63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
POLÍTICAS PÚBLICAS E PROMOÇÃO DE SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A DENGUE EM UBERABA-MG
Thaís das Graças Ferreira 1
Cristina Fernandes Pereira 1
Juliano Luis Borges 2
1. Universidade de Franca - UNIFRAN
2. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
INTRODUÇÃO:
A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Com alta adaptação ao ambiente criado pela urbanização acelerada e pela incorporação de novos hábitos de consumo, a doença vem se alastrando de maneira preocupante. Políticas de saúde passaram a tratar a dengue de forma mais intensificada, devido ao significativo aumento de casos no país. Medidas para seu controle foram padronizadas pelas metas do Plano Nacional de Controle à Dengue (PNCD), implantado em 2002, que enfatiza o combate à larva de seu vetor o aedes agepyti, além de possibilitar o incentivo a ações de educação em saúde e à mobilização popular. Para o enfrentamento efetivo da dengue, as ações de promoção de saúde são requisitos importantes para maior eficiência de planos estratégicos que integram as políticas de saúde. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo descrever as principais intervenções públicas em saúde realizadas na cidade de Uberaba-MG. Dentre elas: as principais ações da vigilância epidemiologia e o Projeto de Prevenção à Dengue. A partir de uma política de saúde estratégica, o número de casos de dengue na cidade vem decrescendo nos últimos anos, comprovando como a articulação entre a comunidade e o poder público pode gerar mecanismos de promoção de saúde de amplo impacto local.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido através de análise bibliográfica e documental, com utilização de dados de base secundária, cedidos pela Prefeitura Municipal de Uberaba. Esses dados subsidiaram os pressupostos iniciais sobre a redução do número de casos de dengue na cidade, após a epidemia de 2006. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva. Este método consiste num conjunto de etapas a serem vivenciadas na apreensão e no raciocínio indutivo-dedutivo, se dirigindo às ações da investigação da realidade social, objetivando coletar sistematicamente dados sobre determinado problema.
RESULTADOS:
A incidência de casos de dengue em Uberaba teve um pico no ano de 2006, com 5.841 registros, um acréscimo de 800% em relação ao ano anterior. Isso desencadeou um estrangulamento da rede pública de saúde e um alerta para que as ações de vigilância epidemiológica fossem intensificadas. Em 2010 foi realizado: visitas em ferros velhos, borracharias, clubes desativados, etc., com 2.234 visitações; fiscalização de 27.415 imóveis suspeitos de criadouros do mosquito; coleta de 859.403 Kg de pneus; atendimento ao público através de denúncias, com 3.030 imóveis visitados; mutirão de limpeza em 91.606 imóveis, sendo retirados 395 caminhões de materiais; colocação de 482 tampas de caixa d’água. O trabalho da vigilância em saúde não deve ser estritamente técnico e prático, mas voltado, também, para ações educacionais. Foram realizadas 55 palestras com 3.000 participantes; 17 oficinas de reciclagem com 531 beneficiados; organizados 80 stands com 12.500 visitações; 23 teatros de fantoches com a participação de 2.280 estudantes; entre outras ações. Em 2010 foi implantado o Projeto Prevenção à Dengue, cujo objetivo está na mudança de comportamento e atitude em relação aos cuidados preventivos, que se inicia na conscientização de alunos nas escolas municipais e a replicação para seus familiares.
CONCLUSÃO:
Através do empowerment e a criação de mecanismos institucionais, pode-se conseguir um maior engajamento da comunidade para o combate à dengue e a minimização de problemas ambientais. A eficácia dos programas governamentais como o PNCD, centrado no combate químico às larvas do mosquito e a divulgação de informações sobre a doença, dependem da participação popular e ações intersetoriais. O Projeto Prevenção a Dengue é um bom exemplo de uma ação intersetorial em direção à promoção da saúde. Essa ação multiplicadora propõe divulgação de informações sobre prevenção e saúde, comportamento ecológico, qualidade de vida, medidas preventivas contra a dengue, produzindo cartazes, banners, bottons, produção de slogan, produção de vídeos, reportagens, entrevistas, músicas, etc. Dessa forma, a dengue deve ser abordada como um problema de saúde pública importante e complexo, em que a participação da população em estratégias de promoção de saúde é fundamental para seu controle. A queda dos casos de dengue em Uberaba, após a epidemia de 2006, demonstra que a articulação entre o poder público e a sociedade pode gerar co-responsabilidade no processo de transformação de comportamentos e atitudes num sentido comum de bem-estar e qualidade de vida.
Palavras-chave: Dengue, Promoção de saúde, Poder público.