62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
Promoção do uso racional de plantas medicinais em uma comunidade assistida pela Estratégia Saúde da Família em Juazeiro do Norte-CE
Rebeca de Menezes Sobreira 1
Elainy Fabrícia Galdino Dantas Malta 4
Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz 2
José Maria Barbosa Filho 2
Ana Cláudia Dantas de Medeiros 3
Alberto Malta Junior 1
1. Faculdade de Medicina de Barbalha - UFC
2. Universidade Federal da Paraíba
3. Universidade Estadual da Paraíba
4. Secretaria Municipal da Saúde - Prefeitura de Juazeiro do Norte
INTRODUÇÃO:
As plantas medicinais representam um importante recurso terapêutico tradicionalmente utilizado em todas as partes do mundo. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta, e sua população costuma usar a fitoterapia rotineiramente. Várias experiências vem sendo desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (SUS) usando plantas medicinais. O conjunto dessas experiências contribuiu para a publicação recente da Política Nacional de Fitoterápicos, que tem como objetivo garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. A Estratégia Saúde da Família possui a responsabilidade de contribuir para promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças. As comunidades assistidas pela ESF costumam usar plantas, mas nem sempre de forma racional. A literatura tem mostrado que o uso indiscriminado do que é considerado, natural pode colocar em risco a saúde das pessoas. Desta maneira, cabe à equipe discutir o uso das plantas, promovendo seu uso adequado, bem como valorizando a cultura popular e contribuindo para preservação do meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi resgatar informações acerca da utilização de plantas medicinais pelos idosos que residem no bairro Jardim Gonzaga da cidade de Juazeiro do Norte - CE, e devolver o conhecimento para toda a comunidade na forma de uma cartilha.
METODOLOGIA:
Esse estudo foi de natureza descritiva e quantitativa. Foi realizado na unidade da Estratégia de Saúde da Família Jardim Gonzaga II na cidade de Juazeiro do Norte-CE, no período de dezembro de 2009 à janeiro de 2010. Os critérios de seleção dos entrevistados incluíram aqueles com faixa etária acima de 60 anos, cadastrados e acompanhados na referida unidade de saúde, e que consentiram participar da pesquisa. Para coleta de dados, foi utilizado um instrumento contendo questões abertas inerentes ao objetivo proposto para a referida pesquisa. A identificação das plantas foi feita a partir da comparação das amostras das plantas com atlas de referência da literatura. Foram respeitados os aspectos éticos da Resolução No 196 de 10 de outubro de 1996, preconizada pelo Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após as entrevistas, os dados foram tabulados em planilha para facilitar sua análise. As plantas mais citadas e aquelas que possuem estudos científicos foram selecionadas para compor uma cartilha educativa como forma de devolver o conhecimento dos idosos para a comunidade. Na cartilha também foram incluídos capítulos sobre interação de plantas medicinais, plantas tóxicas e mandamentos para o bom uso das plantas medicinais. A cartilha foi arquivada na unidade da ESF e distribuída entre os Agentes Comunitários da Saúde e idosos que participaram da pesquisa.
RESULTADOS:
Foram entrevistados 12 idosos da comunidade. Um total de 55 plantas medicinais foram mencionadas, das quais as mais citadas foram: mastruz, boldo, colônia, hortelã, malva do reino e imburana. Juntas, estas plantas responderam por 31% de todas as citações. A maioria das indicações dos usos das plantas medicinais foi para problemas respiratórios (24%), seguido de inflamações (16%) e doenças do sistema nervoso (16%). Entre as mais citadas, apenas boldo, colônia e imburana possuem estudos científicos que confirmam o uso descrito nas entrevistas. De todas as espécies mencionadas, apenas 20% fazem parte da RDC 10 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que faz recomendações para o uso tradicional de plantas medicinais. Após a avaliação do uso, a equipe elaborou uma cartilha com as espécies mais citadas e aquelas que possuem algum estudo que comprove suas atividades. A cartilha possui 18 plantas medicinais e mais três capítulos informativos que tratam de interação de plantas medicinais com medicamentos, os dez mandamentos para o bom uso das plantas e plantas tóxicas. O material foi distribuído entre os Agentes Comunitários da Saúde para que estes atuem como multiplicadores do conhecimento e com os idosos participantes da pesquisa.
CONCLUSÃO:
Este trabalho conseguiu catalogar o conhecimento de 55 espécies de plantas medicinais utilizadas sozinhas ou em associação. Destas, foram selecionadas 18 para compor uma cartilha com informações sobre uso seguro, reações adversas e outras informações pertinentes. A cartilha foi distribuída entre os idosos e para os Agentes Comunitários da Saúde.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Idosos, Uso racional .