigo e se complementa com a praxe dentro da sala de aula, nesse sentido, a prática cotidiana será fator fundamental nessa aquisição. O saber da auto-reflexão de sua prática é outro fator preponderante, o confronto das incertezas com os conhecimentos pré-existentes é outro ponto categorizado, como afirma P2: “é importante você fazer o confronto das incertezas, porque aquele professor que não permite esse confronto, não há aprendizagem, é preciso que ele também se dê a discussão... que o aluno consiga se... embater com aquilo, porque a aprendizagem ela ocorre exatamente nesse confronto... de idéias, de conflitos”. Assim sendo, os futuros professores não podem eximir-se desses saberes, antes, porém, tem de tê-los em sua essência.
CONCLUSÃO:
A pesquisa apontou que os sujeitos indagados são cientes da necessidade da transmissão de vários saberes para os futuros educadores matemáticos, uma vez que esses saberes são sinônimos de boas práticas educativas e os tornarão instrumentos de transformação nesse novo molde de educação que está surgindo. Dessa forma, os saberes que competem para o pleno exercício docente, devem ser constituídos através do conhecimento dos conteúdos e de novos métodos para repassá-los. Nesse sentido, o saber multidisciplinar que, por conseguinte, levará ao saber da contextualização, são fatores essenciais para eficácia do ensino, como afirma Morin, 2000, p.47 “[...] Todo conhecimento deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente”. Além disso, entender as condições e limitações humanas, uma vez que a educação é um processo eminentemente humano, é também um fator essencial para um bom fazer docente. Saber confrontar a incerteza com os conhecimentos “[...] É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças [...] É por isso que a educação do futuro deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento”. (Morin, 2000, p.84). Ter auto-reflexão de sua prática, bem como assumir a postura de professor- pesquisador garantirá a busca contínua de novas competências.
Palavras-chave: Saberes, Docência, Formação.